Núbia Óliiver diz que nasceu para ensaios nus e está longe de se aposentar
Após 18 capas de revistas sensuais, artista investe no OnlyFans
Após 18 capas de revistas sensuais, artista investe no OnlyFans
Recordista do Guinness Book, o livro dos recordes, como a modelo brasileira que mais posou nua, com 18 ensaios, a empresária e fazendeira Núbia Óliiver, 47, é uma mulher empoderada. Vive sem ficar presa a regras, fala de sexo sem pudores e se reinventa no mercado sensual, no qual atua há 28 anos.
“Eu fui recordista com capas de revistas e hoje essa marca não vai ser ultrapassada a não ser que voltem as revistas de papel", afirma ela, que agora se aventura por uma nova plataforma. Há um mês, a modelo faz parte do time das celebridades que entraram para o Only Fans, como Anitta.
O site permite que os usuários compartilhem vídeos e fotos sem censura que são pagos pelos assinantes para ter acesso. Ela conta animada que está adorando a nova experiência e que recebeu US$ 2.000 (R$ 11 mil) pelos primeiros cinco dias de postagem de conteúdo na rede.
“Todo mundo tem preconceito com o OnlyFans, acha que é uma plataforma só de produtos eróticos e não é. Os grandes coaches estão lá, o jornalismo está lá, é uma plataforma americana que veio ajudar a monetizar. A pessoa vai assistir e vai monetizar”, descreve ela animada.
A modelo está tão empolgada que já disponibilizou aos assinantes ensaios sensuais que fez para revistas como Playboy e Sexy, que não podem ser postadas no Instagram, por exemplo. No OnlyFans, ela diz que publica o que quiser, sem correr o risco de ter a postagem derrubada ou o perfil deletado.
“É uma plataforma muito bacana, eu estou bem feliz, porém eu sou aquela brasileira cautelosa. Eu não solto foguetes porque eu acho que essa onda vai virar, vão vir coisas melhores, eu não quero me arrepender”, diz ela, que aos 47 anos, garante que está longe de se aposentar e rebate as críticas de quem diz que ela está velha para continuar no mercado sensual.
Núbia afirma que isso é um preconceito enraizado e antigo de que as mulheres depois das 40 não prestam mais para nada. Ela diz que enquanto tiver público para seus ensaios sensuais, ela vai oferecer material a ele. “Ninguém chuta cachorro morto, se eu estou fazendo algum tipo de sucesso é porque eu tenho um público consumidor", garante.
Antes de entrar no Only Fans, Núbia já fazia sucesso no Instagram com dois canais: o Núbia Óliiver com 560 mil seguidores, e o Núbia Feet com mais de 23 mil. No primeiro, ela posta fotos de ensaios sensuais, com lingeries, na ginástica e de produtos e marcas que a patrocinam. “Eu consigo monetizar [no Instagram], sou uma pessoa que fotografa muito, de biquíni, de roupa, pelada, de sapato”, afirma.
O Núbia Feet é dedicado a mostrar fotos de seus pés para agradar aos fetichistas da podolatria. No ano passado, ela chegou a ter problemas com o canal, que foi deletado sem justificativa. A modelo diz que não tem nada demais, são apenas fotos de pés e que teve que ir à imprensa denunciar para ter o perfil de volta. O problema com o Instagram foi exatamente o que levou a modelo entrar no OnlyFans.
Nascida em Uberaba, no Triângulo Mineiro, Núbia foi emancipada pelos pais aos 16 anos, antes de se mudar para São Paulo para trabalhar como queijeira na fábrica de parentes de sua mãe. A família do pai é ligada ao agronegócio, e ela passou parte da infância e adolescência na fazenda.
Aos 18, Núbia foi descoberta por Ricardo Amaral, responsável pelo concurso das Panteras, na casa de shows Palladium, zona sul de São Paulo, que a convidou para participar. “Não sabia nada do concurso, da carreira artística. Eu era zero à esquerda, menina do interior. Naquela época não tinha essa exposição na mídia que tem hoje, não tinha internet”, explica.
Núbia ficou de olho no concurso e, em 1993, decidiu participar. Ganhou a disputa, o prêmio de US$ 2.000 (que na cotação atual seria R$ 11 mil) e mudou completamente sua vida. “Era um prêmio de consolação, digamos assim, mas todo mundo que vencia esse concurso ia automaticamente para a capa da [revista] Playboy”, afirma.
A modelo afirma que não foi difícil para ela posar nua e que chegou no set para fotografar “arrancando a roupa”. Para ela, a maior dificuldade naquela época era que não existiam programas de manipulação de imagens. Ela tinha que acordar às 5h30, fazer três dias de fotografia, mais de mil fotos. ”Não foi difícil fazer a Playboy, eu acho que eu nasci para a coisa”, brinca.
A família só soube das fotos na Playboy depois da publicação, porque se pedisse autorização ao pai, ela não a teria. A modelo lembra que participou de uma carreata em Uberaba, mas não foi visitar o pai por medo de ser "escorraçada” por ele. “Lógico que ele ficou bravo, chateado, aquela coisa toda, mas eu acho que como a gente tem muito amor, muita aceitação, foi fácil para ele”, diz.
Depois da Playboy, vieram outras 17 capas de revistas masculinas, e todo o dinheiro que Núbia ganhou ela investiu. Ela ainda se lembra de quando conseguiu juntar R$ 50 mil em dinheiro, comprou seu primeiro caminhão lotado de boi e deixou na fazenda do pai. “Eu não tinha minha fazenda ainda. Eu lembro quando comprei e era a mesma coisa que ganhar na Mega-Sena”, afirma orgulhosa.
Núbia diz que ficou tão feliz com essa conquista que isso lhe deu muito mais forças para continuar trabalhando, guardando, investindo. Ela revela que nunca foi de gastar muito dinheiro com carro importado e bolsas caras. “Essa mentalidade, eu nunca tive, a gente vem de uma família pobre, tudo foi muito dificultoso para os meus pais”, fala.
Todas essas conquistas, ainda com o nome Núbia Oliveira. Foi nos anos 2000, que ela decidiu apostar na numerologia e trocou o sobrenome pelo artístico Ólliver e acredita que a mudança ajudou em sua carreira sim. “Não tenho aquela carreira estrondosa, mas que se mantém há 28 anos, não morri, ainda sou lembrada pelas pessoas. A gente acaba acontecendo, fez história e continua trabalhando”, resumo.
Nos anos 1990, Núbia era celebridade frequente na televisão, aparecendo em diversos programas de auditório, como do apresentador Gugu Liberato (1959-2019). Ela lembra com carinho das aparições ao lado de Luiza Ambiel, garota do quadro da banheira, e de outras escolhidas do apresentador, como Renata Banhara, Mary Alexandre, Nana Gouveia e Solange Gomes.
A modelo recordou que passava o domingo inteiro no programa de Gugu, que era ao vivo, das 12h às 18h. Participava dos jogos de homens contra mulheres no quadro da banheira, no qual tinha que recolher sabonetes da água com um homem tentando impedir.
Para Núbia, fazer parte de um grupo de jovens escolhido por Gugu, que foi um ícone da televisão brasileira, é muito bom e gratificante. “A gente ficava nesse ciclo dessas meninas, ele gostava da gente ali. A gente se comportava no palco, fazia tudo que eles pediam, a banheira era a grande audiência, ficou no imaginário de muita gente”, recorda a modelo.
Sobre a morte de Gugu, Núbia diz que ficou muito chateada pela forma que ocorreu, mas ela, que é da terra do espírita Chico Xavier (1910-2002), sabe que o amigo cumpriu sua etapa aqui na terra. “A gente sabe que a pessoa cumpriu de alguma forma, a gente também não sabe de onde vem nem para onde vai, a única coisa que nos conforta é ter aceitação. O cara lá de cima chamou”, diz.
Na televisão, a modelo apresentou o programa “Papo Sério” (1994), ao lado da atriz Lolita Rodrigues, na extinta TV Manchete. No ano seguinte, participou do concurso “Garota do Fantástico” (Globo) e ficou entre as três finalistas. Em 1995, estreou como atriz na novela “Tocaia Grande” (TV Manchete), pelas mãos do diretor Walter Avancini.
Núbia, que nunca fez curso de dramaturgia, considera Avancini um professor e diz que o diretor quando é bom acaba ensinando o ator e ela aprendeu muito com ele. Depois da primeira novela, ela aceitou o convite de Roberto Talma para integrar “Dona Anja” (1996), no SBT.
“Os dois papéis que eu fiz foram em dois bordéis, que eu adorei. No primeiro, eu era uma beata e fui parar dentro do negócio e não fazia nada, só rezava, eu era uma beata muito louca. No outro não, eu já era bem bagunceira”, lembra rindo.
No entanto, Núbia admite que não nasceu para ser atriz e que o seu mercado mesmo é o de ensaios sensuais. Ela admira muito os atores e atrizes que se dedicam de corpo e alma à interpretação e destacou artistas com quem trabalhou, como Giovanna Antonelli, 45, e Dalton Vigh. 56. “Pessoas que acabaram fazendo seu segmento, hoje são grandes artistas. Não me arrependo porque não era uma coisa a qual iria me entregar de alma”.
Nos anos 2000, a sua presença ainda frequente no SBT rendeu o convite para participar do primeiro reality show da televisão brasileira, Casa dos Artistas (2001). O programa projetou Núbia nacionalmente para o grande público e ela o considera um divisor de água na sua carreira, que antes estava restrita ao segmento sensual.
“Apesar de eu ter feito duas novelas, ter participado do Garota do Fantástico, era um segmento de nu e não chega na casa de todo mundo. Com a Casa dos Artistas eu consegui ir do Oiapoque (AP) ao Chuí (RS), quem não conhecia a Nubia passou a conhecer”, afirma.
Depois da Casa dos Artistas, Núbia apresentou durante seis anos o programa Sex Daily (Canal 21), uma parceria do Grupo Bandeirantes e da produtora Brasileirinhas, maior produtora de filmes pornográficos do Brasil. Nessa época, a modelo diz que foi convidada para fazer um filme pornô, mas recusou.
“Não aceitaria, sou amiga de todas as meninas e dos meninos, adoro esse mundo, mas é uma coisa que realmente eu não me permito. Eu acho que sexo é uma coisa de entrega de alma, entre quatro paredes, não conseguiria, mas ao mesmo tempo a Brasileirinhas me quis para fazer o primeiro programa deles."
Assediada por famosos e anônimos, Núbia afirmou diversas vezes que já transou com mais de 400 homens e considera esse número baixo para uma mulher de 47 anos que iniciou a vida sexual aos 13 anos. Em entrevista ao programa TV Fama (Rede TV!), ela disse que achava pouco esse número e que "não dá nem um homem e meio por mês".
“Comecei [a fazer sexo] com 13 anos e estou com 47, são 34 anos. As pessoas não fazem essa conta. Tenho uma vida sexual ativa, amo sexo e não pretendo parar tão cedo. O que me espanta é a mulher [repórter] dizer isso [que eram muitos parceiros]”, esclarece.
A modelo revelou ainda que, na época, em que estava em ascensão, posando nua para capas de revistas, conseguiu ficar com quem quis. Ela conta que apontava o dedo para quem ela gostaria de ficar: “eu quero aquele” e conseguia.
Apesar de todo o sucesso, Núbia admite que posar nua para revistas atrapalhou relacionamentos que teve e afastou pessoas com quem tinha interesse em se relacionar. Ela disse que já foi rejeitada por empresários e pessoas do futebol, como os técnicos Mano Menezes e Vanderlei Luxemburgo. “Mas mesmo assim tinha os não”, diz rindo.
A família do seu atual noivo, um advogado que conheceu no início da pandemia em 2020, não aceita o seu relacionamento. Mas a modelo diz não se incomoda com isso e que respeita a opiniões diferentes. “Não posso fazer as pessoas aceitarem o meu comportamento que é mais livre”, justifica.
Sobre uma polêmica afirmação feita no programa Superpop (RedeTV!), em 2020, de que hoje só se relaciona com homens ricos, Núbia explicou que quer do seu lado pessoas que a ajudem a caminhar e não que paguem as suas contas. Ela diz que teve vários relacionamentos, inclusive um deles, está na Justiça porque a pessoa acabou chegando perto dela para se aproveitar.
“Eu sempre deixei claro que a pessoa tem que ter mais [dinheiro] do que eu, a pessoa tem, ao menos, que me ajudar e fazer da minha vida leve, porque senão não tem sentido, eu não quero mais pessoas que se encostem em mim para tirar algum tipo de proveito. Obviamente, não tirar meu dinheiro como já foi feito no passado”, enfatiza.
Quem vê os ensaios sensuais de Núbia não imaginam a luta que ela trava há anos contra a depressão. A modelo revela que teve a primeira crise de pânico em 1994 e na época pensou que era um quadro de depressão ocasional, mas depois disso vieram várias outras crises.
Ela diz que a depressão é algo muito sério e que demorou para admitir que tinha a doença porque não sabia como era, tinha vergonha e não aceitava. Uma das coisas que mais incomodavam a modelo era ouvir as pessoas questionando "como uma mulher empoderada, bonita e que tem tudo como ela poderia ser triste".
“Gente, é uma doença, eu não pedi, eu não fui lá para Deus e falei 'eu sou bonita, tenho uma filha linda, mas eu quero ser depressiva'. Tem períodos de crise que não consigo levantar da cama, mas hoje eu entendo e sei sobreviver assim”, afirma.
Atualmente, quando acontece algo que causa uma crise depressiva, como a perda de alguém, a modelo diz que vive este estágio de dor que precisa passar. Mas, no dia seguinte, se levanta da cama, nem que seja de pijama, coloca a bicicleta no carro e vai pedalar. “Eu aprendi ao longo desses anos a fazer isso e vivo superbem”, explica.
Núbia revela que também mudou o comportamento em relação aos remédios antidepressivos e consultas com psiquiatra. Antes ela deixava de ir nas consultas e jogava fora os medicamentos quando começava a ficar bem.
“Eu preciso ter muito cuidado e muito tato com isso. Não é porque eu estou bem e feliz agora que eu vou jogar os remédios fora, isso é uma coisa de manutenção que eu vou ter para o resto da vida. Agora, a psiquiatra me acompanha 24 horas por dia, eu falo que casei com ela e não descanso mais”, diz.
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