BBB 21: Com nove negros no elenco, BBB 21 tem tudo para ser o BBBlack
Edição deste ano quer superar a anterior trazendo nomes bem mais famosos
A vigésima edição do Big Brother Brasil mudou, se não o rumo da história, pelo menos a trajetória do programa. Há pelo menos uma década que o reality da Globo vinha sendo apontado como uma atração em decadência com menos Ibope, anunciantes e repercussão a cada ano. O fim parecia próximo.
Mas dois fatores fizeram com que o BBB 20 se transformasse em um fenômeno, tanto cultural quanto comercial. Pela primeira vez, o elenco foi dividido em dois. O grupo Pipoca reunia o mix habitual de pessoas que fizeram inscrições e passaram por um rigoroso processo de seleção. Já o grupo Camarote trazia apenas convidados especiais. Artistas e influenciadores que, se não exatamente celebridades, já eram conhecidos por nichos do público.
O outro fator foi a pandemia, decretada em março de 2020, quando o programa estava no ar havia dois meses. Subitamente privados das novelas e outros conteúdos inéditos na TV aberta, os brasileiros correram em massa para o BBB 20. O resultado foi tão bom que a Globo cogitou realizar outra edição no segundo semestre de 2020.
Um ano depois, a pandemia continua firme, apesar da chegada das vacinas. E Boninho resolveu não mexer em fórmula que está ganhando. Depois de alguma especulação, ele anunciou que o BBB 21 seguiria o mesmo esquema do anterior, misturando anônimos e semifamosos.
Houve quem reclamasse que o BBB estaria em vias de se transformar em A Fazenda, o reality da Record pródigo em subcelebridades. O programa da Globo teria a “obrigação” de ser mais democrático, dando chance apenas a gente comum.
Bobagem, é claro. As únicas obrigações de qualquer programa de TV são divertir o espectador e dar retorno financeiro à emissora. Além disso, ao chamar figuras já acostumadas com a exposição nas redes sociais e em outras mídias, o BBB corre um risco muito menor de escalar as chamadas “plantas” –os concorrentes ruins de câmera, que preferem não se expor muito.
O BBB 20 deu um gás na carreira de todos os integrantes de seu Camarote. Manu Gavassi, Babu Santana e Rafa Kallimann são hoje nomes do primeiro time. Deve ter havido fila e até briga entre os postulantes ao programa de 2021.
De modo geral, o Camarote-2021 tem membros bem mais famosos que o de 2020. Fiuk, antecipado por diversos sites, derrete corações há tempos, e está na novela “A Forca do Querer”, atualmente em reprise. O rapper Projota até se apresentou em outras edições do programa.
Carla Diaz, Pocah e Viih Tube já iam de vento em popa profissionalmente, e agora devem decolar de vez. Mas é preciso torcer para que a preocupação com as próprias imagens não transforme todos em vistosos vasos de samambaia.
Entre os VIP deste ano, chama atenção a cantora Karol Conká, a primeira anunciada na tarde desta terça (19). Presença constante nos programas musicais da Globo e intérprete de “Tombei”, tema de abertura da série “Chapa Quente” da emissora, ela parece disposta a alcançar suas colegas IZA e Ludmila. Todas começaram suas carreiras mais ou menos na mesma época, com propostas musicais aparentadas, mas Karol acabou ficando para trás.
Já no grupo Pipoca, parece que a ênfase em modelos e personal trainers arrefeceu um pouco. Será que finalmente alguém percebeu que a beleza física não garante que um brother tenha um desempenho interessante?
Também é notável o aumento do número de candidatos negros. São nove nesta edição contra apenas dois do ano passado. BBB 21 já pode ser apelidado de BBBlack. Será que isto fará com que o racismo seja o grande tema de 2021, assim como o machismo foi o do ano passado? Tomara: esse tipo de discussão nunca é demais na nossa TV.
Mas, antes de assumir uma função social, o BBB 21 precisa nos entreter. Sem falar, é claro, de atender às enormes expectativas que cresceram à sua volta.
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