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Krishna Mahon
Descrição de chapéu Sexo

Ativista de padrão de beleza ou lenha pra fogo no rabo?

Se o mundo é um triturador de autoestima, bora combater com elogios sinceros

Obra do artista plástico Rapha Baggas - @raphabaggas no Instagram
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Outro dia um hater me mandou: "Para uma velha até que você dá um caldo, mas tem que pintar esse cabelo aí, tia, te envelhece muito e nós, homens, não gostamos de velha".

Já fui dessas que recebe 99 elogios, não absorve nenhum, mas se apega à primeira crítica. Imagine se eu ainda sofresse desse mal?

Uma pesquisa global da Dove revelou que só 4% das mulheres entrevistadas se achavam bonitas. Em outra, da Istoé, também deste ano, apenas 11% consideravam ter autoestima alta. Um elogio sincero pode transformar o dia e quiçá o olhar dessa mulher pra si mesma. E se o mundo é um triturador de autoestima, você quer ser ativista pró padrão de beleza ou fornecedor de lenha pro fogo no rabo?

"Ela tá te dando mole, tenho certeza" comentei com um amigo sobre uma beldade num show há uns anos. "Ela é linda, mas tô de olho naquela ali. Gosto de carne", respondeu sorridente apontando uma mulher considerada fora do padrão. Quando contei que pegaria o Agostinho Carrara, da "Grande Família", uma amiga de infância, contou que o krush dela era o Salgadinho, saca quem é? Do grupo Katinguelê, de pagode dos anos 90. Só que depois que ele tinha corrigido os dentes tortos tinha perdido parte do charme. Tenho uma prima que segue linda demais, mas que perdeu parte do charme ao corrigir o Creysson, apelido do dentinho torto.

Uma amiga pira tanto no sexo selvagem que ela tem que encontrar roxos e arranhões na pele como vestígios do prazer. Já eu, se me derem um tapa na bunda, broxo e invento alguma desculpa pra sair dali. Uma das minhas melhores amigas gosta de peru pequeno e roliço, eu fico feliz com o oposto.

Tem gente que quebra a parede da sala e ganha uma cozinha gourmet, que faz a casa crescer, né? O SexPrivé Club da Band fez isso, só que com a minha cabeça e serei eternamente grata pela amplitude de consciência.

As pessoas são muito diferentes e vivem em constante transformação, então o que você pira hoje pode não causar fogo no rabo amanhã. Tenho aprendido que não dá pra botar o desejo em caixinha, ou cravar certezas e que a beleza padrão está muito mais distante do desejo do que a gente imagina.

A Terra tem mais de 8 bilhões de pessoas, então por mais estranho que seu desejo pareça, vai ter sempre outras pessoas na mesma onda. Magro, gordo, alto, baixo, bombado, mignon, todas as cores do pantone, nerd, careca, tem gosto pra tudo. E muitos dos objetos de desejo estão sofrendo com baixa autoestima, sem ter a menor ideia de que são desejados. Ah, nem… A Phoda Madrinha aqui fica desesperada. Não sendo ilegal, desejo livre já!

Se pro hater eu devo pintar o cabelo, pra outra galera, inclusive uma legião lá no meu Instagram @krishnamahon, eu passo a ser considerada MILF, rs. Phoda Madrinha adverte: se não sabe o que é a sigla, se prepare emocionalmente antes de dar um Google.

A luta contra o tempo só tem perdedor. Na história da humanidade todinha ninguém nunca venceu. Você adoraria ter mais cabelo, menos barriga, a pele mais firme, que seu saco e orelha não descessem? Mas o tempo não tem sido legal com você? Ele me deu mais sabedoria, mais autoestima e paciência até pra acolher hater.

Juro que quanto mais branco meu cabelo fica, mais eu gosto dele. Por enquanto até compensa a minha transformação em sphynx, aquele gato que parece um cruzamento do Iggy Pop com frango cru. Meus cabelos brancos são sucesso no parque, em fila de supermercado, na TV e foram parar até numa ação da Amaro. "Parei de pintar por sua causa" é das coisas mais lindas que já ouvi.

A Phoda Madrinha te deseja compaixão, empatia e tanto encantamento, que você veja o que há de melhor em si mesmo, nas outras pessoas e na vida.

Krishna Mahon

Jornalista e cineasta indicada ao Emmy, é apresentadora do SexPrivé Club da Band. Foi produtora da Discovery e diretora de conteúdo do History.

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