Natiruts renasce em novo disco com Gilberto Gil e Thiaguinho; banda terá DVD em Buenos Aires
"I Love" é repleto de parcerias e músicas que prometem ser sucesso
A banda Natiruts começa o ano em novos ares com disco que tem Gilberto Gil e faixas inspiradas. Após a pouca repercussão do último “Índigo Cristal” (2017), o grupo lança "I Love" que promete lançar revelar sucessos. Ídolos na América Latina, os músicos já marcaram a gravação de um DVD em setembro, em Buenos Aires.
"Fazia oito anos que não lançávamos nada, e como principal compositor da banda, na época do ‘Índigo Cristal’ eu senti a pressão de ter de fazer canções que soassem bem depois de tanto tempo”, afirma o vocalista Alexandre Carlo.
Criada na década de 1990, a banda Natiruts pegou a onda reggae que teve naquela época, ao lado de grupos como Cidade Negra, e se manteve firme ao longo dos anos 2000, com sucessos como “Liberdade Pra Dentro Da Cabeça”, “O Carcará E A Rosa”, “Andei Só” e “Quero Ser Feliz Também”.
Só agora a banda conquistou seu estúdio próprio que deu a eles liberdade e tempo para fazer novos experimentos e construir letras e melodias com mais calma. “Esse disco saiu bem mais leve por causa disso. Com um estúdio alugado, a gente tem o tempo contado para fazer dar certo”, afirma o cantor.
Duas músicas já têm videoclipes, “Serei Luz”, parceria com a cantor Thiaguinho, e “Xaxado do Amor”. “Verde do Mar de Angola”, um dos destaques do disco, é composição da banda com tem a participação de Gilberto Gil. “Ele é um dos percussores do reggae no Brasil, por isso é a realização de um sonho”, conta Alexandre Carlo.
A banda conheceu Gil na gravação do DVD Reggae Brasil, em Salvador, em 2015. Mas a conversa só rolou nos bastidores do Multishow, quando eles participaram do programa “Música Boa Ao Vivo”. “Mostramos a música, e ele disse que era uma canção bem ‘africaninha’ e curtiu. Escolhemos essa para o Gil porque foi ele que inseriu a cultura afro na música brasileira”, afirma o músico.
Duas bandas estrangeiras de reggae também dão gás ao disco. “Mergulhei nos Seus Olhos” tem a participação da banda neozelandesa Kacthafire, e “I Love”, que dá título ao álbum revela a vozes do grupo americano Morgan Heritage.
“O Morgan é um grupo vocal formado por irmãos que canta junto desde sempre. Não escolhemos eles porque a banda é roots ou rastafari, comum no meio reggae, mas pela qualidade musical e talento deles”, conta Carlo. “Já Katchafire é da Nova Zelândia, muito conhecida na região do Pacífico, e os conhecemos nas nossas viagens por lá. Eles têm muitos fãs, são aclamados na África, de ter gente esperando no aeroporto”, revela o músico.
Aclamados no Chile, Argentina, Paraguai e Uruguai, o Natiruts quer fazer uma homenagem a esses fãs com a gravação de um DVD. “Antes, a gente pensava que ia ficar tocando nesses lugares como uma banda underground, mas acabou que o público é muito parecido com o do Brasil. Escolhemos o Luna Park na Argentina, porque é um lugar que serve de marco para bandas que passam por lá”, explica Alexandre. Os shows já estão marcados para 13 e 14 de setembro.
Mesmo com fãs latinos, a banda não pensa em investir em canções em espanhol. “Já fizemos algumas versões, mas descobrimos que eles gostam mesmo é do nosso sotaque brasileiro”.
Se os gêneros em alta no Brasil são o sertanejo e o funk, o reggae não perde sua tradição. Em novembro do ano passado, o reggae jamaicano entrou na lista de Patrimônio Imaterial da Unesco. Para Carlo, o reconhecimento chegou tarde. “O reggae tem a mesma idade do rock, que já foi reconhecido há muito mais tempo. Mas é isso que acontece com a cultura que vem de um país de terceiro mundo. É legal, bom que rolou, mas não podemos deixar de lembra desse ponto”, avalia o músico.
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