Marcos Mion se apossa do Caldeirão com a energia que faltava nas tardes de sábado
Boa estreia do apresentador aumenta o desafio que Huck terá no domingo
Marcos Mion desperta de um sonho, sentado num sofá. Quem o chama de volta à realidade é Ana Furtado. Peraí, o novo Caldeirão nem começou e Mion já está sendo substituído pela senhora Boninho?
Não. Ao lado do novo funcionário da Globo também surge Tiago Leifert. É curioso ver, num mesmo enquadramento de câmera, o apresentador do BBB e o ex-apresentador de A Fazenda. As coisas mudam!
Mudam mesmo. O Caldeirão agora é, sem sombra de dúvida, de Marcos Mion. Mesmo que seu nome não apareça no título – que não tem o complemento “com Mion”, como chegou a ser divulgado – ele já se apossou do antigo programa de Luciano Huck.
É chato ter que comparar, mas é inevitável. Marcos Mion trouxe um jorro de energia para as tardes de sábado da Globo. Seu entusiasmo por estar contratado pela emissora, sua rapidez de pensamento, sua pieguice quando fala de sua família e de suas conquistas pessoais: tudo isto fez com que o Caldeirão entrasse em ebulição. Ou Caldeirola, como o próprio Mion apelidou a atração.
O primeiro bloco, mais curto do que o esperado, foi gasto numa rápida retrospectiva da carreira do anfitrião, com direito a apenas uma foto dos tempos da Record (pelo menos a emissora dos bispos foi lembrada), e ao Mamãe, Eu Tô na Globo, uma bobagem colossal. Mion promete crachás gigantes de sua nova empresa para os espectadores que mandarem vídeos gritando o nome do quadro. Vai ter graça por bem pouco tempo.
Os blocos seguintes trouxeram um conhecido do Caldeirão, o game show Tem Ou Não Tem, versão do clássico Family Feud da TV americana. Para não brincar em serviço, a Globo dispensou as famílias anônimas e escalou Juliana Paes e Paulo Vieira. A primeira não fez feio, mas o segundo dominou o jogo com seu carisma e bom humor. Também foi acertada a decisão de deixá-los formar seus times com amigos, “a família que a gente escolhe”, e não só com parentes.
O clima foi bem mais irreverente do que nos tempos de Huck. Teve menção a bunda, a saco, a iniciais de palavrões. Teve Paulo Vieira e Mion alfinetando discretamente a Record, por onde ambos passaram, ao comentar que na Globo tudo funciona direitinho.
Na sequência veio outra novidade, o quadro Sobe o Som. A mecânica é simples: duas duplas de famosos competem entre si, tentando adivinhar quais são os sucessos tocados, em poucas notas, por uma banda liderada por Lúcio Mauro Filho. Ana Furtado e Tiago Leifert enfrentaram Larissa Manoela, há mais de um ano contratada pela Globo sem estrelar uma novela por causa da pandemia, e o maquiador Ramon Amorim.
A brincadeira também serve de deixa para números musicais: a estreia recebeu os onipresentes Barões da Pisadinha e, na impossibilidade de trazer Stevie Wonder, Mumuzinho cantando “Superstition”. Muito bem, aliás.
Ah, sim, e Gretchen, a eterna, há 40 anos na crista da onda, com apenas três hits no currículo. A musa do rebolado cantou o maior e mais óbvio deles, “Conga la Conga”, deixando as convidadas seguintes, a dupla Anavitória, ainda mais enjoadinhas.
Para terminar, Isso a Globo Mostra, a versão global do Piores Clipes do Mundo zoeira que Mion fazia na MTV Brasil e depois no Legionários, seu programa na Record, sob o nome Vale a Pena Ver Direito. Teoricamente, a matéria-prima agora é o acervo da Globo, mas sobrou até para um comercial de banco com Gil do Vigor. Vinte anos depois, a zoeira ainda funciona.
O fato é que Marcos Mion nasceu para as câmeras. Sua desenvoltura em frente a elas é tão grande que ele não precisa de mais nada. Não tem que apelar para a importância do empreendedorismo nem fazer marketing em cima da superação alheia, como era o costume de seu antecessor, em clima de eterna campanha eleitoral.
Os números consolidados ainda não saíram, mas, pelo que vazou nas redes sociais, a audiência do novo Caldeirão foi boa, deixando muito atrás a concorrência.
Tudo isso torna o desafio de Luciano Huck, que assume o Domingão neste domingo (5), ainda mais complicado. O marido de Angélica será contrastado com todo mundo: com Fausto Silva, que apresentou o programa por mais de três décadas; com Tiago Leifert, que se saiu muito bem na segunda fase da Super Dança dos Famosos; e agora, com Marcos Mion, que tornou o Caldeirão um programa muito mais divertido e empolgante do que era até uma semana atrás.
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