Série 'Um Dia Qualquer' é a tragédia à qual brasileiros estão fadados, dizem protagonistas
Baseada em história real, trama estreia nesta segunda (17) no canal Space
Baseada em história real, trama estreia nesta segunda (17) no canal Space
Temas comuns nas retratações das periferias brasileiras, como drogas, corrupção, milícia e o drama materno, tomam ares de tragédia grega em "Um Dia Qualquer", série que estreia segunda-feira (17), às 22h, no canal Space.
"Na tragédia grega, você sabe seu destino logo no início da história. E não importa o quanto você fuja dele, ele irá acontecer. A série fala de um lugar que está fadado a isso. É sobre a tragédia cotidiana brasileira", diz Augusto Madeira (de "Bingo", "Tropa de Elite" e "Ninguém tá Olhando"), intérprete de Quirino.
Na história, o personagem é um ex-policial civil que se torna chefe da milícia em uma comunidade carioca, e acredita estar acima da lei, sem enxergar seus erros. Como o próprio ator define, é um retrato fiel de algo que nasceu na zona oeste do Rio de Janeiro e se espalhou como uma alternativa do crime organizado.
Quirino é casado com Bruna (Tainá Medina), mas sua verdadeira paixão sempre foi Penha (Mariana Nunes), uma mulher viúva, ex-traficante e, acima de tudo, mãe que busca seu filho desaparecido depois de ter se envolvido com a milícia.
Um dos grandes diferenciais da série, segundo Nunes, é justamente o trabalho realizado em cima dos traços, personalidades humanas e camadas dos personagens. "Penha é uma mulher cheia de histórias", diz a intérprete. "Ela guarda dentro de si uma injustiça muito grande, e sem poder fazer nada por muitos anos, apenas para proteger a família. Ela acaba se refugiando na igreja para não correr ainda mais risco."
Feita inicialmente em formato de filme, mas com 25% de material extra em comparação ao longa –que ainda não tem data de lançamento–, a série foi gravada em 2018 e tem cinco episódios de menos de meia hora cada um. A intenção é retratar, nesse curto espaço, um dia inteiro na realidade daqueles personagens, com alguns flashbacks que mostram a relação de anos entre os dois protagonistas citados.
"Este dia é a primeira segunda-feira do ano após o Carnaval. Mas é um dia qualquer porque essa história pode, e se repete, em outros dias do ano no Brasil", afirma Nunes, que também pode ser assistida em "A Cura", "Carcereiros" e na novela "Amor de Mãe" (Globo).
"Fala sobre a banalização da tragédia brasileira. Num dia você se choca com um estudante que morreu de bala perdida; no dia seguinte são mais dois ou três. Você acaba ficando anestesiado. Se torna comum e habitual", acrescenta Madeira.
O roteiro nasceu, inclusive, de uma história lida no jornal pelo diretor, Pedro von Krüger, e que relata exatamente o desfecho trágico da série. "Até onde vai à audácia por poder? Qual o limite? Em suma, é sobre isso", diz Nunes.
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