Eu estava esperando uma hecatombe. Um tsunami. Um maremoto. Um armagedom.

Um monte de "profetas do Apocalipse" havia me prometido a Copa do Caos, mas não entregaram a mercadoria. Maior decepção. Pior do que isso: eles deram motivo pro o governo recomeçar o irritante mimimi.

"Cadê o caos?! Eu quero caos! Eu quero caos! Caos! Caos! Caos!", exigem "dilmeiros" (dilmistas blogueiros) e "lulooks" (lulistas de Facebook).

Calma, minha gente.

Vocês podem até reclamar no Procon, mas profetas do Apocalipse nunca entregam o que prometem. Eles garantem mundos e fundos (e até mundos sem fundos), mas na hora do vamos ver, nada. Parecem esses políticos que anunciam trem bala SãoPaulo-Rio e depois se fingem de mortos.

Veja os maias, por exemplo. A civilização pré-colombiana tinha até data marcada pro mundo acabar: 21 de dezembro de 2012. Animado, o planeta ficou à espera que o céu explodisse, a terra se abrisse, o mar subisse e o Michel Teló gravasse outra tolice. Todo mundo amarradão esperando a danação. Só que não.

Já tem quase dois anos e nenhum asteroide caiu na Terra. Os maias vieram com uma conversa mole sobre "ciclos" e saíram de fininho da sala. No entanto, nenhum "tuiticional" (tuiteiro institucional) saiu xingando os maias de "coxinhas-pré-colombianos" ou de "reacionários-que-apostaram-no-caos". E bem que os tratantes mereciam.

Os maias, entretanto, não foram os únicos a pisar no tomate do armagedom. Outro profeta do Apocalipse que nunca entregou a prometido é Nostradamus. No século 16, o maluquete francês Michel de Notredame, conhecido na night como Nostradamus, garantiu a vinda do Grande Rei de Terror pra tocar o terror no mundo. Estamos esperando até hoje.

A desculpa do Nostradamus é a linguagem viajandona que permite inúmeras interpretações, feito texto do Emir Sader.

Tipo assim: "E a grande serpente furta-cor flutuará no céu com bilhões de batalhões bizantinos armados de mil bacamartes com mil bocas e... peraí que tá passando a onda. Vou ali fora e já volto."

Isso possibilita que ele sempre acerte alguma coisa, pois a "grande serpente" é direitinho o Osama Bin Laden. Ou o George W. Bush. Ou um enxame de marimbondos. Tanto faz.

No entanto, o principal profeta do Apocalipse —o mais elite branca!— é o apóstolo João. Aquele da Bíblia. Ele profetizou uma superprodução de deixar o James Cameron morto de inveja. Era para ter besta de sete cabeças, dragão, anticristo, anjo tocando trombeta, leviatã, morte, peste, guerra, fome e, pra terminar em grande estilo, zumbis.

Faz dois mil anos isso. Dois mil anos. Você vê algum "bolsista" (blogueiro progressista) reclamando que o caos era propaganda enganosa? Não, né?

Mas aí até que faz sentido porque Bíblia é o livro mais lulista que existe. Logo de cara, Adão e Eva perdem o Bolsa-Família e viram sem-teto só porque decidem dar ouvidos à oposição...

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EDSON ARAN é autor de seis livros. O mais recente, "O amor é outra coisa" (Jardim dos Livros), fala sobre o sentido da vida e tem mais de duzentos pensamentos cretinos. Também é roteirista. Seu site é o www.sitedoaran.com.br