Bolhas na internet criam realidades paralelas e impermeáveis
Sair desse mundo de iguais depende de decisão individual
Muito já se falou sobre as bolhas na internet, os agrupamentos digitais de gente que pensa de forma parecida. Mas ainda não se sabe o que fazer com elas. O fato é que, para muitas pessoas, essas bolhas acabam se tornando a principal fonte de informações por meio de mensagens compartilhadas por seus pares nas redes sociais.
Para o problema (gigante) das fake news, existem muitas propostas de solução em discussão: projetos de lei, mais autorregulação, mudança em algoritmos, diminuição do alcance de posts, redução de encaminhamentos, ferramentas de denúncia etc. Obviamente nada disso vai eliminar de vez a profusão de mentiras online, mas são tentativas que estão sendo debatidas e experimentadas.
E as bolhas? Aí é bem mais difícil, porque depende principalmente de uma decisão individual querer sair delas. E, para isso, primeiro é preciso reconhecer que se está numa bolha, o que nem todo mundo faz. Afinal, é mais fácil apontar o dedo para a bolha dos outros.
Então, vamos pensar juntos? Você só segue pessoas que admira? Os seus amigos concordam com você na maioria dos assuntos? Só vê nas suas redes mensagens que reforçam o que você pensa? Se respondeu positivamente à maioria das perguntas, sim, você está numa bolha.
E você não está sozinho. É muito mais confortável estar cercado por pessoas com quem a gente tem afinidade. Buscar isso é uma tendência humana que os algoritmos só reforçam. A questão é que antigamente todo mundo acabava entrando em contato com outros pontos de vista por causa dos meios de comunicação, a arena pública onde, bem ou mal, havia debate e se estabeleciam consensos na sociedade.
Hoje, muita gente simplesmente rejeita a grande mídia e se informa exclusivamente por redes sociais e veículos que não têm compromisso com a pluralidade. Com isso, proliferam bolhas incomunicáveis que vivem realidades paralelas, impermeáveis ao contraditório.
Bora sair da bolha?
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