Para se manter como popstar, Neymar precisa segurar o choro
Comportamento do craque, dentro e fora do campo, compromete sua fama
O Brasil nunca foi muito reverente com seus ídolos. Não faltam piadinhas sobre a perna mecânica de Roberto Carlos ou a morte de Ayrton Senna. Mas o que está acontecendo agora com Neymar, nosso craque número um já há alguns anos, me parece ser de outra natureza. Estamos perdendo a paciência com ele.
Ninguém discute o talento do rapaz com a bola. Desde muito cedo, ficou claro que Neymar pertence à elite do futebol mundial. No entanto, mesmo marcando gol nos últimos segundos da prorrogação de Brasil e Costa Rica, na sexta (22), o camisa 10 da nossa seleção foi zoado pelo tribunal da internet.
A razão é simples: lágrimas. Terminada a partida, Neymar se ajoelhou em campo e chorou. Mas o que poderia ser aplaudido como o desabafo depois de um esforço hercúleo foi espinafrado como fraqueza e empulhação.
Neymar é famoso pelo dramalhão que encena a cada suposta falta que os adversários cometem nele. O moço rola no chão, uiva de dor, descabela o penteado da semana. Como na história do menino que gritava “lobo!”, não sabemos mais quando é verdade.
Sua vida fora do campo também não ajuda. Neymar ostenta no Instagram sua rotina de jovem milionário, seus “parças”, sua linda namorada. Aliás, ele e Bruna Marquezine não têm o menor pudor de monetizar a relação: divulgam fotos íntimas que não passam de anúncios mal disfarçados.
O problema é que, para se manter no nível de um popstar, Neymar precisa justificar sua fama. Precisa fazer ainda mais gols do que já faz para ter “direito” a espernear em campo e se fazer de vítima. E isso ele não tem feito.
Claro que Neymar não é o único chorão do nosso escrete. Desde os tempos de Felipão que a seleção brasileira parece ser composta por florzinhas delicadas, que se despetalam à mais leve das brisas. Cadê os guerreiros aguerridos, os malandros, os que se divertiam jogando?
As razões para essa fragilidade podem ser muitas. Tem a idade média dos jogadores, mais baixa que a das Copas de antigamente. Tem o paparico da mídia e da publicidade, que transforma moleques em semideuses. E tem as redes sociais, que não existiam nos tempos de Pelé ou Romário.
Hoje em dia, os internautas não poupam nada nem ninguém. O menor passo em falso vira meme e viraliza. Além disso, os próprios jogadores se expõem sem parar, emitindo opiniões polêmicas e revelando um padrão de consumo inalcançável para os simples mortais. Transformam-se em alvos fáceis.
Como pano de fundo para tudo isso, há um Brasil em crise econômica e moral. Um povo exausto e sem esperança de encontrar uma saída rápida para o buraco onde sente que está. E sem a válvula de escape do futebol.
Neymar e seus colegas reclamam da imensa pressão que recebem. Que ninguém sabe o que eles passaram, que nada foi fácil, blábláblá. Talvez não saibam que não está fácil para ninguém, e que o resto de nós ganha uma fração ínfima do que eles faturam por mês.
Mesmo sagrando-se campeão, Neymar pode ser prejudicado se continuar dando chilique. Os contratos publicitários perigam minguar. Nenhuma marca quer ser associada a um adulto que se comporta feito um bebê.
Segura o choro, Neymar. Segura a raiva também, para não levar mais um cartão amarelo. Não é só pela glória da seleção: é pelo seu próprio bem.
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