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Depois de 140 anos, lobos voltam a ser vistos na Holanda

Este lobo foi fotografado em um parque na Alemanha. Mas lobos alemães selvagens atravessaram a fronteira para a Holanda
Este lobo foi fotografado em um parque na Alemanha. Mas lobos alemães selvagens atravessaram a fronteira para a Holanda - Reuters
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Descrição de chapéu BBC News Brasil
Marie Bullock

Depois de 140 anos, alguns lobos voltaram a viver na Holanda, segundo ecologistas.

Os lobos foram alvo de caçadas em muitos países da Europa nos séculos passados, mas gradativamente eles têm migrado novamente e voltado a povoar antigos territórios.

Os animais já eram vistos no país ocasionalmente desde 2016. Porém, os ecologistas acreditavam que os lobos tinham apenas atravessado e fronteira e, depois, voltado para a Alemanha.

Ecologistas das organizações FreeNature e Wolven in Nederland têm rastreado duas fêmeas na área montanhosa de Valuwe. Eles coletaram pegadas e dejetos dos lobos para fazer análises de DNA.

"É como o Tinder" disse a ecologista Mirte Kruit sobre o método de pesquisa. "Os dados falam sobre a família, e a gente consegue dizer se o animal é macho ou fêmea, se são 'solteiros' ou estão à procura de um companheiro", explica,

Os especialistas afirmaram ao programa Costing the Earth, da rádio BBC 4, que os dados coletados confirmam que uma das fêmeas está há mais de seis meses no território da Holanda —o animal já pode ser considerado "estabelecido".

Um macho também foi visto na região, o que significa que uma alcateia pode se formar nos próximos meses. Os pesquisadores ainda estão coletando dados sobre a segunda fêmea.

RETORNO CONTROVERSO

Na Europa, no entanto, há quem critique o aumento da população de lobos. Na França, por exemplo, desde que eles voltaram da Itália em 1992, o número de lobos tem crescido rapidamente. Os produtores de ovinos e caprinos reclamam do aumento dos ataques - já há cerca de 12 mil incidentes reportados.

Fazendeiros podem receber ajuda financeira para deixar suas propriedades mais seguras, com equipamentos como cercas elétricas ou cães de guarda, mas, mesmo assim, muitos ainda reclamam dos danos causados pelos ataques de lobos.

Em fevereiro do ano passado, o governo francês estabeleceu que a população de lobos no país deve chegar a 500 animais até 2023. No entanto, estima-se que esse número será superado já neste ano. Se os dados se confirmarem, a França propõe aumentar a taxa de abate de 12% para 17% dos animais.

Os lobos são protegidos pela convenção de Berna, na Suíça, e só podem ser mortos em situações específicas.

O apresentador do programa da BBC Costing the Earth, Tom Heap, viajou para os Alpes de Alta Provença, na França, para conhecer alguns dos afetados pelos ataques. A região tem 22 alcateias de lobos - no ano passado, houve 700 ataques na área.

O fazendeiro Simon Merveille disse que testemunhou uma de suas cabras ser comida por lobos. "Fiquei espantado porque dei um tiro de advertência e eles ficaram parados, olhando para mim - eles não saíram", conta.

Merveille diz que se sente feliz pelo fato de os lobos continuarem na França, mas acredita que fazendeiros deveriam ser autorizados a matar os animais caso haja um ataque.

Andre Maurelle e Ingrid Briclot, que também trabalham em fazendas na região, viram três lobos matando cinco de suas ovelhas. Recentemente, eles instalaram uma cerca elétrica de 12 km e compraram um cão de guarda.

"Nós temos que aprender a coabitar", diz Maurelle.

Na Holanda, a organização Wolven in Nederland tem trabalhado desde 2008 para preparar a população para esse momento - o retorno dos lobos ao país.

A ecologista Roeland Vermeulen afirma que lobos estabelecidos em uma região têm a tendência a comer veados ou javalis selvagens. Ovelhas, por outro lado, são uma espécie de "junk food" - são atacadas principalmente por animais menos experientes na caça.

Vermeulen explica que a Holanda tem espaço para 22 alcateias com 5 a 8 lobos em cada uma.

BBC News Brasil
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