Bolsonaro diz ser 'piada' discutir Lei Rouanet com artistas após polêmica com Daniela Mercury
Cantora se mostrou disposta a conversar sobre tema controverso
O presidente Jair Bolsonaro classificou como “uma piada” a chance de receber qualquer artista para conversar sobre o funcionamento da Lei Rounaet, que virou causa de discussões e controvérsias entre o gabinete presidencial e alguns famosos. A mensagem seria uma resposta à Daniela Mercury, que se propôs a explicar a ele a lei que incentiva a cultura e foi criada em 1991.
Em publicação em sua página do Facebook na noite de terça (5), Bolsonaro escreveu: “Quanto a possibilidade de receber ‘artista renomado’ que já se beneficiou da referida [lei], para discuti-la, no mínimo, não passa de uma piada”, postou.
A reação de Bolsonaro se refere à carta que Daniela Mercury divulgou sobre o assunto. Nela, a artista lamenta que o governante não tenha entendido o funcionamento da lei. “Parece que ela [a lei] ainda não foi compreendida. Por isso, me coloco à disposição para explicar como funciona o passo a passo dessa lei. E aproveito para tranquilizá-lo. Usei muito pouco de verba pública de impostos da Lei Rouanet em cada projeto que tive aprovado”, escreveu.
A polêmica é antiga. No dia 25 de janeiro, a cantora Daniela Mercury e Caetano Veloso lançaram um axé crítico de nome “Proibido o Carnaval”. A letra cita a censura à festa e faz referência à frase da ministra Damares Alves de que “meninos usam azul e meninas usam rosa”.
Bolsonaro não gostou. Na última terça (5), o presidente publicou mensagens pelo Twitter em resposta à música. “Ei, ei, ei, tem gente ficando doida sem a tal lei Rouanet. Nosso Carnaval não está proibido, mas com dinheiro do povo não será mais permitido”, dizia o trecho. Apesar de o presidente não citar nominalmente os artistas aos quais gostaria de responder, no início da música o intérprete da melodia diz: “Essa marchinha vai para o nosso querido Caetano Veloso e querida Daniela Mercury. Chupa”.
Em entrevista à Folha na segunda (4), Daniela Mercury defendeu um Carnaval “sem policiamento ideológico”. “A gente precisa muito de um Carnaval sem policiamento ideológico ou de comportamento. São tantas prisões em que tentam nos colocar na vida. Não há nada como a arte para tirar a importância das paredes. Quando chega o Carnaval, a música une as pessoas que pensavam estar separadas”, disse.
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