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Nénette, a orangotango 'pintora' do zoológico de Paris, completará 50 anos de idade em junho

Animal veio de uma floresta na Ásia com apenas três anos

A orangotango Nénette, do zoológico de Paris, completará 50 anos em 2019
A orangotango Nénette, do zoológico de Paris, completará 50 anos em 2019 - AFP
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Pascale Mollard-Chenebenoit
Paris

Os pelos começam a embranquecer e os gestos são lentos. A orangotango Nénette, estrela do histórico zoológico do Jardim Botânico de Paris, comemora meio século este ano, uma idade respeitável para a espécie.

Nénette tem uma oficina de pintura. Agarra a paleta preparada por um cuidador e com a boca selecione as cores. Depois, com um dedo, desenha traços sobre o vidro que a separa do público e esfrega sua obra com palha. A orangotango também sabe pintar no papel.

Nénette é agora uma avó, com uma longevidade considerável para um exemplar nascido na selva. A expectativa de vida dos orangotangos é de 30 a 45 anos na natureza e até 60 em cativeiro.

Os cuidadores de 'La Ménagerie du Jardin des Plantes', um dos zoológicos mais antigos do mundo, fundado em 1794, celebrarão o aniversário no dia 16 de junho com um bolo, mas, na realidade, não conhecem a data exata.

O animal nasceu na selva tropical de Bornéu, na Ásia, em 1969, e tinha por volta de três anos quando chegou ao zoo, no dia 16 de junho de 1972.

Na época, ainda não havia entrado em vigor o Convênio de Washington, de 1973, que proíbe o comércio de espécies sob risco de extinção e, portanto, comprar um orangotango estava autorizado.

"Nénette chegou em mau estado, tinha uma falange seccionada", contou Norin Chaï, veterinário chefe do zoológico, à agência de notícias AFP.

"O que é incrível de Nénette é que teve quatro filhos e aceitou cuidar deles tranquilamente", afirmou Chaï, destacando que isto não é habitual nestas situações.

Na natureza, os orangotangos de Bornéu, espécie em grave perigo de extinção, vivem em árvores com mais de 20 metros de altura. Instalada com seus quatro congêneres em um edifício dos anos 1930, "Nénette dorme em uma plataforma elevada, em um ninho que constrói cuidadosamente", explica a cuidadora Christelle Hano.

Por meio de uma grade, Hano treina Nénette para conseguir levar o atendimento médico sem estresse. Entrega uma colher de pau e pede que toque, por exemplo, a orelha ou o ombro. "Muito bem, bravo, querida", celebra a cuidadora.

A atividade permite administrar os medicamentos ao mesmo tempo que distrai o animal.

"Nénette e eu nos conhecemos há 20 anos. Antes era mais complicada a relação dela com humanos, sobretudo com as mulheres. Se conseguisse nos prender, fazia isto, agarrando os sapatos ou os dedos", revela a cuidadora.

Apesar de não ser muito alta, com 110 centímetros, pesa entre 65 e 70 quilos e sua força muscular é considerável.

"Mas ela mudou na última década e agora é mais tranquila. Atingiu a idade da sabedoria", afirma Hano.

Ela teve três parceiros. Os quatro filhos morreram, mas é avó. Até 2015, foi a líder dos orangotangos de 'La Ménagerie', dominados agora por outra fêmea e um macho, mas, ainda sim, ela dispõe de um espaço independente do resto.

Em 2007, foi operada por um grave abcesso no abdômen. Sofre de hipotireoidismo e toma o mesmo substitutivo hormonal que os humanos.

Nénette tem ainda artrose no quadril. "Nós a tratamos como uma idosa", resume Chaï. 

AFP
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