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Krishna Mahon
Descrição de chapéu Sexo

Dois corações expandidos e um pinto chocado

Sobre o equilíbrio fino das relações e o poder de magnificação das lentes do amor

Cartaz do filme "Attack of the 50 Foot Woman" (“O Ataque da Mulher de 15 Metros”), de 1958 - Divulgação
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Em física a gente aprende que dois corpos não ocupam o mesmo lugar no espaço, mas é tão gostoso tentar, né? Rs. Caetano cantou que "entra pelos 7 buracos da minha cabeça a sua presença", ô letra linda. Pois o enamoramento da minha amiga estava tão intenso, que ela e o krush estavam entrando pelos sete da música e por outros dois. (Phoda Madrinha rindo sozinha de vocês calculando os outros buracos do corpo).

Cada ponto de vista é a vista de um ponto. Se a humanidade tentasse enxergar o ponto de vista do outro, se conseguisse se comunicar melhor, talvez a gente encontrasse muito mais o que nos une do que nos divide e não estaríamos tão lascados. Pois tive o privilégio e a honra de ouvir essa história de amor pelos dois lados.

Meu Instagram @krishnamahon virou um confessionário, o povo fala dos afetos, desejo, medo, tudo, mas dessa vez uma amiga de uma vida inteira e seu krush, um amigo mais recente, me deram pulseirinha VIP para os seus corações. A visão do meu camarote desse encontro de cabeça, coração e rabo é tão linda que achei egoísmo não dividir com você, caro leitor.

Sabe aquela sensação do primeiro "eu te amo"? Que o coração parece dobrar de tamanho? Minha amiga estava bem assim. Desconfio que ela andava mais leve, pairando a alguns centímetros do chão porque o coração já tinha enchido demais. Se bem que o krush era tão alto que talvez ela tenha crescido de tanto se esticar.

E as lentes do amor que ele usava transformavam o pouco mais de 1,50 m da minha amiga num mulherão enorme. Lembrei daquele clássico dos anos 50 "O Ataque da Mulher de 15 Metros", só que sem ataque algum, porque estranhamente havia para ele uma serenidade rara no siricutico que esses encontros geram.

Cartaz do filme "Attack of the 50 Foot Woman", de 1958 - Divulgação

Pelos olhos, ela engolia vidrada as inúmeras cores do seu rosto. Ele me contou que seu pinto ficou chocado (rs) porque ela era a mulher mais gostosa que já tinha encontrado, que a pele era lisa, que suas mãos encaixavam nas curvas dela e que sorriso e olhos eram indissociáveis, cheios de ocitocina, rs, palavras dele, juro.

Epicuro diz que "é feliz aquele que cultiva seus prazeres". Pois ele ia ficar orgulhoso das safadezas dos dois. Já vi ku chamado Tobias, peru chamado Kleber e o peito dessa minha amiga se chama Kleiton, mas é só o esquerdo porque o direito não aceitou Kledir, rs. Pois ele sorvia tudo que dava, inclusive o Kleiton, incrédulo. "Detalhes tão pequenos de nós dois" ouvi de tudo, até que o detalhe não tinha nada de pequeno e ainda era gordinho, rs.

O fogo no rabo estava divertido de ouvir, mas quando eles foram para cabeça e coração meu camarote ficou iluminado que nem aquele da bebida que pisca. Ele me falou que ela era a pessoa mais legal do mundo e que a forma amorosa que ela via o mundo disparava algo nele, uma alegria, uma calma... E que sentia que o MST tinha invadido seu latifúndio improdutivo que agora florescia, awn. Ela contou que humor aguçado e a mansidão dos gestos daquele homão, junto com a sua suavidade e doçura com os outros, inclusive seu encaixe entre os seus amigos (euzinha incluída), estavam causando um tipo de transformação nela. Sim, encontros profundos transformam a gente.

Para Nietzsche, o amor não é outra coisa que um derramamento, uma espécie de luxo e de dádiva daquilo que cada indivíduo conquistou por e para si mesmo e quer partilhar, alegremente, com um outro. Nesse caso, não há nada de carência, mas muito pelo contrário, de plenitude. Quanto mais pleno de si, mais capaz de amar será um indivíduo. E os dois falavam e transpareciam isso, que a potência do encontro tinha gerado uma fonte no peito do outro que podia ser distribuída para geral.

O equilíbrio instável é que nem uma bolinha em cima de uma montanha, qualquer ventinho ela vai descer morro abaixo, então é preciso uma vigilância constante para manter a bolinha no lugar. A bolinha num buraco, seria o equilíbrio estável, já que mesmo que sofra alguma pressão para sair do lugar, a tendência é voltar para o mesmo ponto. O equilíbrio alcançado nas relações talvez seja diferente do conceito da física, porque é sempre instável. Por mais que a gente se sinta seguro, vem a vida e... pá! O que resta para nós é torcer por mais atração que repulsa ou inércia, né?

Os dois me falaram da sensação de encontrar alguém que fala sua língua nativa no estrangeiro. A Phoda Madrinha quer para você, para eles e para o mundo (euzinha incluída) essa fluidez de comunicação, esse encantamento pela vida, mais encontros de cabeça, coração e rabo, mas principalmente que a gente tenha a oportunidade de ver a mesma história pelos dois lados. Se possível com a lente do amor.

Krishna Mahon

Jornalista e cineasta indicada ao Emmy, é apresentadora do SexPrivé Club da Band. Foi produtora da Discovery e diretora de conteúdo do History.

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