Mundo 'acaba' nublado, mas tem festa e abraço coletivo em pirâmide
Entre 100 mil e 150 mil pessoas compareceram ao "último dia"da humanidade nesta sexta-feira às ruínas arqueológicas Chichén Itzá, cidade a cerca de 2h30 de Cancun que abrigou até o ano 300 d.C. a última capital da civilização maia.
Os dados foram estimados pela administração do parque que abriga as ruínas, porém com a ressalva que não haviam números fechados até o final da tarde.
A sexta-feira marcou o solstício de inverno no hemisfério norte e também o fim de um ciclo segundo interpretação de um antigo calendário maia encontrado por especialistas no final da década de 40, no México. Uma errática interpretação do calendário dizia que o dia 21 de dezembro seria o último dia da Terra. Não foi, mas os congestionamentos nas vias em volta de Chichén Itzá foram literalmente de matar.
O dia amanheceu nublado ou chuvoso em boa parte do México. O tempo ruim, que incluiu fortes rajadas de vento desde a manhã, provavelmente afugentaram boa parte do público. Mesmo assim, embora com número de visitantes bem abaixo do esperado, a espera nas duas filas de ingressos chegava a duas horas.
Vale dizer que são duas filas para dois ingressos diferentes: um com renda revertida para o governo federal, o outro para o parque (e o Estado de Yucatán). O visitante só entra se pegar duas filas e pagar os dois ingressos, com gasto total por volta de US$ 15 (R$ 32).
ABRAÇO NA PIRÂMIDE
Por volta das 12h, milhares de pessoas em volta da pirâmide foram organizadas por um hippie que as incentivava a dar as mãos e completar um abraço coletivo na principal construção de Chichén Itzá. As pessoas obedeceram e formaram um imenso abraço coletivo na pirâmide. Coincidentemente, quando todos levantaram os braços para fazer uma "ola", uma pequena águia sobrevoou o imenso círculo e emitiu um forte "grito". O fato causou alvoroço nos místicos presentes.
"Mira! Mira! Una aguilita!" (Veja! Veja! Uma aguiazinha!), gritavam uns aos outros durante a "entrada" triunfal da ave, que, embora bem menor, fez sucesso por também fazer parte da família da famosa águia que está desenhada na bandeira do México.
NUVENS NEGRAS E MESQUINHEZ
Se por um lado a pequena águia foi ovacionada, as pessoas acabaram decepcionadas com as condições climáticas. Embora tenham ocorrido pequenos períodos com abertura de sol, a maior parte da manhã e da tarde tiveram pesadas e escuras nuvens pairando sobre o sítio arqueológico.
Outro motivo de decepção foi o fato de o parque fechar pontualmente às 16h30, o que impediria, de qualquer forma, os visitantes de terem a chance de ver o fenômeno do solstício, que é a aparição da sombra da "serpente emplumada"em um dos quatro lados da pirâmide. O evento, caso pudesse ser visível, só ocorreria por volta das 18h. Às 16h15, porém, a administração do parque já impediu novos visitantes de entrar, e começava a mandar embora todos que estavam do lado de dentro. Ou seja, ninguém teria o direito de ver o momento mais importante do dia.
Aparentemente, segundo o F5 apurou junto a funcionários do parque que pediram para não se identificar, a ideia dos governos de Yucatán e do México com isso é impedir que o fenômeno se torne algo "popular" demais --leia-se com excesso de registros em foto e vídeo. Isso, supostamente, tornaria o evento mais raro e valioso (do ponto de vista turístico). Ok, mas, segundo o famoso calendário maia que deu origem à inexistente profecia de que hoje seria o apocalipse, outro dia como esta sexta-feira 21 só ocorrerá dentro de 5.125 anos.
Então, palmas para os maias e vaias para os mexicanos.
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