Música

Pianista brasileiro que tocou com Madonna faz sucesso em Lisboa

João Ventura foi fazer doutorado, e acabou conhecendo a cantora lá

O pianista João Ventura em uma praça lisboeta
O pianista João Ventura em uma praça lisboeta - Adriana Niemeyer
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Descrição de chapéu RFI
Adriana Niemeyer
Lisboa

Até o ano de 2015, o pianista sergipano João Ventura, 32, nunca tinha saído do Brasil. Foi aí que ele teve a oportunidade de ir para Portugal fazer um doutorado na Universidade Nova de Lisboa, sem imaginar que sua vida iria mudar radicalmente. Considerado um músico excepcional, apadrinhado por Toquinho, ele foi convidado por Madonna para acompanhá-la no último MET Gala, a famosa noite de gala do Metropolitan Museum of Art de Nova York.

João Ventura tem um denso material de áudio e vídeo, que é o pilar de sua tese: seus famosos “Contrapontos”, que confrontam clássicos da música erudita com a música popular. O material enviado foi aceito pela Universidade Nova de Lisboa, que não exigiu um projeto escrito, e assim começou a aventura do músico na Europa, onde tem feito vários concertos e cativado o público.

Foi justamente o seu “Contraponto 5”, em que confronta a Sonata ao Luar, de L.V.Beethoven, com Insensatez, de Tom Jobim e Vinícius de Moraes, que chamou a atenção da cantora Madonna no boêmio Tejo Bar, de Lisboa. O encontro inesperado acabou gerando um convite da diva pop para acompanhá-la no Met Gala.

O impacto comercial da apresentação na sua carreira certamente foi muito importante e lhe deu uma fama inesperada. “Toda a preparação do evento com Madonna, que começou um mês antes do concerto, fez com que eu trabalhasse muito, maximizando a minha capacidade, uma capacidade que nem eu mesmo sabia que tinha. Geralmente, demoro um mês para fazer um “Contraponto” enquanto que, para ela, consegui fazer seis ‘Contrapontos’ em dez dias”. A experiência demonstrou que ele pode superar qualquer desafio em termos musicais.

CONTRAPONTOS

João estudou piano clássico, porém, sempre esteve atento às expressões musicais populares. Em 2011, começou uma experiência a partir de uma vivência pessoal: “Na academia sempre diziam que a música erudita não se misturava com a popular, mas na minha cabeça elas se misturavam todo o tempo. Sempre que eu ia estudar a peça do “Estudo Revolucionário do Chopin” vinha na minha cabeça a música “I still love you”, do Scorpions”.

Mesmo assim, ele confessa que “se reprimia” por ter sido educado numa escola musical clássica. “Tudo foi ficando cada vez mais forte dentro de mim, e acabei entendendo que o meu coração musical queria me dizer alguma coisa”.

O objetivo é fazer muitos concertos internacionais com seus Contrapontos, que têm chamado a atenção de muitos músicos renomados, que veem nos seus acordes uma sonoridade única. “É um projeto que é a história da minha musicalidade porque eu sou esse contraponto entre o erudito e o popular. Na música e na vida”, afirma.

 

AMAR LISBOA, AMAR O FADO

O sergipano não mede palavras ao declarar seu amor por Lisboa. Como artista, frequenta muito a cena musical da cidade e cita alguns lugares de predileção: “O Tejo Bar, onde vários talentos se reúnem nas madrugadas, as casas de fado de Alfama como a Mesa de Frades e o fado vadio da Tasca do Chico, o espaço cultural Espelho d’Agua, na beira do Rio Tejo, que além de ter uma vista única apoia muito a cultura… tudo aqui é mágico, eu amo Lisboa a tal ponto que nem sei dizer o que não gosto daqui”, ele diz, sorrindo.

E é justamente a maior expressão musical de Portugal, o fado, que tem inspirado João para novos desafios. Ele está começando um trabalho com a jovem cantora Filipa Vieira, com quem tenta aprimorar uma linguagem pianística, mas à sua maneira, sempre no mesmo espírito do contraponto com o erudito ou com algumas vertentes da música erudita. “Meu trabalho está agora indo por esse caminho, a comunicação entre João Ventura e o fado”, conclui o pianista.

RFI
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