Bate-Papo na Web

Perdemos tempo precioso olhando para o celular, lendo bobagens escritas por qualquer um

Mesmo quem percebe riscos tem dificuldade de reagir

Pessoas utilizam telefone celular no mirante do Sesc Paulista
Pessoas utilizam telefone celular no mirante do Sesc Paulista - Danilo Verpa/ Folhapress
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Muitos leitores costumam reclamar que hoje em dia as pessoas passam muito tempo conectadas, mal conversam, ficam só olhando para o celular. É fato. Daqui a algumas décadas, qdo fizerem filmes sobre a nossa época, vai ser obrigatório ter cenas retratando um bando de gente com o rosto abaixado para o seu aparelhinho nas mais diferentes situações: dentro do metrô ou do elevador, nos restaurantes e nas salas de espera, andando nas ruas ou na sala de casa.

Isso, por si só, já é um pouco triste. Mas, se as pessoas estivessem lendo textos incríveis, aprendendo, criando, pelo menos seria justificável. O problema é que, na grande maioria das vezes, gastamos nossa vida lendo bobagens escritas por qualquer um, respondendo a demandas inoportunas ou assistindo à vida de pessoas que não significam nada.

Por quê? Para quê? Será que é tão difícil perceber que a humanidade está emburrecendo? Num momento em que cada vez mais gente começa a acreditar em coisas bizarras tipo Terra plana, que as vacinas fazem mal ou que o desmatamento não interfere nas mudanças climáticas, já não é hora de soar o sinal de alerta de que tem algo errado?

Não é à toa que só aumentam os casos de depressão no Brasil e no mundo. O pior de tudo é que mesmo quem se dá conta do que está acontecendo tem dificuldade de reagir. E de resistir à tentação digital, que parece nos sugar de uma forma incontornável.

Continuamos vendo as fotos dos coleguinhas do ginásio que nunca mais encontramos na vida, pq não teríamos nem assunto. Continuamos lendo os comentários grotescos de seres que só espalham ódio e preconceitos. Continuamos nos intoxicando, desperdiçando os nossos minutos e piorando como sociedade.

Tem solução? Não sei. Talvez aumentar os filtros, selecionar melhor quem a gente segue nas redes sociais, excluir quem não tem nenhuma afinidade conosco. Mas aí o risco é ficar cada um na sua bolha. Abominável mundo novo.

Agora

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Alessandra Kormann é jornalista, tradutora e roteirista. Trabalhou sete anos na Folha.
Desde 2005, é colunista do Show!, do jornal Agora.

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