Factoides

HUMOR: Entrevista exclusiva com a trave que salvou o Brasil

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Foi uma partida sofrida. Mas, ao final, o Brasil eliminou o Chile da Copa por 3 a 2 (Chupaaaa, pinochentos!).

A seleção brilhou, mas o maior jogador em campo foi a trave, que defendeu brilhantemente duas bolas, uma delas na cobrança de pênaltis.

Para celebrar este momento lindo, fui conversar com o craque-revelação dessa partida. Com vocês... a trave!

Crédito: Edson Aran


Você foi apontado como o melhor jogador na partida contra o Chile. E aí, muita emoção?
Olha, eu agradeço muito ao povo brasileiro por esse carinho, mas futebol são dozes contra dozes: onze no campo e mais a trave. É um jogo de equipe e a gente não pode se esquecer do esquema tático do professor Felipão...

Por falar nisso, como é a relação com o Felipão?
Ah, ele é como um pai pra mim. Eu queria jogar no ataque, mas ele falou: "Trave no ataque faz menos sentido que a convocação do Fred! Seu lugar é na zaga!". Ele estava certo porque eu jamais seria um Neymar... mas já virei um Hulk! A única diferença é que eu jogo melhor...

Você acha que o Hulk vai gostar dessas suas considerações?
Ah, tudo bem, nós somos amigos. De vez em quando ele fica puto e fala "Hulk esmaga! Hulk esmaga!", mas depois ele manda beijinho no ombro pro recalque passar longe e fica tudo certo...

O técnico do Chile disse que você recebeu uma bolada da Fifa e da Dilma pra não deixar as bolas entrarem. O que você tem a dizer sobre isso?
Eu fico muito triste! Triste e indignado! Eu ralei muito pra chegar até aqui. Comecei ainda pequenininho como trave de futebol de botão, depois fui trave em jogo de várzea, trave na série B... olha, quando não tinha emprego, trabalhei até como rede de futevôlei! Você acha que é fácil ficar debaixo daquele sol escutando o Romário falar "aí, peische, olha shó aquela gata ali... sherá que é transex?". É difícil, viu. Se hoje eu estou na Seleção é porque se dediquei muito. Além disso, aquele juiz inglês sem-vergonha e desclassificado jogou pro Chile, como todo mundo viu...

Outra coisa: muita gente critica os investimentos que o Brasil fez em estádios, quando poderia ter construído mais hospitais. O que você acha disso?
Eu acho que a crítica faz sentido, mas o povo brasileiro precisa entender que é muito difícil jogar futebol dentro de um hospital. Tem muita gente doente pelo meio e o jogador pode até tropeçar numa cadeira-de-rodas e se esborrachar no chão. E se for hospital do SUS é pior ainda. Você tem que pegar uma senha e ficar esperando um ano para entrar em campo. Quer dizer, jogo tem que ser em estádio mesmo...

O que você acha dos Black Blocs que saem por aí quebrando tudo para demonstrar revoltinha contra a Copa?
Sou contra. Isso não leva a nada. Outro dia eles arrebentaram um primo meu que era orelhão no centro de São Paulo. Meu primo nunca fez mal a ninguém! A única coisa que ele fazia era ligação! Se ainda fosse pra quebrar radar de velocidade, tudo bem... mas orelhão?!

E o futuro? Você pretende aproveitar a fama para se candidatar a algum cargo público?
Não, de jeito nenhum! Meu negócio é futebol. Eu sei que brasileiro gosta de votar em poste... até já colocou um na presidência da República e outro na prefeitura de São Paulo. Mas eu sou trave, não sou poste. Eu não saberia ficar parado num lugar sem fazer nada. Eu quero ser reconhecido pelo meu trabalho...

O Galvão Bueno até já inventou um bordão para você. "Vai que é sua, traveeeee!". Você gostou?
Desculpe a sinceridade, mas eu e a Seleção só assistimos aos jogos pela Band. O Galvão é chato pra cacete e o Casagrande só sabe cornetar o esquema tático. Já do Ronaldo, eu gosto muito. Sou fã dele. A única coisa que me irrita é aquela voz de Pato Donald...

Obrigado, trave. Quer dizer mais alguma coisa?
Olha, eu quero deixar uma mensagem para o povo brasileiro: se depender de mim, o Brasil vai ser campeão do mundo e trazer muita alegria para esse povo tão sofrido e mal pago. Também queria dizer que eu tenho muita fé na Grande Trave lá do céu, que sempre me protegeu muito, mesmo quando eu estava na pior na série B defendendo gol da Ponte Petra. E também queria mandar um beijo pra minha namorada que trabalha como coluna neoclássica na novela das nove. Momô, te amo! Vai, Brasil!


EDSON ARAN é autor de seis livros. O mais recente, "O amor é outra coisa" (Jardim dos Livros), fala sobre o sentido da vida e tem mais de duzentos pensamentos cretinos. Também é roteirista. Seu site é o www.sitedoaran.com.br

Final do conteúdo
  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Comentários

Ver todos os comentários Comentar esta reportagem

Últimas Notícias