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Celebridades

Coletivo de jornalistas negros faz carta aberta a Gloria Maria após declarações polêmicas

Jornalista afirmou que o politicamente correto é um verdadeiro 'porre'

Glória Maria
Glória Maria - Estevam Avellar/TVGlobo
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São Paulo

Em recente conversa com Joyce Pascowitch, Gloria Maria disse que, nos dias de hoje, existe uma cultura de que "nada pode", e também afirmou achar o "politicamente correto" um verdadeiro "porre". As declarações dadas em sua estreia em lives, na última sexta-feira (25), ganhou repercussão na mídia e agora um coletivo de jornalistas negros divulgou uma carta aberta à jornalista.

Com mais de 50 profissionais negros da comunicação, o coletivo Lena Santos, de Belo Horizonte, escreveu um texto, intitulado "Crítica e afeto", discordando das declarações feitas por Gloria Maria.

"Temos o desejo que chegue a ela e a todas as pessoas envolvidas com a questão racial no Brasil. A carta foi feita a muitas mãos de pessoas que têm Gloria como grande referência. Temos afeto e carinho por ela, mas o nosso pensamento não vai ao encontro", explica a jornalista e mestranda em comunicação social Etiene Martins, 36, em entrevista ao F5.

Pioneira na televisão brasileira, Gloria Maria afirmou na entrevista a Joyce Pascowitch que "acha um saco" o fato de que "tudo hoje é racismo, preconceito e assédio". Ela também relembrou quando foi chamada de "neguinha" por seus colegas de trabalho, de uma forma que, segundo sua visão, foi de cunho afetuoso.

A integrante do coletivo afirma que é importante lembrar, tanto Gloria como outros profissionais de comunicação, que pela proporção e estatísticas a desigualdade racial ainda assola o país e espelha na profissão. "Pensamos justamente essa questão da crítica a partir do afeto. Passamos por inúmeras situações de vulnerabilidade no mercado de trabalho. A comunidade negra ainda é muito pouco vista na televisão", reitera.

Na carta aberta divulgada pelo coletivo Lena Santos, os jornalistas propõem a reflexão e apresentam dados, como os do Atlas da Violência 2020 que mostra que a taxa de homicídios de negros cresceu 11,5%, de 2008 a 2018, enquanto a de não negros caiu 12%.

"Há séculos somos transformados em estatísticas e, além disso, precisamos lidar com pessoas que ignoram e desmerecem todas as mazelas enraizadas em nós, deixadas pela escravidão. Por isso mesmo aqui estamos nós, totalmente impactados pela posição que você escolheu ter na situação mencionada no início desta carta, ou foi levada a ter, relativizando toda essa luta."

Ao fim do texto, que pode ser conferido na íntegra abaixo, o coletivo pede para que Gloria Maria "se junte às urgências que ainda os assolam". "Reiteramos nosso carinho e admiração por você e acreditamos que receberá essa mensagem como uma troca de ideias entre iguais. Sem tom de censura ou intolerância da nossa parte", escrevem.

Confira o texto na íntegra:

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