Graças à subvenção estatal, França se torna polo produtor de videogames
Começou nesta quarta-feira (1°) a oitava edição da Paris Games Week, um dos maiores eventos sobre o universo dos videogames do mundo, o segundo da Europa. O evento é organizado pelo Sindicato dos Desenvolvedores de Softwares de Lazer (SELL), na sigla em francês.
Emmanuel Martin, secretário-geral do SELL, organizadora da Paris Games Week, conta as expectativas para o setor este ano. É um grande ano para os games. É um ano excepcional, porque dois consoles são lançados: um em março, o Nintendo Switch, e um em novembro, logo após a PGW, o Xbox One X, da Microsoft, que o público vai poder jogar já no evento.
Esperamos um crescimento de 15% para este ano. Hoje, o setor representa um orçamento de 3,46 bilhões de euros (cerca de R$ 13 bilhões). O mercado é grande na França, país onde 52% da população diz jogar videogames.
A média de idade dos jogadores passou de 21 para 34 anos, entre 1999 e 2016, e o número de mulheres jogadoras também vem aumentando consideravelmente, passou de 20% do total de jogadores para 47% atualmente.
Mas a participação feminina na produção ainda é insuficiente, é o que aponta a presidente do SELL, diretora-geral da empresa de criação Bethesda e cofundadora da associação Women in Games, Julie Chalmette.
A participação feminina na criação de videogames é claramente insuficiente. As mulheres são apenas 14 ou 15% no estúdio, o que é paradoxal, porque a gente pensa que o videogame é um lazer masculino e não é mesmo. Hoje em dia as mulheres representam 47% dos jogadores.
Então, seria interessante que as mulheres investissem mais na criação dos jogos e para isso é importante que elas conheçam o processo; saibam quais são as carreiras ligadas a isso e como elas podem entrar, avalia Chalmette.
A França é o segundo ou terceiro mercado na Europa, atrás da Alemanha e do Reino Unido. Em termos de produção, a França ocupa um lugar de destaque no mundo, por várias razoes: temos uma ligação histórica com os videogames, estamos entre os países que dispõem das melhores formações do mundo e temos também uma grande tradição de engenheiros e criadores, o que torna o mercado de criação na França muito dinâmico.
A França conta com a Ubisoft, a terceira maior empresa desenvolvedora de videogames do mundo e com a ajuda do Estado, que faz da França atualmente um país dos mais atrativos no mundo para a produção de jogos.
Hoje, se você produz games na França, você pode se beneficiar de muitos mecanismos de subvenção estatal: um fundo de ajuda para games, para incentivar os primeiros projetos, a fase de escrita, um crédito de imposto de games, que reembolsa em forma de crédito de imposto até 30% do valor. É o melhor mecanismo na Europa e o segundo melhor do mundo; fica atrás apenas do Canadá, explica Martin.
Segundo Martin, os consoles ainda lideram os negócios, com 63% do mercado, seguidos dos jogos para PC, com 29% e dos jogos de celular, com 8%. Dentro da modalidade de jogos para PC, destaca-se o e-sport, que, de tão afamado; chegou a ser citado pelo copresidente do comitê olímpico Paris 2024, Tony Estanguet, como provável modalidade olímpica.
O e-sport nos Jogos Olímpicos é um reconhecimento magnífico. O e-sport é paradoxal, pois economicamente ainda é pequeno, representa apenas umas dezenas de milhões de euros, mas experimenta um grande crescimento. O ponto é que ele é midiático, tornou-se um espetáculo de audiência massiva. É o paradoxo deste fenômeno, que é economicamente pequeno, mas esta se desenvolvendo muito rapidamente, disse Martin.
Para este ano, a Paris Games Week apresenta lançamentos para o final do ano e mostra as tendências do universo dos games no mundo. No ano passado; tivemos 310 mil pessoas e este ano esperamos 320 ou 325 mil. Qualquer que seja o seu gosto ou nível de jogo, o mundo dos games hoje oferece uma palheta de experiencias tão distintas que podem satisfazer a todo mundo.
Nossa ideia é de fazer a mais bela festa possível. Para além dos números, esperamos que todo mundo passe um belo dia no nosso evento, que é uma bela vitrine para os games, diz ele, contando que os blockbusters deste ano são "Super Mario Odyssey", Call of Duty WW2 e Assasins Creed Origins.
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