Música

David Guetta diz que pop tem poder de ajudar pessoas no mundo pós-coronavírus

DJ francês faz show via transmissão ao vivo para arrecadar fundos neste sábado

DJ David Guetta toca no "Sziget" Island Festival
DJ David Guetta toca no "Sziget" Island Festival - Attila Kisbenedek / AFP
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Maggy Donaldson
Nova York

O confinamento gerado pela pandemia do novo coronavírus levou à introspecção o titã da música eletrônica David Guetta, 52, que garante estar "extremamente inspirado" antes de um show beneficente marcado para este fim de semana, em Nova York.

Arquiteto-chave desse gênero, com forte influência no pop nas últimas décadas, o DJ francês fará, neste sábado (30), uma apresentação que será transmitida ao vivo de Nova York para arrecadar fundos para o combate à Covid-19. A localização exata é um segredo.

A "live" beneficiará várias organizações, incluindo o Fundo do Prefeito para o Avanço de Nova York, a Organização Mundial de Saúde (OMS) e uma fundação francesa que apoia hospitais. À AFP, Guetta contou fará um remix do famoso hit "Empire State of Mind", do rapper Jay-Z e Alicia Keys.

O evento acontece depois de outro, realizado recentemente no terraço de um prédio em Miami, e visto por cerca de 8.000 moradores de suas varandas e mais milhões on-line. O show arrecadou mais de US$ 750.000 para aliviar a crise causada pelo coronavírus.

Confira abaixo alguns trechos da entrevista de Guetta concedida à AFP. Desde março, o DJ está confinado com a namorada, em Miami.

Como você tem lidado com o confinamento?
Minha vida geralmente consiste em pegar aviões, ir de hotel em hotel, viajar para o próximo show. Isso me mostra o quão importante é, para a inspiração, simplesmente passar tempo com o teclado. Durante esse período, eu disse para mim mesmo: 'Ok, estou sozinho, posso dedicar um tempo para criar e tentar fazer algo novo'. Eu sou um dos sortudos. Não me preocupo com como vou me alimentar no próximo mês. Meu confinamento é em Miami. No momento, estou olhando para o oceano, de forma que não é tão ruim. Tenho tentado me aprofundar em mim mesmo. Fui muito abençoado pela vida e, talvez, não tenha retribuído o suficiente. Por isso, comecei a fazer [esses shows].

A pandemia atingiu o mundo da música com força. Como você acha que serão os shows ao vivo no futuro?Vai ser muito difícil para DJs... Não vou mentir. Não estou planejando trabalhar antes de 2021.

Nossos hits geralmente começam nas boates, nos festivais. Agora não há boates, não há festivais, como fazemos?
É o momento certo para se tornar um melhor produtor, trabalhar em casa, criar música. Estou criando este catálogo incrível e quando as coisas abrirem, estarei pronto.

Qual o papel da música na crise?
Sinto a necessidade de fazer mais pop... Em tempos de crise, as pessoas precisam se sentir bem, e a música tem esse poder. Meu maior sucesso como produtor foi provavelmente "I Got A Feeling" para o Black Eyed Peas, e foi durante a crise financeira. Foi em 2009 (...) O mundo estava passando por uma catástrofe, e uma música tão simples e feliz se tornou o maior sucesso da minha carreira. Eu gosto da onda techno escura, mas minha mente não está nisso agora.

A dance music eletrônica normalmente depende de multidões e da dança para criar uma atmosfera. Isso pode ser alcançado na era do distanciamento social?
[Meu show em abril em] Miami teve uma das atmosferas mais incríveis que eu já vi. As pessoas desejam entretenimento, interagir (...), algo que os humanos precisam tanto quanto comer e respirar. Quando entrei no meu carro para ir para casa (...) todo o bairro ainda estava gritando. Foi louco. Estas não são condições ideais, mas também é algo muito especial. Graças ao seu sucesso, agora estamos fazendo isso em Nova York, o que é incrível.

Como você acha que a pandemia está moldando o futuro da sociedade?
Minha esperança é que esta seja uma demonstração óbvia de que fronteiras, fronteiras sociais, raças, que tudo isso não significa nada. A realidade é que somos iguais diante desta doença. Espero que não seja o contrário (...), que as pessoas vivam mais confinadas, com medo de outras pessoas.

AFP
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