Estilo

Mangas bufantes: Entenda a tendência dos tapetes vermelhos que tem conquistado as brasileiras

Peça é marca registrada da cantora Duda Beat

A empresária Natalia Fialho, 30, tem várias peças com mangas bufantes em seu guarda-roupa

A empresária Natalia Fialho, 30, tem várias peças com mangas bufantes em seu guarda-roupa Rubens Cavallari/Folhapress

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São Paulo

"Quando eu coloco uma manga bufante me sinto poderosa", diz a empresária carioca Natalia Fialho, 30, declaradamente apaixonada por mangas bufantes, tendência essa que tem se destacado no mundo da moda e, mais recentemente, no guarda-roupa das mulheres.

A empresária afirma que a sua experiência com o estilo é a mais variada possível. "Tenho casaco, cropped, blazer, vestido, diferentes peças com mangas bufantes", diz Fialho, criadora da empresa Cool.Lab e que se considera amante da moda dos anos 1980.

​Pedro Diniz, jornalista especialista em moda, afirma que a tendência tem como principal estética o romantismo do século 19, mas também reaparece em 1980. "A moda vai revisitando séculos passados e em 2017, especificadamente, as grandes grifes como Dior e Balmain começaram a olhar de novo com mais atenção para os ombros."

Professor da Faculdade Santa Marcelina, Márcio Banfi, diz que a necessidade dos excessos, como no caso das mangas, normalmente aparece na sequência de uma "época mais minimalista e melancólica." "Sempre vem uma tendência para rebater outra. Nesse caso, tivemos um momento mais sexy, até meio antigo, que acabou ficando um pouco sem graça", explica o acadêmico. 

Para Banfi, o reaparecimento das mangas bufantes é uma resposta do momento em que estamos vivendo, que ele define como "menos óbvio". "As pessoas voltam a tentar se destacar, se arriscar mais. A roupa está voltando a ter um conceito."

Natalia Fialho ​não pensa diferente. A empresária prefere deixar o básico de lado para se destacar em qualquer lugar que vá. "Gosto de ter uma coisa no look que chame muita atenção. Misturo o estilo clássico com alguma coisa diferente, como as mangas bufantes. Gosto mesmo de sair de casa e receber perguntas de onde comprei."​

Rendadas, transparentes ou plissadas, as mangas são usadas de diferentes formas pelas celebridades. Já é possível ver a influência das mangas bufantes nos tapetes vermelhos –no Globo de Ouro, em janeiro deste ano, Beyoncé, Dakota Farning e Olivia Colman apostaram na tendência que promete se manter em alta até 2021, na opinião Diniz. 

No Brasil, as atrizes Deborah Secco e Carolina Kasting optaram por esse modelito no lançamento da novela "Salve-se Quem Puder" (Globo), que acontceu no Rio de Janeiro há duas semanas. 

"Basta ver pelas famosas que pega", diz Banfi, que também garante a permanência das mangas bufantes pelo menos até as coleções de inverno de 2020. O professor de produção de moda conta que hoje em dia os "detalhes específicos" estão tomando o foco. 

"As marcas estão apostando nos detalhes menos abrangentes. Uma camisa com manga bufante é a mesma coisa que falar: 'aquela camisa que está na moda agora'. E é só mais um detalhe", explica Banfi. Vinda de fora, a tendência tem cada vez mais conquistado as brasileiras.

De acordo com Diniz, assim como toda tendência ou estilo que chega ao Brasil, as mangas bufantes se adaptaram ao gosto das mulheres. "Por temos um clima diferente algumas coisas não se encaixam. As mulheres gostam mais de cintura, então muito volume é mais complexo de entrar. Mas o ombro, a manga, sim", explica o especialista.

Apesar de não definir como algo incômodo, Fialho diz que as mangas "não são exatamente práticas." "A gente tem que escolher o que a gente quer. Para mim, por exemplo, o conforto e a praticidade não são as coisas mais importantes."

Com várias adaptações, as lojas chamadas de "fast fashion" também apostam nessa tendência. Fialho afirma que encontrar mangas bufantes não é uma dificuldade se você está disposto a adotar o estilo. 

QUALQUER UM PODE USAR

A estética romântica, que por sua vez é uma das características das mangas, ainda não exclui totalmente outras tendências como as roupas mais justas, curtas e decotadas. Para Diniz, essas nunca vão deixar de existir no guarda-roupa das brasileiras. 

As mangas bufantes podem aparecer de diferentes formas, inclusive, algumas vezes exageradas. Um medo comum de alguém que talvez queira investir na tendência mas ao mesmo tempo sente receio de extrapolar a dose.

Apesar de não fazer o tipo de quem "dita regras fashion", Márcio Banfi acredita que é preciso ter muito estilo para usar algo exagerado. "Acho difícil que essa manga bufante especificamente volte", afirma ele, ao relembrar os anos 1980, marcados também pelas ombreiras. 

Na visão do professor, a moda está cada vez mais abrangente e deixando "comportamentos tóxicos e compulsivos" de lado, como se vestir para alguém ou seguir uma tendência para "estar dentro da moda, apenas." 

Para ele, cada um interpreta a tendência de um jeito diferente. "Sou do tipo que acredita que pode tudo desde que tenha bom senso", explica Banfi.  "A sensualidade não está na roupa e, sim, na atitude, e também cada um considera algo diferente como sexy", completa.

Apesar de se sentir poderosa, Natalia Fialho afirma que a tendência das mangas por si só não é o que empodera. "Você se sentir bem com o que você está usando e passar isso para as pessoas faz com você seja poderosa".

DUDA BEAT - AMANTE DAS MANGAS BUFANTES

Amante de moda, a cantora pernambucana Duda Beat, 32, prefere o estilo mais exagerado das mangas bufantes.  "Minha década favorita da moda é os anos 1980. Adoro aquele drama e exagero que vem desse período. Daí também que vem a minha história com as mangas bufantes, que são românticas e dramáticas bem como eu sou nas minhas canções."

A artista, que ganhou fama nacional em 2018 com o hit "Bixinho", afirma que o estilo veste bem e traz um elemento romântico muito peculiar de seu gosto. "Eu defendo que a gente use a moda para se divertir e se expressar. Não gosto desse outro lado pesado e cheio de regras, padrões inalcançáveis e tendências que mudam toda hora."

"Eu uso a moda de uma forma bem livre e permissiva. É uma forma importante de colocar “para fora” as referências que eu carrego comigo e me fazem que eu sou", completa a cantora. 

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