Guel Arraes e Jorge Furtado falam sobre debate entre Lula e Bolsonaro na TV
Noticiário e antigo trauma da Globo inspiram dupla, que estará no Roda Viva
A polarização política levada ao extremo desde a eleição de Jair Bolsonaro à presidência da República, enquanto seu principal adversário foi alvo de uma prisão cheia de controvérsias jurídicas, virou um banquete para quem vive de ficção, sem perder o foco sobre a vida real.
Dois dos maiores criadores de TV, teatro e cinema, Jorge Furtado e Guel Arraes assinam "O Debate" (Ed.Cobogó), livro que simula um encontro diante das câmeras entre Bolsonaro e Lula num futuro próximo, mais precisamente, em outubro de 2022. A obra acaba de chegar às livrarias e será alvo de uma conversa inédita com os dois sobre o assunto no Roda Viva que a Cultura leva ao ar nesta segunda-feira (20), às 22h.
A história foi pensada como uma peça de teatro, formato a ser lançado em breve. O enredo se passa ainda sob resquícios das ameaças da pandemia (há uma nova cepa, dez vezes mais contagiosa). Estamos então no último debate do 2º turno das eleições presidenciais disputadas entre o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o ainda presidente Jair Messias Bolsonaro.
O cenário é o terraço do prédio de uma estação de TV, onde os jornalistas Marcos, editor do telejornal da noite, e Paula, apresentadora do mesmo noticiário, se encontram em pausas para cafés, cigarros e conversas sobre o próprio debate, as eleições, posições políticas, paixões e ideias.
No decorrer dos encontros, eles terão de lidar com o conflito de fazer jornalismo em tempos de manipulação da informação, diante da (im)possibilidade de isenção da imprensa, da importância da tolerância e do respeito à democracia, traçando, por trás das câmeras um outro debate, entre paixões privadas e ideias públicas.
É inevitável que as conversas entre os profissionais nos bastidores remetam à traumática edição do Jornal Nacional feita a partir do debate final entre Lula e Fernando Collor em 1989. Aquele é um episódio que até hoje suscita também debates sobre isenção e ética nos bastidores do jornalismo. Na ocasião, a Globo foi acusada de favorecer Collor para além de uma performance já superior do futuro presidente eleito.
Arraes e Furtado têm uma bem-sucedida parceria de longa data nos palcos e nas telas. O primeiro, filho do ex-governador de Pernambuco, Miguel Arraes, levou para a TV e o cinema "O Auto da Compadecida", de Ariano Suassuna. Também esteve à frente de adaptações como "A Comédia da Vida Privada", de Luís Fernando Verissimo, "Lisbela e o Prisioneiro", de Osman Lins, e uma nova versão de "O Bem Amado", de Dias Gomes, para o cinema. No momento, ele filma uma versão de "Grande Sertão: Veredas", de Guimarães Rosa, transposta para o contexto da guerra urbana contemporânea.
Furtado é um dos criadores de "Sob Pressão", do cinema à TV", e esteve também na direção e criação do filme "O Homem que Copiava", com Lázaro Ramos, a série "Amor e Sorte", exibida durante a pandemia pela Globo, e "Todas as Mulheres do Mundo", com Emílio Dantas, apresentada pela Globo no início deste ano.
O Roda Viva tem mediação da jornalista Vera Magalhães, com transmissão ao vivo pela TV, e também pelo site da TV Cultura, Twitter, Facebook, YouTube e LinkedIn, a partir das 22h.
O programa contará com uma bancada de entrevistadores formada por Marina Person, apresentadora, cineasta e atriz; Ale Santos, escritor afrofuturista e podcaster no Infiltrados No Cast; Sabrina Fidalgo, cineasta e colunista da Vogue Brasil; Maria Fortuna, repórter de Cultura do jornal O Globo e Dirceu Alves Jr., jornalista e crítico de teatro. Há ainda a participação do cartunista Paulo Caruso.
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