Colo de Mãe

Com ou sem coronavírus você é mãe, e a rotina é estafante, mas o amor viraliza mais

Somos mães e temos, além de mãos mágicas, braços de acolher o mundo

A jornalista Cris Gercina com as filhas, Luiza (à esq.) e Laura
A jornalista Cris Gercina com as filhas, Luiza (à esq.) e Laura - Ronny Santos-24.jun.2018/Folhapress
  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Descrição de chapéu Agora

Equilibrar os pratinhos da maternidade com a sanidade mental nunca foi fácil e anda mais difícil nesse momento de pandemia do novo coronavírus. O filho chora e a mãe cheia de tarefas. Quem nunca teve uma reunião interrompida pelo filho no home office desta quarentena social que atire a primeira pedra.

Os tempos têm sido sufocantes e nem o plano mais secreto de fugir só por alguns minutos para dar uma volta poderá ser executado. Se nós, mães, não tínhamos sossego nem no banheiro, agora, privacidade é algo que não existe mais nem na hora que o filho está dormindo. Eu tenho convivido com o sono abalado em minha casa.

Minhas duas filhas têm se revezado em noites maldormidas. Em geral, a mais nova, de sete anos, tem pesadelos ou fome, o que a faz acordar de madrugada. Já a mais velha, aos 13 anos, perde o sono. Ou acorda cedo, conforme a rotina escolar que tinha, ou quer ir dormir muito tarde.

Elas também se revezam nas chateações, aborrecimentos e dificuldade em se concentrar para fazer a lição de casa. Nesta última semana, a caçula chorou do nada. Era um choro sentido. E o que uma mãe pode fazer? Acolher.

A mais velha tem se mostrado mais carente. Quer beijos e abraços a todo momento. Quer ver série e dormir agarradinha. Diz que sente falta das amigas, do carinho, dos abraços e das conversas lado a lado, todos os dias. A tecnologia é usada em nossa casa, como em todos os lares atuais, para as aulas escolares e para os encontros virtuais com os amigos das meninas, mas não tem sido a mesma coisa.

Somos uma família que gosta muito de gente, de calor humano. Para nós, nada substitui a presença. E ainda bem que a escola das meninas também pensa assim. Nada de substituir o mês inteiro por aulas em EAD (ensino a distância). Recebemos, sim, vídeos de apoio para as tarefas.

O distanciamento social das meninas começou em 13 de março, por total precaução minha e do pai delas. Aqui não é da boca para fora, mas do coração para dentro: minhas filhas, minha vida. E, por elas, eu aguento tudo. Até quarentena adiantada.

O que eu sei é que o coronavírus vai passar, mas nossa força materna ficará para sempre. Seremos mães por toda a vida. Curamos doenças com beijos, machucados com abraços e corações partidos com carinho e afago. Somos mães e temos, além de mãos mágicas, braços de acolher o mundo. Um mundo de sentimentos que se instalam em tempos tão difíceis. A rotina é estafante, mas o amor viraliza mais.

Agora

Colo de Mãe

Cristiane Gercina, 42, é mãe de Luiza, 15, e Laura, 9. É apaixonada pelas filhas e por literatura. Graduada e pós-graduada pela Unesp, é jornalista de economia na Folha. Opiniões, críticas e sugestões podem ser enviadas para o email colodemae@grupofolha.com.br.

Final do conteúdo
  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Comentários

Ver todos os comentários Comentar esta reportagem