França decide proibir animais selvagens em circos e diz que os tempos mudaram
Ações devem ser progressivas e não têm data certa para terminar
A França vai proibir progressivamente os espetáculos com animais selvagens nos circos itinerantes, assim como a reprodução e aquisição de novas baleias e golfinhos nos três "delfinários" do país, anunciou nesta terça-feira (29) a ministra da Ecologia, Barbara Pompili.
A ministra, que apresentou um conjunto de medidas para o "bem-estar da fauna selvagem em cativeiro", também anunciou o fim da criação de visons americanos destinados à fabricação de roupas e destacou que a "atitude em relação aos animais selvagens em nossa época mudou".
"Chegou o momento de que o nosso fascínio ancestral por estes seres selvagens não se traduza em situações que favoreçam o seu cativeiro ante o seu bem-estar", disse a ministra.
Concretamente, a proibição dos espetáculos com animais selvagens nos circos itinerantes acontecerá nos próximos anos, segundo a ministra, que não anunciou um calendário concreto. "Fixar uma data não resolve todos os problemas, prefiro iniciar um processo para que aconteça o mais rápido possível".
Ao comentar o que deve acontecer com os animais —os circos franceses têm quase 500 animais selvagens—, ela afirmou que serão encontradas "soluções caso por caso, com cada circo, para cada animal".
O governo destinará 8 milhões de euros (cerca de R$ 52,8 mi) para o projeto de transformação dos circos itinerantes. Os circos tradicionais não serão afetados porque não transportam animais.
"Estamos pedindo (aos circos) que se reinventem, este é um momento em que precisarão de apoio e o Estado vai estar a seu lado", disse a ministra.
Para o diretor do parque aquático Marineland, em Antibes (sul), Pascal Picor, este valor é "ridículo". Ele também criticou a falta de coordenação antes do anúncio.
Embora o governo não tenha anunciado um prazo para os circos, de acordo com fontes do setor, recebidas no ministério na semana passada, foi mencionada uma transição de cinco anos. Mais de 20 países europeus já limitaram ou proibiram os espetáculos de animais.
A questão do bem-estar animal ganhou destaque recentemente na França com a campanha para um "referendo para os animais", que recebeu o apoio de mais de 750 mil pessoas na internet e de 141 parlamentares (seriam necessários 4,7 milhões de signatários e 185 parlamentares para organizar uma votação).
A associação L214 aplaudiu a medida para os visons, mas considerou que apenas "compensa o tempo perdido". "Vitória", escreveram no Twitter os promotores do Referendo para os Animais. Mas do lado do circo, os anúncios provocaram preocupação.
"Estamos surpresos. Não houve diálogo. Não poderemos continuar trabalhando e, enquanto isso, quem vai pagar a carne dos animais selvagens, a forragem dos elefantes?", questionou William Kerwich, presidente do sindicato dos treinadores de animais de circo e espetáculo.
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