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Rosana Hermann

A grande pergunta do BBB 22 é essa: Faturar R$ 1 bilhão é flopar?

Programa é criticado pelo público, mas se mantém sucesso comercial

Brothers reunidos na sala do BBB 22
Brothers reunidos na sala do BBB 22 - Globo/Reprodução
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Em janeiro desse ano, o site Notícias da TV publicou uma matéria assinada por Gabriel Vaquer e Vinícius Andrade, apontando que, até o mês de abril, o BBB 22 faturaria cerca de R$ 1 bilhão. Pois bem, estamos em abril. A Rede Globo e o Boninho devem estar dando pulinhos de alegria. R$ 1 bilhão é muito dinheiro.

Tudo bem, não é R$ 1 trilhão como a fortuna do Elon Musk, mas é R$ 1 bilhão com UM programa. É um faturamento astronômico.

E, no entanto, apesar do absurdo sucesso comercial, que garante vida longa ao BBB como produto, muitos de nós, que assistimos o reality, pagando o pay-per-view e acompanhando tudo o que é comentado em vídeos, sites, blogs, perfis, repetimos que essa edição FLOPOU.

Dizemos que o paredão falso foi um fiasco, que os participantes são chatos, que não tem como torcer para ninguém, que não devia ter VIP, que foi ridículo colocar um dummy se passando pela Jade com uns 30 centímetros a mais de altura, que algumas provas e jogos foram extremamente mal calculados. E centenas, milhares de outras queixas.

Se você pesquisar vai encontrar muitos posts com a mesma frase ‘não vejo a hora desse BBB acabar’. E, olha, cada um tem sua razão.

Mas como é possível? Como pode um sucesso comercial tão grande, com boa audiência, batendo recordes nos dias de eliminação ser tão criticado? Será que é só o elenco que é fraco ou será que nós também estamos mais exigentes e críticos?

Eu diria que os dois. O programa está chato e a gente também está. Não que seja culpa nossa, simplesmente, temos muitos motivos para estarmos desesperançosos e sem rumo. Atravessamos uma pandemia de dois longos anos (e que ainda não acabou), perdemos poder de compra, perdemos emprego, perdemos pessoas.

Ficamos confinados e online o tempo todo. As redes viraram panelas de pressão, com todo mundo atacando todo mundo. Até os fandoms, que deveriam existir para canalizar amor para seus ídolos, jorram hate em qualquer um que faça uma simples crítica a seu escolhido. E não precisa nem ter um motivo, é o ódio pelo ódio. Na maioria das vezes, as pessoas cancelam o autor de um texto sem nem lê-lo! Vai pelo título e pronto.

E tem mais: estamos mergulhados num ambiente tóxico de fakenews e rage e ainda tem a polarização que contaminou tudo, inclusive o BBB, no caso, em torno de Arthur. Ou a pessoa ama o Arthur e quer que ele ganhe ou ela detesta o Arthur e quer que qualquer um vença, exceto ele.

Nenhum outro participante mobiliza o público assim. Ninguém vai brigar por Nat, Eli, DG, P.A, Jessi, Scooby. Lina talvez tenha potencial para levantar torcidas, mas nada se compara a Arthur Aguiar. Boninho deveria contratá-lo como consultor do reality, porque, bem ou mal, certo ou errado, ele conseguiu manter um padrão de jogo o tempo todo. Ele está focado em jogar.

O BBB sempre foi um experimento de comportamento humano em situação de competição e privação. Só que agora, nós também estamos assim, privados de muita coisa, competindo por atenção e tentando encontrar uma válvula de escape para nossas frustrações.

Um reality deveria ser um entretenimento bacana, que nos engaja, que nos distrai, que gera memes e diversão. Que levanta torcidas, que nos faz pensar, que nos representa pelo que somos e nos traz contrastes do que não somos, que nos alegra e emociona. Se a gente perder isso, não teremos mais nada. Vamos ficar aqui, destilando veneno e tretando com todo mundo, ou seja, flopando como seres humanos, enquanto o programa fatura o seu lindo bilhão.

Rosana Hermann

Rosana Hermann é jornalista, roteirista de TV desde 1983 e produtora de conteúdo.

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