Seu Jorge: Polícia analisa imagens das câmeras de segurança do clube
Parte do material deve ser enviado à perícia para tentar identificar xingamentos racistas
A Polícia Civil do Rio Grande de Sul está analisando as imagens das câmeras de segurança do Grêmio Náutico União, de Porto Alegre, onde o cantor Seu Jorge, 52, fez show na última sexta-feira (14). Na ocasião, o cantor foi hostilizado e sofreu ataques racistas da plateia.
Segundo a delegada Andrea Mattos, titular da Delegacia de Polícia de Combate à Intolerância (DPCI), as gravações foram entregues na quarta-feira (19) e parte do material deverá ser enviado à perícia para melhorar a qualidade do som. O objetivo é identificar xingamentos racistas.
Nesta quinta-feira (20), ela vai ouvir o presidente do clube, Paulo José Kolberg Bing. O depoimento está marcado para as 14h30. Algumas pessoas que estavam presentes no show já foram ouvidas. A polícia tem pedido que testemunhas que tenham presenciado os atos se manifestem na delegacia ou pelo WhatsApp (51) 98595-5034.
O Grêmio Náutico União, em nota oficial, disse que apuraria o caso e "se for comprovada a prática de ato racista, os envolvidos serão responsabilizados". O texto também diz que respeita Seu Jorge e que repudia o racismo.
O CASO
Testemunhas relataram nas redes sociais que as manifestações começaram pouco antes do fim do show de Seu Jorge no tradicional clube gaúcho. Elas teriam começado quando o cantor chamou ao palco um músico adolescente, negro, tocador de cavaquinho.
Seu Jorge fez em seguida uma breve fala contra a redução da maioridade penal, em que citou a morte de jovens pretos nas favelas. Logo após deixar o palco, "começou a avalanche de vaias, aos gritos de vagabundo, safado, e o esperado mito, mito, mito", descreveu uma das pessoas presentes ao show. Imitações de macaco também foram ouvidas.
Na segunda-feira (17), o cantor falou pela primeira vez sobre o episódio. Ele compartilhou no Instagram um vídeo de nove minutos, com a bandeira do Rio Grande do Sul ao fundo, explicando o que aconteceu e que não reconheceu a cidade que aprendeu a amar. "Na verdade o que eu presenciei foi muito ódio gratuito de muita grosseria racista."
Seu Jorge disse que está ainda mais unido na luta contra o racismo, miséria, falta de oportunidades no Brasil que afeta os negros. "Estaremos na luta juntos denunciando e combatendo todo tipo de tipificação da nossa gente e respondendo com excelência, preparo, coragem, sabedoria e diplomacia. Nunca, jamais nos curvaremos ao racismo e a intolerância seja ela qual for."
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