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O primeiro episódio da nova versão de Gossip Girl Divulgação

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Anna P. Kambhampaty
The New York Times

Mesmo depois que a muito querida série adolescente, “Gossip Girl”, acabou, em 2012, os espectadores não paravam de falar sobre a moda que o programa destacava. E agora ela está de volta, atualizada para a Geração Z.

A retomada, que estreou em 8 de julho na HBO Max, acontece no mesmo mundo da elite endinheirada do Upper East Side, mas desta vez o lugar quase não é reconhecível. A série mostra muito mais diversidade. A turma que dominava a escola na versão original era majoritariamente branca e heterossexual.

Agora há diversos personagens não brancos, e tramas que giram em torno da exploração da sexualidade. As roupas que os personagens usam --tênis maximalistas, bolsas vintage, sacolas de tecido que promovem seus valores-- refletem uma visão de mundo mais ampla.

TÊNIS BALENCIAGA SÃO A NOVA SAPATILHA TORY BURCH

“Você está usando sapatilhas Tory Burch da temporada passada?”, pergunta Blair Waldorf, incrédula, a uma colega de escola na segunda temporada da série original. Hoje a pergunta seria: “Você está usando sapatilhas Tory Burch?”

Ao criar o figurino da série original, Eric Daman recorda ter circulado pelas escolas privadas do Upper East Side e ver montes de garotas usando sapatilhas Tory Burch. “Isso cimentou a ideia de que garotas jovens como aquelas já tinham modelos de grife, e marcas favoritas”, ele disse. Mas hoje poucas sapatilhas portando logotipos seriam vistas nesse tipo de ambiente.

“Os tênis gigantes Balenciaga meio que substituíram as sapatilhas Tory Burch”, disse Daman. A mudança é indicativa do que as pessoas, e especialmente as pessoas jovens, consideram como o sapato da moda hoje. Misturando moda urbana e de luxo em um só objeto comercial, o tênis é o epítome do cool atual.

O novo calçado faz parte de uma tendência mais ampla em direção aos calçados esportivos, que não apareciam muito na primeira versão da série. Na nova, Zoya Lott, outsider chegada de Buffalo, usa um Adidas X Beyoncé Superstars em uma cena crucial na qual ela é apresentada aos garotos populares da escola.

O calçado foi presente de sua meia-irmã Julien, que está bem estabelecida em Manhattan. Ir à escola usando o modelo muito procurado representa um ponto de inflexão para a personagem. “O tênis é como que uma ponte para esse outro mundo, no caso dela”, disse Daman.

A NOVA ONDA QUANTO A LOGOTIPOS

Logotipos de grandes marcas serão vistos raramente na nova série. Logotipos grandes “não parecem autênticos com relação ao que está acontecendo na atual geração”, disse Daman. “Os jovens são menos fiéis a marcas e se enturmam menos com base nelas”.

Logotipos costumavam significar status e um certo nível de riqueza, mas hoje eles são usados para transmitir valores políticos ou sociais. Na série nova, Zoya tem uma sacola da Revolution Books, uma libraria independente e progressista no Harlem, e uma outra sacola com a inscrição “reciclando dólares negros”, da Melanin Apparel.

Todas as sacolas de Zoya “são de lojas muito cool”, disse a atriz Whitney Peak, que interpreta a personagem. “As sacolas mostram bem quem ela é”.

"ATHLEISURE" SIM, COLLANTS NÃO

Na série original, Blair declarou, famosamente, que “collants não são calças”. Blair e seu bando de meninas malvadinhas costumavam usar collants de diversas cores, e se ofendiam quando viam alguém usando “leggings” sem saia.

Com a exceção de alguns collants pretos simples, na nova versão “não temos collants”, disse Daman. E, o que quase certamente causaria indignação a Blair, calções de ciclismo agora são definitivamente equivalentes a calças.

Julien, uma das rainhas da escola, usa calções de ciclismo frequentemente, às vezes acompanhados por camisa social e gravata. O movimento “athleisure”, disse Daman, “é uma grande parte da nossa cultura que está entrando em moda. Com o fim da pandemia, as pessoas vão querer manter as roupas de exercício, mas também se vestir melhor”.

Jordan Alexander, que interpreta Julien, diz que os calções de ciclismo de sua personagem são um item de vestimenta altamente relevante hoje. “Não acho que faça diferença se você está no Upper East Side ou é parte do 1%”, ela disse. “Vai usar calções do mesmo jeito”.

BOLSAS DE GRIFE, MAS AGORA USADAS

Na primeira versão da série, tudo era grande e novo. Serena usava grandes bolsas, nenhuma das quais comprada em lojas de revenda. “Se eu desse uma bolsa de segunda mão a Serena van der Woodsen, ela me bateria com ela”, disse Daman.

Hoje, para continuar fiel à afinidade da Geração Z pela compra de produtos usados, muitas das bolsas da nova versão são de segunda mão. “Temos muitas Dior Saddle Bags, Fendi Baguettes”, disse Daman. “Foi legal termos sustentabilidade ecológica com essas bolsas de alto preço”.

A Geração Z vem sendo chamada de Geração Verde ou Geração Sustentabilidade, e existe motivo para isso. Estudos demonstraram que a Geração Z toma decisões de compra com base na sustentabilidade de um negócio, com frequência maior do que acontecia em outras gerações. Eles querem que aquilo que compram e vestem reflita seus valores.

O tamanho das bolsas também mudou. As grandes bolsas da primeira versão, disse Daman, não são mais o que os jovens querem agora. As micros Jacquemus Le Chiquito ainda não apareceram na série, mas isso não deve demorar, ele disse.

EXPLORANDO A FLUIDEZ DE GÊNERO VIA ROUPAS

Na série original, Chuck Bass era quase sempre visto de terno e se conformava severamente às normas de gênero. “Se eu escolhesse uma blusa de mulher para ele, seria uma piada”, disse Daman.

Na nova versão, Max Wolfe, o encrenqueiro e flerte do grupo, e personagem mais semelhante a Chuck, usa uma camisa feminina de renda branca Paco Rabanne. Max, que é sexualmente fluido, consegue fazê-lo sem parecer kitsch ou excessivo.

“Usar roupa que não se enquadra a normas de gênero e não ficar com jeito de drag, e sim parecer muito sexy... ele se identifica como homem mas usa aquela blusa, e isso expande o diálogo sobre as normas de gênero e sobre como podemos manter esse diálogo via roupas”, disse Daman.

A VELHA CHANEL É A NOVA "NOVA CHANEL"

Na primeira versão, a grife Chanel era importante para o estilo de vida dos personagens, mas também teve papel decisivo para que outras grifes abrissem suas coleções para a série. “Não tínhamos acesso a todas as grifes e não estávamos conseguindo peças emprestadas”, disse Daman. “Mas quando a Chanel disse sim, todas as portas se abriram”.

Hoje, peças da Chanel que têm valor histórico são muito importantes para os personagens. “São essas peças de arquivo que têm uma herança, e se tornam atuais, especialmente para os Zoomers, que parecem amar as coisas do final da década de 90 e começo dos anos 2000”, disse Damon. Bolsas e acessórios Chanel clássicos aparecem muito na série, porque são peças que ressoam junto às gerações mais jovens.

ADEUS, FAIXA DE CABELO

Qualquer fã de velha geração de “Gossip Girl” sabe que as faixas de cabelo eram importantes na série. “A faixa de cabelo de Blair Waldorf tinha praticamente vida própria”, disse Daman. “Era como seu travesseiro de segurança, para uma pessoa muito tensa, muito controladora.

Era como a peça final de uma roupa pensada milimetricamente, aquilo que une todos os demais elementos”. Os personagens da Geração Z não precisam mais disso. “A autoconfiança deles é diferente, uma autoconfiança que vem do ser”, disse Daman.

Na nova versão, a malvadinha Monet de Hann rosna que “ela está com uma faixa no cabelo”, ao ver Zoya, a forasteira. Julien, a meia-irmã de Zoya, rapidamente desamarra o lenço de seda usado como faixa e o coloca em torno do pescoço da irmã.

As faixas de cabelo podem ser escassas, mas gravatas de toda espécie estão dentro. Audrey Hope, outra integrante do grupo, usa fitas de cabelo ou lenços em torno do pescoço, de forma semelhante a uma gravata. “Mostra os dois lados dela --muito feminina, um lado clássico, e seu lado um pouco mais masculino”, disse Emily Alyn Lind, que interpreta Audrey.

O desejo de deixar de lado a incômoda faixa é sinal dos tempos. “Estamos na era da internet”, disse Alexander, que interpreta Julien. “As pessoas não acham mais que precisam ser uma coisa só. Fomos expostos a coisas demais”.

Traduzido originalmente do inglês por Paulo Migliacci

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