Diversão

Musical conta as diferentes personalidades da cantora Elza Soares

Espetáculo fica em cartaz até 18 de novembro no Sesc Pinheiros

Larissa Luz, Janamo, Julia Dias, Khrystal, Veronica Bonfim, Nivea Magno e Késia Estácio no musicla Elza Soares
Elenco do musical "Elza", em cartaz no Sesc Pinheiros - Leo Aversa/Divulgação
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Descrição de chapéu Agora
Leandro Vieira
São Paulo

Elza Soares não é uma mulher só: a cantora carioca é um mosaico de forças e expressões artísticas, o que fica evidente no musical “Elza”, que acaba de chegar a São Paulo depois de uma temporada no Rio de Janeiro.

"Nem acredito que vivi tudo isso, é uma loucura! É uma vida contada por meninas maravilhosas, todas excelentes atrizes e cantoras", afirmou Elza.  O espetáculo será apresentada no Sesc Pinheiros, na zona oeste da cidade, e se estende até 18 de novembro. 

Com texto de Vinícius Calderoni e direção de Duda Maia, o espetáculo passa pelos principais episódios da vida de Elza, que enfrentou períodos difíceis, mas também muitos outros momentos de estrelato.

“É um jeito de mostrar como Elza era multifacetada”, explica a atriz Larissa Luz, que contracena ainda com Janamô, Júlia Tizumba, Késia Estácio, Khrystal, Laís Lacorte e Verônica Bonfim. Todas as atrizes incorporam o papel da cantora na peça.

Para a diretora Duda Maia, Elza é uma mulher dura na queda. "Mesmo com todos os problemas que enfrentou, sempre afirmou que teve uma vida boa. Então, ressaltamos esse aspecto."

São as próprias atrizes, também, que dão vida a homens importantes da trajetória de Elza. Entre eles, o compositor e apresentador Ary Barroso (1903-1964), em cujo programa a artista surgiu para o mundo da música, e o jogador de futebol Mané Garrincha (1933-1983), com quem ela foi casada.

Mesmo que "Elza" conte algumas das tragédias e tristezas da vida da cantora, o musical não é triste. "É uma história densa, com diversas perdas e sofrimentos. Mas a mensagem que fica é a de vitória. Quem assiste à peça fica com vontade de reconstruir e de sacudir a vida, de levantar a poeira e dar a volta por cima”, afirma Larissa.

Em meio ao repertório, estão clássicos da MPB em sua voz, como “Lama”, “O Meu Guri” e “A Carne”. Também não poderia faltar “Se Acaso Você Chegasse”, composição do gaúcho Lupicínio Rodrigues (1914-1974) que virou uma interpretação marcante da carreira da cantora.

O espetáculo ainda adquire um tom político. “Esse texto também é veículo de denúncias. Fala de violência, de racismo, de machismo e de diferentes tipos de injustiça”, observa Larissa.

O musical “Elza” também só tem mulheres em sua banda. “Como ele tem essa estética feminina muito forte, achei que um grupo com homens atrapalharia. E ressaltamos a qualidade das musicistas brasileiras”, diz Maia.

O conjunto é formado por Renata Montanari (violões, cavaquinho e voz), Georgia Camara (bateria e percussão), Guta Menezes e Grazi Pizani (trompete, flugelhorn e gaita), Marfa Kourakina (baixo), Neila Kadhí (programações, pandeiro, guitarra e voz) e Lis de Carvalho (teclado, sanfona, escaleta e voz).

​VIDA REÚNE PERDAS E CONSAGRAÇÕES

A cantora Elza Soares passou por altos e baixos em sua jornada. Tanto sua vida pessoal quanto sua trajetória profissional foram marcadas por perdas e ganhos. Nascida em Padre Miguel e criada em Água Santa, ambos os locais situados no subúrbio do Rio de Janeiro, ela teve uma infância pobre.

Passou fome e, em diversos momentos, não tinha o que vestir. Aos 12 anos, casou-se com um amigo de seu pai, e aos 13 teve o primeiro filho. Aos 15 anos, sentiu a pobreza ainda mais pungente em sua vida, quando um de seus filhos morreu de fome.

Aos 21 anos, já com cinco filhos, ficou viúva após o seu marido morrer de tuberculose. Mas a vida lhe deu oportunidade de virar o jogo, e consagrar-se como cantora. Nos anos 1960, conheceu o jogador Mané Garrincha (1933-1983), com quem teve um casamento de amor e sofrimento —ele, alcoólatra.

Sua carreira, porém, foi produtiva. Gravou 34 discos e fez parcerias com grandes nomes da música nacional e internacional. Em 1999, foi eleita pela emissora britânica BBC como a melhor cantora brasileira do milênio. Hoje, está em alta.

"Elza"

  • Quando De qui. a sáb., às 21h; e dom. e fer., às 18h. Até 18/11
  • Onde Sesc Pinheiros (r. Pais Leme, 195, Pinheiros)
  • Preço R$ 50
  • Classificação 14 anos
  • Tel. 3095-9400
  • Capacidade 1.010

Voz da cantora está em comédia

A cantora Elza Soares também é a homenageada em outra peça atual: a comédia “Corta!”, que estreia neste sábado (20) no Teatro Folha, em São Paulo. A voz da artista surge em off como sendo da mãe de Beto (Beto Carramanhos), um cabeleireiro boa-vida.

Na trama, ele ignora a vida dura que leva sua funcionária Celeste (Dadá Coelho), moradora de Itaquera (zona leste). Suas diferentes realidades, então, passam a ser confrontadas. Mesmo com os conselhos da mãe, Beto não se cansa de ser um desvairado.

“O público ri bastante, sim, mas o centro da peça é falar da luta de classes que há tanto tempo existe no mundo”, explica Dadá Coelho.

Alguém da plateia ainda poderá participar ativamente de “Corta!”: o ator Carramanhos aproveita sua experiência em salões de beleza para cortar, ao vivo, o cabelo de algum espectador.

"Corta!"

  • Quando Sáb. e dom., às 20h. Até 16/12
  • Onde Teatro Folha (av. Higienópolis, 618, Shopping Pátio Higienópolis)
  • Preço R$ 70
  • Classificação 12 anos
  • Tel. 3823-2323
  • Capacidade 305 lugares
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