Tony Goes
Descrição de chapéu Copa do Mundo

Sem grande produção, show de abertura da Copa foi rápido e eficaz

Robbie Williams não fez feio, ao contrário dos comentaristas da Globo

O cantor Robbie Williams durante a cerimônia de abertura da Copa do Mundo da Rússia
O cantor Robbie Williams durante a cerimônia de abertura da Copa do Mundo da Rússia - Alexander Nemenov/AFP
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São Paulo

Nas Olimpíadas, a cerimônia de abertura é um evento em si. O país-sede costuma preparar um espetáculo grandioso, onde recria momentos de sua história e basicamente louva a si mesmo. Também há o interminável desfile das delegações, muitos discursos, a chegada da tocha olímpica, o escambau.

A Copa do Mundo deslancha de maneira bem mais simples. Afinal, há um jogo programado para logo depois das festividades. O que todo mundo quer mesmo é ver a bola rolar.

Mesmo com essa baixa expectativa, o Brasil marcou um gol contra na abertura da Copa de 2014. O showzinho furreca de Claudia Leitte, Jennifer Lopez e Pitbull era digno de um baile de formatura de um colégio do interior. Desenxabido e mal-produzido, parecia um prenúncio do desastre que se abateria sobre a nossa seleção.

Nesta quinta (14), começou a Copa da Rússia. O cantor britânico Robbie Williams e a soprano russa Aida Garifullina se apresentaram no gramado do estádio Luzhniki, em Moscou. Não chegaram a levantar a arquibancada, mas tampouco passaram vexame.

Robbie Williams (que alguns apresentadores brasileiros insistem em chamar de “Robin”) foi uma escolha curiosa. Não é um nome que esteja na crista da onda: seus maiores sucessos datam de mais de uma década atrás. E sua persona de “bad boy” remete aos “holligans” de seu país, os arruaceiros que espalham o terror nas arquibancadas.

Além do mais, o penúltimo álbum de Robbie traz uma faixa chamada “Party Like a Russian” (“festeje feito um russo”, em tradução livre), com críticas explícitas à oligarquia que domina a Rússia. O cantor diz que lhe pediram para não incluir a música no repertório de sua apresentação. Ainda assim, é de se admirar que ele tenha sido convidado para o evento. O governo de Vladimir Putin não é conhecido pela delicadeza com que trata seus opositores.

Mesmo sem a superprodução dos shows do intervalo do Super Bowl americano, Robbie Williams não fez feio. Ele é um showman competente, e as câmeras abusaram dos closes em seu rosto expressivo.

Pena que quem assistiu a festa pela Globo não conseguiu ouvi-lo direito. O defeito recorrente das transmissões internacionais pela emissora se fez presente mais uma vez: os comentaristas falam sem parar, encobrindo o áudio original. E, quase sempre, falam bobagens que nada acrescentam.

Tony Goes

Tony Goes (1960-2024) nasceu no Rio de Janeiro, mas viveu em São Paulo desde pequeno. Escreveu para várias séries de humor e programas de variedades, além de alguns longas-metragens. Ele também atualizava diariamente o blog que levava seu nome: tonygoes.com.br.

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