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Krishna Mahon
Descrição de chapéu Sexo

Eu brocho, tu brochas, ele (certamente) brocha

Não é preciso ter um peru, basta ter bom senso pra saber que não existe ser imbrochável

Obra de Adão Iturrusgarai - Instagram/ adaoiturrusgarai
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Já na época de Freud isso era algo que estava latejando (rs): "Se o praticante se perguntar por qual sofrimento sua ajuda é solicitada com maior frequência, ele irá responder que —com exceção da angústia em suas várias formas— é a impotência psíquica", leia-se: é a brochada.

É impossível não "perder a potência sexual; mostrar-se incapaz de praticar o ato sexual", como o dicionário define brochar.

Uma pesquisa Omens/Datafolha revelou que 69% dos brasileiros enfrentaram algum problema sexual na vida. Dentre os que afirmaram ter tido alguma relação sexual nos últimos 24 meses, um a cada três homens (38%) alegou ter enfrentado algum problema de disfunção erétil.

Se todo mundo brocha, qual o porquê de não falar sobre isso ou mentir? De acordo com a pesquisa, 60% daqueles que já tiveram algum problema de ereção não falaram sobre o assunto com ninguém. Por outro lado, 55% dos homens declararam que pensam nesses problemas no seu dia a dia, de onde se entende que isto é uma situação estrutural, que causa principalmente os sentimentos de decepção (44%), vergonha (43%) e insegurança (40%).

É masculinidade frágil que chama? Sim, o excesso às vezes revela a falta.

A cara de nojo de uma mulher depois de um beijo molhado do marido foi a cena mais verdadeira vista nos jornais essa semana. É que mulher também brocha, a gente só foi treinada a disfarçar melhor.

Com exceção do leitor herdeiro, todos nós temos boleto, chefe escroto, trânsito, doença, parente, insônia, piriri, cansaço, rotina com o conje, dissonância com o krush…

Você não sente o copo meio vazio às vezes? Isso acontece na vida como um todo, e na sexual não seria diferente. Estamos todos navegando em meio a uma tempestade de afetos, e há, como diria Spinoza, encontros que aumentam a potência e outros que diminuem, e muitas das vezes o intelecto humano não é capaz de fazer nada além de ser arrebatado. Tanto a brochada quanto a guinada são apenas resultados dessa navegação em meio aos afetos.

Contudo, é interessante ir fazendo seu próprio diário de bordo, até para ir percebendo como você mesmo reage a certas situações. Mas acho que já posso adiantar algo: ficar, na hora do sexo, pensando e se preocupando se irá brochar ou não é, sem sombra de dúvidas, a pior forma de lidar com esse "medo". O melhor, caro leitor, parece ser estar totalmente entregue ao momento, pois, assim, há condições muito mais propícias para o "brotar"; afinal, mesmo que o homem queira acreditar estar sempre no controle ativo de mesmo, ele também está sujeito à passividade das excitações e dos afetos.

Segundo Guimarães Rosa, "o correr da vida embrulha tudo. A vida é assim: esquenta e esfria, aperta e daí afrouxa, sossega e depois desinquieta. O que ela quer da gente é coragem". Então a Phoda Madrinha te deseja coragem para demonstrar seus afetos, suas fragilidades e, principalmente, poder brochar em paz; porque, tal como vimos, este é um ambiente muito mais propício para o glorioso retorno do cabisbaixo.

PS: Casimiro é quase sempre genial e chamou a Omens de Orkut de brocha, só que tem um universo de informações e serviços lá. Vale conferir.

Krishna Mahon

Jornalista e cineasta indicada ao Emmy, é apresentadora do SexPrivé Club da Band. Foi produtora da Discovery e diretora de conteúdo do History.

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