Aviso
Este conteúdo é para maiores de 18 anos. Se tem menos de 18 anos, é inapropriado para você. Clique aqui para continuar.

Cinema e Séries
Descrição de chapéu Cinema

'Zeca Pagodinho não é perfeito, mas fiel a ele mesmo', diz produtor do filme sobre o músico

Sambista diz estar apreensivo com produção prevista para 2023

Zeca Pagodinho Divulgação

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

São Paulo

"Não é todo dia que estamos diante de um personagem como o Zeca Pagodinho". A frase é do roteirista Roberto Faustino, que se une a Marco Altberg para produzir um longa-metragem sobre a vida do icônico músico brasileiro. O filme deve estrear em 2023, e começará a ser gravado no desfile da Grande Rio, escola que homenageará o sambista no Carnaval do próximo ano.

A história pretende apresentar Jessé Gomes da Silva Filho, o carioca suburbano que nasceu em Irajá, cresceu em Xerém e conquistou o Brasil. Para isso, a trama passará por três fases, a infância –onde Zeca terá entre 8 e 10 anos—, início da vida adulta e os dias atuais. Para Faustino e Marco, o maior desafio será encontrar um trio de atores que possam dividir essa história de Zeca Pagodinho ao longo do filme.

"Zeca tem características muito próprias e o ator tem que ter a habilidade de cantar. Esse personagem vai ser cuidado através de testes, quem sabe até não conseguimos revelar um novo talento?", diz Marco, em entrevista por videochamada ao F5.

Para Zeca, 63, o momento do filme é emocionante. Apesar de não estar participando ativamente da produção, ele revela: "Estou apreensivo".

A história terá direção do cineasta Mauro Lima, que já trabalhou em outros filmes de estrelas da música brasileira como "Tim Maia" (2014) e "João, o Maestro" (2017). Além disso, a produção terá como base o livro "Deixa o Samba Me Levar", dos jornalistas Jane Barboza e Leonardo Bruno.

Os produtores afirmam que a entrada do diretor para o time foi essencial, especialmente para escolher quais histórias entrariam na trama. "Precisamos fazer com que funcionem em torno de uma trajetória. O primeiro [roteiro] tinha três horas e meia. Tem muita história que dá dó de não contar", completa Faustino.

Porém, as histórias que ficarem de fora também serão aproveitadas. Faustino diz que pretende fazer uma série após o lançamento do filme, que ainda não tem data. Apesar disso, o longa-metragem será distribuído nos cinemas –"com todo o tempo que merece", como destaca Marco –e já está em fase de negociações para entrada em alguma plataforma de streaming– ainda não escolhida.

"Que seja uma coisa bacana, um sucesso na bilheteria e na boca do povo. E será!", deseja o cantor para o projeto. Abaixo, Marco e Faustino contam detalhes sobre a idealização do filme, escolha de elenco e o impacto que a pandemia teve sobre o longa-metragem, ainda em fase de pré-produção.

Como nasceu a ideia do filme?
Faustino:
Gravei um encontro do Zeca com o [Roberto] Rivelino em um bar, para uma série de documentários da ESPN. Eu fiquei durante horas acompanhando a conversa deles e saí de lá muito impressionado com a quantidade de histórias da vida do Zeca que pouca gente conhecia. Comecei a conversar com o Marco, com a Jane [Barboza] e a Leninha, empresária dele, para montar o projeto de fazer um filme. Desde o primeiro momento, pensei em fazer uma ficção, não um documentário. Algumas histórias são tão inusitadas que só fazendo pela ficção dá para atingir. Após os contratos assinados, entramos nas pesquisas, que foi o processo mais longo. Ficamos um ano entrevistando muitas pessoas, convivendo com o pessoal de Xerém, entrevistando o Zeca várias vezes, amigos, parentes e a Mônica Silva [esposa do cantor].

Como a pandemia de coronavírus impactou o projeto?
Marco:
Foi um período que paralisou o mundo né? Especialmente a atividade de audiovisual no Brasil sentiu bastante. Para produzir, precisaríamos ultrapassar barreiras enormes e o filme não teria como ser feito nas ‘brechas’ da pandemia. O filme será gravado a partir dos desfiles das escolas de samba no Rio de Janeiro, onde o Zeca vai ser tema do enredo da Grande Rio.

Faustino: Esses dois anos de auge da pandemia, porque não passou, restringiram projetos que foram concebidos e desenhados para um ambiente sem pandemia. Um filme de Zeca Pagodinho tem muita gente, escola de samba, desfile, aglomeração… Ficou complicado conceber esse filme. Isso gerou uma ansiedade maior, mas também gerou um amadurecimento maior do projeto.

Qual a sensação de produzir o filme agora?
Marco:
O destino fez o filme esperar para casar com o desfile da Grande Rio, mas também com a volta do cinema. Imagina produzir o filme e deixar na prateleira esperando a oportunidade?

Faustino: O filme sairá no mesmo ano em que ele vai ser homenageado no desfile da Grande Rio, a atual campeã do Carnaval, que vai ser uma apoteose. Ele vai botar todos os amigos na avenida, uma coisa que sempre sonhou. Ele vai botar todos os amigos na avenida, uma coisa que ele sempre sonhou. O ano de 2023 tem tudo para ser glorioso para o Zeca.

O que o Zeca disse quando ficou sabendo da história?
Faustino:
Quando mostramos o projeto, ele estava no trailer, na praia da Barra da Tijuca, tomando uma cerveja com a perna esticada olhando para o mar. Eu abri o computador na cara dele e mostrei o projeto do filme e apenas disse: ‘Vá em frente’.

Qual o grande diferencial da história de Zeca Pagodinho?
Faustino:
Não é todo dia que estamos diante de um personagem como o Zeca, e são poucas pessoas que você conhece na vida como ele. Ele tem um estilo de se relacionar com o mundo único. Essa é uma história que com certeza vai tocar o coração de muita gente. Isso que estamos precisando, tocar o coração com coisas boas.

Marco: O cinema brasileiro tem uma tradição muito grande de biografias musicais. Eu mesmo produzi o filme do Erasmo Carlos, ‘Minha Fama de Mau’. Quando o Faustino trouxe essa ideia, eu abracei inteiramente porque, além de ser um grande projeto, a figura do Zeca é uma unanimidade nacional. A história da vida dele é muito cinematográfica.

Se a gente pudesse resumir em uma pessoa o brasileiro, o Zeca é um representante legítimo. Tem tudo dentro dele, tudo de bom que o Brasil precisa. E com isso, as contradições também. Não é um personagem perfeito, ele carrega os erros e acertos. Ele é fiel a ele, é um homem que vive a plenitude do ser com as suas imperfeições.

Final do conteúdo
  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Comentários

Ver todos os comentários Comentar esta reportagem