Mena Suvari, de 'Beleza Americana', recorda abusos e uso de drogas em livro
'Parei de fugir e me olhei no espelho', diz atriz em 'The Great Place'
'Parei de fugir e me olhei no espelho', diz atriz em 'The Great Place'
Quando começou sua carreira como atriz, Mena Suvari, 42, logo se acostumou a interpretar o jovem objeto de desejo de homens muito mais velhos. Em 1999 e 2000, quando estava com 19 e 20 anos, ela interpretou uma cantora de coral na comédia “American Pie – A 1ª Vez é Inesquecível”, e uma líder de torcida adolescente que desperta a luxúria masculina em “Beleza Americana”.
“Eu comecei a me acostumar a ser escalada como personagem sexy ou como objeto sexual”, escreve Suvari em seu livro de memórias, “The Great Peace”, lançado nos Estados Unidos no final de julho pela editora Hachette. “Era a arte imitando a vida; eu só queria fazer o que precisava ser feito, e escapar de volta ao meu pequeno mundo”.
Não demorou para que a maconha se tornasse seu porto seguro; ela usava a maconha para esquecer a preocupação com sua vida familiar complicada e com os homens predatórios que encontrou em Hollywood e no mundo do cinema em geral.
Nos mais de 20 anos em que está exposta ao olhar do público, Suvari escreve agora que “jamais mencionei qualquer coisa sobre a parte sombria da minha vida”. Mas no livro, ela relata seus anos de vício em drogas e os abusos sexuais que sofreu. A atriz se sentiu compelida, pelo movimento #MeToo e pelo exemplo das mulheres que revelaram suas histórias, a compartilhar suas experiências.
“Passei quase toda a minha vida me sentindo enojada, envergonhada, e buscando negar o que me aconteceu e o fato de que me permiti fazer parte de algo tão ruim”, ela escreve. “E de repente, um dia, parei. Parei de fugir e me olhei no espelho. Contemplei minha dor e o que vi foi que precisava deixar tudo aquilo para trás e pensar em me curar”. Eis o que os leitores aprenderão com “The Great Peace”.
As acusações contra Kevin Spacey fizeram com que Suvari recordasse um momento “enervante” durante a filmagem de “Beleza Americana”. O filme gira em torno de um pai suburbano, interpretado por Spacey, que fica obcecado pela amiga adolescente da filha, interpretada por Suvari.
No dia em que Suvari e Spacey filmaram uma cena íntima na qual se deitam juntos em um sofá, escreve Suvari, Spacey a levou a uma salinha em que havia uma cama, deitou-se nela ao lado da atriz e a segurou nos braços.
Na época, Suvari, que tinha 19 anos quando as filmagens começaram, disse não estar certa de que Spacey, que tinha 39 anos, tivesse discutido esse exercício com o diretor do filme, Sam Mendes. “O que quer que tenha sido aquilo, funcionou”, ela escreve.
“Estar ali deitada com Kevin foi estranho e enervante, mas também calmo e pacífico, e, com relação às suas carícias gentis, eu estava tão acostumada a estar aberta a experiências, e precisava tanto de afeto, que foi agradável sentir aquele toque.”
Spacey, premiado com o Oscar como melhor ator pelo papel, não tomou qualquer iniciativa sexual quando eles estavam na salinha, diz Suvari. No contexto da história, Suvari não mencionou as acusações de agressão e de delitos de conduta sexual contra Spacey, que ele nega.
Mas em um artigo da revista People publicado na semana passada, ela afirmou que quando começaram a surgir acusações contra Spacey, alguns anos atrás, ela se lembrou daquele momento com ele na cama.
Durante a produção de “Beleza Americana”, Suvari vivia com um homem que descreve como “o diabo em pessoa”. Suvari já tinha enfrentando abusos sexuais. Aos 12 anos, ela escreve, foi coagida a fazer sexo com um menino de 16 anos.
Aos 16, diz, seu empresário em Hollywood, um homem de mais de 30 anos, fez sexo com ela. A atriz era jovem, vulnerável e se sentia desesperada por afeto, ela escreve. O relacionamento abusivo que ela descreve com mais detalhes envolve um homem chamado Tyler, engenheiro de iluminação que ela conheceu em uma rave quando ele tinha 26 anos e Suvari 17.
A família com que ela cresceu estava se dissolvendo, e por isso ela se rendeu a Tyler, escreve Suvari. Ao longo de seu relacionamento, ela conta, ele a agredia verbalmente e a forçava a participar de atos sexuais contra sua vontade. “Pouco a pouco ele desgastou a modesta camada de autoestima que me restava”, ela escreve.
Suvari tinha ido viver com Tyler logo que eles começaram a se relacionar, e isso a fazia se sentir encurralada, mas, quando foi escalada para “American Pie”, seu primeiro papel de sucesso, ela descobriu um lugar em que podia se sair bem.
Ela escreve que sua personagem –Heather, uma cantora de coral “doce, inocente e virginal”– estava envolvida em um relacionamento afetuoso, o que contrastava fortemente com o relacionamento para o qual Suvari voltava ao final de cada dia de trabalho.
Quando Suvari estava no segundo grau, em uma escola de Burbank, Califórnia, escreve, a meta-anfetamina começou a dominar sua vida. Ela passava suas horas de escola pensando em sair de lá para comprar drogas; mais tarde, começou a cheirar a droga nos intervalos. Quando Tyler a convenceu a deixar a meta-anfetamina, ela começou a fumar maconha, em grande quantidade.
“Eu usava drogas para me anestesiar contra a dor”, escreve Suvari. “Álcool. Maconha. Cocaína. ‘Crystal meth’. Ácido. Ecstasy. Cogumelos. Mescalina. Era minha maneira de me distanciar do inferno de minha existência –e sobreviver”. Quando sua carreira começou a decolar, ela sentia estar ocultando uma vida secreta, e usava seu talento como atriz para convencer o mundo de que era estável.
Durante seu segundo casamento, Suvari decidiu colocar implantes nos seios, acreditando que isso lhe daria mais confiança. Ela recorda uma sessão de fotos que fez para uma revista de saúde e beleza feminina, durante a qual o fotógrafo e o diretor de arte decidiram que ela precisava usar um enchimento plástico da cor da pele para fazer com que seu busto parecesse maior.
Anos antes, ela corrigiu a pequena brecha que existia entre seus dentes da frente, e fez uma cirurgia para corrigir sua miopia, imaginando que os procedimentos seriam como que pequenas tentativas de ganhar controle sobre sua vida.
Mas ela terminou sentindo vergonha dos implantes nos seios, escreve, e em 2019, anos depois que seu segundo casamento tinha terminado, decidiu removê-los. Seu terceiro marido deixou a decisão para ela, dizendo que a aparência de Suvari não era a coisa mais importante para ele.
“Eu queria me sentir tão perfeitamente imperfeita, desajeitada e única como quando vim ao mundo”, escreve Suvari. “Queria me redescobrir e reencontrar meu poder”.
Traduzido originalmente do inglês por Paulo Migliacci
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