Aviso
Este conteúdo é para maiores de 18 anos. Se tem menos de 18 anos, é inapropriado para você. Clique aqui para continuar.

Receitas do Marcão

Para o almoço de domingo, a farofa de pão da minha mãe

Receita mistura as tradições culinárias brasileira e italiana

Farofa feita com farinha de rosca, cebola, azeitona e tomate Marcos Nogueira 6.mai.22/Folhapr

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Peço licença para interromper a série de receitas dos países da Copa por um motivo óbvio: o Dia das Mães. É preciso pensar no almoço de domingo. Apesar de todo mundo ter a própria mãe –inclusive todas as pessoas de todos os países do mundo–, é notório e sabido que mãe é uma só. Por isso, vou falar da única mãe que eu conheço, a minha.

Ana Bertoni já viveu muito e bem. Hoje está presa dentro da própria cabeça, aos 90 anos, com demência senil. Mas a mãe que mora na minha memória é uma mulher ativa e energética, que trabalhava fora durante e cozinhava aos sábados e domingos.

E como cozinhava, a dona Ana. Fazia um belíssimo nhoque com bracholas, que aprendeu com a mãe, que aprendeu com a avó italiana. Seu molho de tomate era cozido até grudar no fundo da panela, queimar um bocadinho, e essa casquinha dava um gosto fabuloso à comida.

Mandava muito bem na bacalhoada, na feijoada, na carne de panela, na pizza de massa fininha, no frango assado com suco de laranja. Para mim, o prato que representa a culinária da dona Ana é a mais-que-fenomenal farofa de pão ralado. Uma adaptação italianada da farofa brasileira, muito mais molhada do que uma farofa comum, simples e direta como a minha mãe.

Começava com um molho de tomates e ia adicionando farinha de rosca até dar o ponto. Servia com azeitonas pretas e ovos cozidos, para acompanhar qualquer assado –inclusive no Natal. É a coisa mais original que saía da cozinha lá de casa.

Se ela escreveu essa receita em algum caderno, eu não sei e não tenho como descobrir agora. Mas eu sempre fiquei colado na mãe enquanto ela cozinhava, então sei o que ela fazia só de observar.

Do prato original da minha mãe, salvo lapsos de memória, eu só tomei a liberdade de mudar duas coisinhas. Uso azeite de oliva no refogado (ela usava óleo comum) e tento cozinhar os ovos com a gema cremosa, coisa de sete minutos depois da fervura. Na farofa da dona Ana, os ovos tinham a gema dura.


FAROFA DE PÃO DA DONA ANA

Rendimento: 4 porções (acompanhamento)
Dificuldade: fácil

Ingredientes
2 ovos
3 colheres (sopa) de azeite
2 dentes de alho picados
2 cebolas em fatias finas
1 lata de tomates pelados ou 500 g de tomates maduros processados
3 xícaras (700 ml) de farinha de rosca (ou o quanto bastar)
10 a 15 azeitonas pretas azapa, sem caroço
Sal, pimenta e salsinha a gosto

MODO DE FAZER

  1. Cozinhe os ovos colocando-os em água fervente e deixando no fogo por 7 minutos. Reserve em uma bacia com água e gelo para interromper o cozimento.

  2. Aqueça o azeite e refogue a cebola e o alho até a cebola ficar transparente. Adicione o tomate e cozinhe até obter um molho bem grosso, algo 15 minutos e meia hora.

  3. Acrescente a farinha aos poucos, até obter uma consistência de virado ou farofa úmida. Ajuste o tempero, desligue o fogo e acrescente as azeitonas e a salsinha.

  4. Disponha a farofa em uma travessa. Descasque os ovos, corte.

Receitas do Marcão

Marcos Nogueira é jornalista profissional e cozinheiro amador. Escreve também a coluna Cozinha Bruta, além de apresentar o programa homônimo no canal Sabor & Arte. Instagram: @cozinhabruta

Final do conteúdo
  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Comentários

Ver todos os comentários Comentar esta reportagem