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Tom Zé rebate críticas por narrar vídeo da Coca-Cola

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Aos 76 anos, Tom Zé se acostumou a ver o seu trabalho fazer barulho por sua inquietude e por suas letras imprevisíveis e provocativas.

Mexeu com o ex-presidente americano George W. Bush, com o FMI (Fundo Monetário Internacional), com a falta de rock no festival Rock in Rio de 2011, com a classe política, e até com quem vaiou seu conterrâneo João Gilberto, em show realizado em 1999.

Nos últimos dias, no entanto, o compositor baiano tem sido criticado por outro motivo: a locução que fez para um comercial da Coca-Cola.

Na propaganda do refrigerante --um dos patrocinadores oficiais da Copa do Mundo de 2014--, batizada de "A Copa de Todo Mundo", Tom Zé exalta o Brasil em texto que dura um minuto.

Crédito: Zanone Fraissat/Folhapress O cantor baiano Tom Zé, que narrou comercial da Coca-Cola
O cantor baiano Tom Zé, que narrou comercial da Coca-Cola

Diz ele no comercial: "O Brasil é o país de todo mundo, o futebol é o esporte de todo mundo e a Coca-Cola é a bebida de todo mundo".

Das redes sociais, principalmente, vieram as censuras: "Se rendendo ao companheiro Bush?", provocou a certa altura um --entre tantos---seguidor de Tom Zé.

Na semana passada, ele publicou no Facebook um texto explicando a iniciativa aos fãs. Em entrevista à Folha, Tom Zé disse que vai usar o cachê na produção de seu próximo disco, com lançamento previsto para 2015.

"Tudo o que eu ganho é para o meu trabalho. A Europa, onde eu fazia mais shows e equilibrava o orçamento, ficou pobre, e diminuiu o campo de trabalho. Sem saber, a Coca-Cola financiou o meu próximo disco", explicou sobre o a pesquisa a respeito de instrumentos experimentais, com o engenheiro Marcelo Blanck, que deve nortear o próximo lançamento.

A empreitada não é inédita na carreira do músico. Em 1977, ele compôs um jingle para o guaraná Taí, baseado na música de mesmo nome de Joubert de Carvalho, consagrada em gravação de Carmen Miranda.

"Fizeram pesquisa de mercado e a garotada queria um rock, e desistiram da minha letra", falou o compositor, que gravou "Taí", mas com a letra original, em 1992.

Perguntado se aceitaria o convite para narrar um comercial para a Fifa, Tom Zé disse que não aceitaria.

"Aí, eu não me meto. A Fifa é um negócio de trapaceiros. O futebol é um esporte lindo, administrado por bandidos."


"Taí", Tom Zé

Taí
São três gritos no meu sangue de guerreiro:
Eu sou índio, rei de Angola e marinheiro
Canto e louvo
Porque taí o guaraná do nosso povo
Se o rei de França quiser um dia
Virar criança, ter um xodó
Beber a força do guaraná
Tem que vir aqui ou mandar buscar

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