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Celebridades

Cristiane Machado diz que teme morrer após usar câmeras para provar agressões do marido

Empresário Sérgio Thompson-Flores, 59, está foragido da justiça

Cristiane Machado e o marido, o empresário Sérgio Thompson-Flores
Cristiane Machado e o marido, o empresário Sérgio Thompson-Flores, casados desde o dia 7 de novembro de 2017 no civil e desde 28 de abril de 2018 no religioso - Arquivo Pessoal
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Rio de Janeiro

​Quando aceitou casar-se com o empresário Sérgio Thompson-Flores, 59, Cristiane Machado, 35, pensava que viveria um sonho de amor. No entanto, segundo ela, a relação com o marido tornou-se um pesadelo regado a agressões físicas e psicológicas. Foi o que ela mostrou com vídeos e áudios divulgados neste domingo (18) pelo “Fantástico” (Globo). 

Os registros, feitos pela própria atriz para comprovar a violência que sofria, foram foram usados pela polícia para pedir a prisão preventiva de Sérgio. O empresário, no entanto, permanece foragido desde o dia 31 de outubro.

Em entrevista ao F5, Cristiane —que já atuou em novelas da Globo e da Record e é conhecida por ser a musa brasileira do artista plástico Vik Muniz— detalha as supostas agressões do marido, que, segundo ela, foram de xingamentos e empurrões a puxões de cabelo, tapas e ameaças de morte, além do cárcere privado.  

Sylvio Guerra, advogado da atriz, afirmou que ela sofreu agressões em série. A primeira denúncia foi realizada em 4 de março e resultou numa medida protetiva que proibia Sérgio de manter contato ou ficar a menos de 300 metros de distância de Cristiane. Assim, ele teria que deixar a casa em que vivia com a atriz, no Rio.

Sérgio, no entanto, quebrou a medida e invadiu a residência da atriz. Com imagens gravadas por câmeras escondidas instaladas em seu quarto, a atriz fez a segunda denúncia. “Usando as imagens como prova, requeri a prisão preventiva de Sérgio, que foi acolhida. Hoje ele é foragido da polícia e da Justiça. Está sendo procurado”, afirma o advogado. 

Em outubro deste ano, Cristiane concedeu uma entrevista ao F5 em que dizia estar feliz com o casamento. Ela afirma, no entanto, que já estava passando pelas situações de agressão e temia falar a verdade por medo de morrer.

“Se ele suspeitasse que alguém sabia de algo, eu correria sérios riscos. Só quem sabia era meu pai, deficiente visual, e minha mãe, deficiente física. Mais ninguém. Ele ficava o tempo todo do meu lado. Eu não podia pedir ajuda. Precisava sobreviver”, afirma.

Procurados para comentar o assunto, Sérgio Thompson-Flores e seus advogados não foram localizados pela reportagem.

 

Confira abaixo trechos da entrevista com a atriz:

Primeira denúncia

Sérgio era o tipo de pessoa que não aceitava que eu discordasse de nada. Qualquer discordância era uma briga. A primeira vez que dei queixa dele foi em 4 de março. Ele me ameaçou de morte, quebrou meu celular, meu computador, rasgou roupas, arrancou minhas joias. É muito difícil você acreditar que está recém-casada no civil [o casal assinou os papéis do casamento em 7 de novembro de 2017] e acontece isso. Aí ele ajoelhou na rua e pediu pelo amor de Deus para voltar para casa. Eu estava havia dois meses na casa da minha mãe, mas ele disse que dessa vez seria diferente. Acabei perdoando.

Segunda denúncia

Em 31 de agosto, ele recebeu um laudo da clínica de dependentes químicos em que tinha sido internado na primeira vez em que foi preso em flagrante. Chegou muito nervoso em casa com esse laudo e começou a brigar com a família.

Pedi para ver o laudo e ele ficou bravo, dizendo que eu ia usar o documento contra ele. Nunca vi o Sérgio usando drogas. Já ouvi ele dizer que usou na vida passada. Ele também não bebia muito perto de mim. Mas eu não sei o que ele fazia quando estava longe.

Naquele dia, ele me empurrou, me jogou na cama e eu bati com a cabeça. Ele pegou um fio de telefone de celular e colocou no meu pescoço para me estrangular. Depois me soltou, pegou um cinto e me ameaçou de novo. Quanto mais eu dizia para ele que queria sair de casa, a briga piorava.

Tentei fugir pela saída dos funcionários, mas ele me deu um soco nos dois ouvidos. Ouvi um chiado horroroso e cai no sofá tonta, chorando e sem saber o que fazer. Ele pegou uma obra de arte pontiaguda, colocou perto do meu rosto e disse que ia me matar e depois se matar também.

Consegui empurrá-lo e sair correndo, mas ele me puxou pelo cabelo, pegou uma garrafa de vidro e jogou na minha cabeça. Sorte que coloquei a mão na cabeça e o vidro bateu na minha mão. Não machucou a cabeça.

Ele queria meu computador de qualquer jeito, porque queria acessar as provas que eu tinha guardado contra ele. Eu falei que tinha fotos e áudios. Ele me levou arrastada, mandou eu ficar deitada e fechou o quarto. Fiquei em cárcere privado. Chegou um funcionário na casa às 9h da manhã do outro dia.

Saí com a roupa do corpo e fui embora para registrar a ocorrência.

Violência psicológica precedeu agressão física

Sofri muita violência psicológica. O Sérgio é manipulador. Eu não podia tocar em nada dele, mas ele tinha que ter controle sobre tudo o que eu fazia. Eu não podia ter senha no celular.

Influência das agressões na vida profissional

Perdi muitos trabalhos por ficar machucada no rosto e no ouvido. Tive um coágulo enorme que perfurou um tímpano do lado direito. Até hoje trato isso. Não pude dublar mais por conta deste problema. Além disso, estou emocionalmente muito desgastada. Estou finalizando meus projetos de cinema e lançamentos [ela está no longa “Quando Chega a Hora de Esquecer”, que deve estrear em dezembro, e no americano “Fear”, ainda em produção], para depois colocar a cabeça no lugar e batalhar novamente. 

Medo de morrer

Eu vivo com medo do que ele pode fazer comigo e com os meus pais. Temo pela minha vida. Não posso mais ir e vir normalmente. Meu trabalho e meu emocional foram afetados. Sem falar na tristeza de ver um casamento acabar dessa forma.

Coragem para denunciar

Tirei coragem para enfrentá-lo não sei de onde. Fui trabalhando dentro do meu coração que essa era uma relação abusiva. Dentro da minha própria casa, eu me sentia como um pássaro preso numa gaiola bem pequenininha. Comecei a ficar com medo pela minha vida. Se eu não o denunciasse, poderia morrer.

Eu instalei as câmeras escondidas no meu quarto quando ele ameaçou meus pais de morte, na verdade. Eu já tinha percebido uma coisa muito esquisita no comportamento dele. Sérgio dizia que me amava e depois me chamava de louca. Então instalei as câmeras como medida de segurança para que eu pudesse mostrar o que estava acontecendo. Ele dizia que não tinha me batido.

Último contato

Ele está foragido desde 31 de outubro. As últimas mensagens que ele mandou foram em 5 de novembro, mesmo após decretada a prisão preventiva. Ele chegou a mandar mensagens para mim e para minha mãe, mas apagou, então não deu para ver o que estava escrito. Acordo todos os dias sem acreditar no que estou vivendo, pedindo a Deus para dizer que é mentira.

Incredulidade

Nunca imaginei que um dia entraria para a estatística de violência doméstica. A gente sempre acha que só vai acontecer com os outros. Estou lutando hoje contra uma outra estatística. Não quero ser mais uma mulher morta por essa lentidão em se tomar atitudes para a proteção da mulher. Estou desprotegida e tenho que criar artifícios, alterar minha rotina. Estou com a vida toda bagunçada. Não me sinto segura. Estou com medo, me sentindo coagida e apavorada.

Em frente


Denunciar foi um grito de liberdade e é um grito de ajuda. Quero que isso tudo seja um exemplo para outras mulheres. Elas precisam ter garra e enfrentar. Não podemos nos permitir viver esse tipo de agressão. Um empurrão já é um alerta grande. Só com a coragem de denunciar é que vamos conseguir justiça. Hoje o que eu quero é justiça é verdade.


 

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