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Com mocinha autodestrutiva, o livro 'Objetos Cortantes' prende do início ao fim

Trama fragmentada de Gillian Flynn amarra leitor em teia de mistérios

Capa do livro "Objetos Cortantes"
Capa do livro "Objetos Cortantes" - Divulgação
 
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​A pena da escritora americana Gillian Flynn estava ainda mais afiada quando ela escreveu o livro “Objetos Cortantes” (R$ 39,90, 256 págs., Intrínseca) do que quando criou o bem recebido “Garota Exemplar” (448 págs., Intrínseca). Se ambos os livros prendem da primeira à última página, o mais recente leva ainda mais ao extremo a literatura de “disfunção familiar” exposta no romance de estreia -que virou um bom filme.

Desta vez, “Objetos Cortantes” (“Sharp Objects” no original) deu origem a uma série produzida pela HBO e protagonizada por Amy Adams, com base no relato em primeira pessoa de uma mocinha nada ortodoxa.

A jornalista Camila Parker é apresentada ao leitor recém-saída de uma clínica psiquiátrica: possui hábitos autodestrutivos, como cortar o próprio corpo e beber compulsivamente a qualquer hora. De preferência, destilados.

Mas esse retrato é leve quando comparado à relação que Camila possui com a família, mais especificamente a mãe, o padrasto (nunca conheceu o pai) e a meia-irmã (uma outra, muito próxima, morreu quando ela ainda era criança).

Quando fica sabendo do misterioso assassinato de uma garota na cidade natal de Camila, seu editor a envia para uma espécie de acerto de contas com o passado. Hospedada na casa da mãe, ela passa a acompanhar as investigações, entrando em contato com a sinistra população local -na cidade, o tédio ganha contornos mórbidos.

A narrativa não poupa o leitor de sequências fortes, regadas a violência e uso de drogas, mas a instabilidade psicológica da protagonista é o que mais perturba ao longo da narrativa.

Enquanto a mocinha visita seus lugares mais escuros, é possível até questionar suas reais intenções. Os trechos mais tensos são alternados com diálogos ágeis que apresentam o rumo das investigações do crime –logo, mais um assassinato acontece.

As reviravoltas da trama são impulsionadas pela narrativa fragmentada de Gillian, responsável também pelo sucesso de “Garota Exemplar”. Esta garota pode ser tudo, menos exemplar. Mas é fascinante.
 

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Vivian Masutti, 35, é jornalista formada pela Cásper Líbero e bacharel em letras (português e francês) pela USP (Universidade de São Paulo), onde também cursou a Faculdade de Educação e obteve licenciatura plena em língua portuguesa. No Agora, é coordenadora da Primeira Página.

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