'Mergulhada na história dela', diz Isis Valverde sobre Ângela Diniz, sua personagem em filme
Socialite foi assassinada há 46 anos pelo marido, o playboy Doca Street, na Praia dos Ossos; crime é um divisor de águas no movimento feminista brasileiro
Isis Valverde usou suas redes sociais nesta quinta-feira (15) para falar sobre Ângela Diniz, a socialite mineira assassinada pelo marido em dezembro de 1976, em Búzios (RJ). Ela tinha 32 anos e foi morta com quatro tiros no rosto pelo marido, o playboy Raul Fernando do Amaral Street, o Doca Street.
Isis, 36, vai interpretar Ângela no cinema, em filme dirigido por Hugo Prata, de "Elis". Em seu post, a atriz discorreu sobre o feminicídio, qualificado como crime apenas em 2015. "Isso não quer dizer que antes as mulheres não eram assassinadas pelo fato de serem mulheres", escreveu, lembrando que o caso de Ângela foi um dos mais emblemáticos do país.
Na época, o advogado de Doca, Evandro Lins e Silva, alegou que seu cliente teria matado "por amor" e agido em "legítima defesa da honra": Ângela seria uma "Vênus lasciva" que convidava "outros e outras" para a cama do casal, enquanto o playboy era um "mancebo bonito e trabalhador".
Com esta tese da "legítima defesa da honra", Doca foi condenado a dois anos de prisão no primeiro julgamento. Réu primário, cumpriu a pena em liberdade. O argumento machista e a estratégia da defesa de culpar Ângela por seu próprio assassinato geraram polêmica e indignação, dando início a um movimento feminista que tinha como slogan "Quem ama não mata".
Sobre este contexto, Isis, a Ângela Diniz das telas, escreveu agora: "O resultado do primeiro julgamento foi que ele era inocente e tinha agido para defender a própria honra. Os argumentos não mudam muito, mesmo 45 anos depois. Se somos agredidas ou mortas, sempre querem nos culpar: nós, as vítimas".
O podcast "Praia dos Ossos", da Rádio Novelo, reconstituiu recentemente a trajetória da socialite, famosa pelo apelido "Pantera de Minas", e contou, em oito episódios, toda a história do crime que chocou o país e tornou-se um marco no movimento feminista brasileiro.
Comentários
Ver todos os comentários