Daniel Radcliffe vive ativista anti-apartheid no filme 'Fuga de Pretória'
Em entrevista exclusiva, ator não descarta hipótese de voltar a encarnar Harry Potter
Em entrevista exclusiva, ator não descarta hipótese de voltar a encarnar Harry Potter
O regime de apartheid vigorou na África do Sul de 1946 a 1994. Durante esses 48 anos, negros e brancos não podiam morar nos mesmos bairros, frequentar as mesmas escolas e restaurantes e nem mesmo casar entre si.
A luta contra este sistema absurdo, imposto pela minoria branca ao resto da população do país, gerou heróis como Nelson Mandela, que passou 27 anos preso e, uma vez libertado, evitou que a África do Sul degringolasse para a guerra civil.
O que muita gente não sabe é que também houve ativistas brancos anti-apartheid. Um deles, Tim Jenkin, foi condenado em 1978 a 12 anos de cadeia por um crime prosaico: ele e seu amigo Stephen Lee (condenado a oito anos) colocaram bombas de fabricação caseira em pontos da Cidade do Cabo e de Joanesburgo. Ao explodir, esses artefatos apenas espalhavam pelo ar panfletos políticos, sem ferir ninguém.
Jenkin contou sua história num livro cujo título já é um spoiler: "Fuga de Pretória". Menos de dois anos depois de seu julgamento, em dezembro de 1979, ele, Lee e um terceiro prisioneiro, Alex Moumbaris, conseguiram escapar da Prisão Central de Pretória.
"Fuga de Pretória" acaba de ser adaptado para o cinema. Em cartaz em algumas salas e drive-ins brasileiros, o longa também será exibido pelo canal TNT na próxima sexta (23), às 22h30, marcando a volta da sessão TNT Original.
É um bom thriller. Não tem efeitos mirabolantes nem perseguições vertiginosas, mas as situações de extrema tensão vividas pelos protagonistas mantêm o espectador interessado até o fim –mesmo quando se sabe que tudo vai acabar bem.
O filme também tem Daniel Radcliffe no papel principal. Pois é: o intérprete de Harry Potter cresceu (já está com 31 anos), e hoje escolhe papéis muito diferentes do pequeno bruxo. Como "Armas em Jogo", também em cartaz nos cinemas, que a TNT deve exibir no dia 6 de novembro.
Conversei com Radcliffe por telefone em março passado, uma semana antes da OMS (Organização Mundial da Saúde) declarar a pandemia. Ele estava com uma peça em cartaz em Londres e muito animado com seus novos trabalhos no cinema. Agora, finalmente o público brasileiro pode conferi-los.
"Um dos produtores da franquia 'Harry Potter', David Barron, me mandou o roteiro de 'Fuga de Pretória' uns quatro anos atrás", diz o ator. "Eu me apaixonei pela história, e queria que mais gente a conhecesse. Quando as gravações finalmente começaram, eu já tinha rodado o filme todo umas mil vezes na minha cabeça."
O britânico Radcliffe precisou de uma "accent coach" –uma professora de sotaque– para falar inglês feito um sul-africano. Também aprendeu em detalhes como funcionava o apartheid. "Meu trabalho me ensina um monte de coisas", diz o ator, aos risos.
Ri ainda mais quando eu pergunto se ele conheceu o verdadeiro Tim Jenkin. "Ele está no filme! Jenkin faz uma ponta. Foi muito estranho interpretá-lo, com ele ali bem na minha frente."
Por fim, pergunto se ele estará em uma eventual adaptação cinematográfica da peça "Harry Potter e a Criança Amaldiçoada". A produtora Warner garante que não há planos para um filme, mas, dado o enorme sucesso do espetáculo na Broadway, ele parece inevitável. "Não estou particularmente interessado em voltar ao personagem. Ando muito feliz com a minha vida neste momento", diz Radcliffe. Mas, em seguida, ele mesmo conclui: "Nunca diga nunca".
O canal TNT vai exibir "Fuga de Pretória" às 22h30, e não às 22h. O texto foi corrigido.
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