Internet potencializa preconceitos e faz exaltar o mal-estar na civilização
Já foi feio expressar seus preconceitos, mas com a web as pessoas perderam a vergonha
Para quem valoriza as conquistas civilizatórias da humanidade —como o fim da escravidão, o começo do combate aos preconceitos e a valorização da vida humana—, está ficando difícil respirar em certos ambientes. E, infelizmente, isso tem muito a ver com a internet.
Houve um tempo (recente) em que era feio dizer que o lugar da mulher era na cozinha. Ou que os negros eram parecidos com macacos. Ou que um filho segurando uma arma era melhor do que um filho gay. As pessoas do mal tinham vergonha. A internet acabou com isso.
No começo, os preconceituosos de plantão se valeram do suposto anonimato na rede. Protegidos por pseudônimos, eles começaram a fazer comentários racistas, machistas e homofóbicos em fóruns e páginas online, quando ainda nem existiam redes sociais.
Foram encontrando os seus pares. Viram que existiam outras pessoas que “pensavam” como eles. Foram tomando “coragem” para ofender mais e mais, escondidos em perfis fakes.
Com o advento das redes sociais e de políticos que exalam preconceito em alto e bom som, essa gente foi perdendo de vez a vergonha. Parece que não é mais errado ou socialmente condenável ridicularizar a aparência de uma mulher mais velha. Ou desvalorizar alguém por causa de sua deficiência física. Ou exaltar torturadores ou o assassinato de adversários.
Então os preconceituosos saíram da toca. Agora muitas vezes nem usam mais pseudônimos. Dizem as maiores barbaridades e assinam embaixo. Cada um querendo lacrar mais do que o outro, falar uma atrocidade mais abominável, para ser ouvido em meio à cacofonia digital.
Aonde vamos chegar assim? Esses ogros são minoria na população brasileira, mas são barulhentos. Pessoas civilizadas, que respeitam o próximo, precisam começar a deixar claro que certo tipo de opinião não é bonito, nem aceitável. Para que essas pessoas do mal voltem às suas cavernas, de onde nunca deviam ter saído.
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