Sete alimentos perigosos que devem ser consumidos com cuidado
Eles podem parecer inofensivos. Mas a verdade é que nem todos os alimentos podem ser consumidos sem antes ser devidamente selecionados e preparados ou de se removerem algumas partes consideradas não-comestíveis ou tóxicas, ou de se atentar para suas condições de preparo ou conservação.
Na ausência disso, podem causar males como náusea, falta de ar, efeitos psicóticos e até a morte. Confira sete alimentos que devem ser consumidos com cautela — e que, se você não tiver certeza sobre alguns aspectos mencionados abaixo, é melhor evitá-los.
PEIXE BAIACU
O baiacu é um dos peixes mais venenosos do mundo. É considerado ainda mais letal que o cianeto. Mas, apesar dos riscos que apresenta, é também uma iguaria em alguns países. Especialmente popular no Japão, o fugu (como é chamado no país asiático) costuma ser servido cru, fatiado em camadas finas ou adicionado à sopa.
Por que correr o risco de comê-lo? Bem, no Japão (e em outros países), os chefs são treinados ao longo de vários anos antes de serem autorizados a preparar o peixe e servi-lo aos clientes, aprendendo a remover diversos órgãos.
O segredo é verificar, no momento em que o baiacu chega ao prato, que suas partes venenosas, incluindo cérebro, pele, olhos, ovas, fígado e intestinos, tenham sido removidas, uma vez que contêm a perigosa tetrodotoxina, substância venenosa temida pela rapidez e violência de seus efeitos.
QUEIJO CASU MARZU
Pode parecer estranho, mas o que mais chama a atenção no alimento é a presença de larvas no seu interior. Apesar do aspecto controverso, esse queijo da Sardenha, na Itália, tem muitos admiradores. O casu marzu é feito a partir do pecorino, queijo de leite de ovelha com sabor e consistência semelhantes aos do parmesão.
Ele é armazenado em um local seco para que apodreça — e as moscas possam se aproximar e depositar seus ovos nele. Com o passar do tempo, as pequenas larvas amolecem o queijo, que deve ser servido quando seu centro estiver com a consistência quase líquida. Costumam dizer que o casu marzu tem um gosto parecido ao do gorgonzola. E que seu sabor bastante forte e peculiar se deve em parte aos excrementos das larvas.
Quem quiser experimentar deve levar alguns aspectos em consideração: em primeiro lugar, ter reflexos rápidos para se esquivar das larvas de mosca, já que elas podem saltar a uma altura de até 15cm, enquanto você saboreia um pedaço. Em segundo lugar, a dificuldade para encontrá-lo. Trata-se de um queijo que não está incluído na lista de alimentos aprovados pela União Europeia, por exemplo.
Em terceiro lugar, seu estado. A principal razão para o casu marzu não constar nesta lista é que costuma ser descrito como "o queijo mais perigoso do mundo", uma vez que apresenta riscos à saúde. Isso é especialmente verdade se as larvas estiverem mortas (a menos que o queijo esteja na geladeira), pois isso significa que ele está estragado. Os riscos de consumi-lo em más condições incluem dor de estômago, vômito e diarreia.
RUIBARBO
Os talos de ruibarbo são bastante populares, por exemplo, na culinária do Reino Unido. Muitas sobremesas e bebidas favoritas dos britânicos levam esse ingrediente.
Mas é preciso ter um cuidado especial com o ruibarbo, uma vez que as folhas verdes que acompanham os saborosos talos contêm veneno. Especificamente, o ácido oxálico, que em grandes quantidades causa náuseas e problemas renais.
No entanto, há muito debate sobre o quão perigosas, de fato, são as folhas de ruibarbo, devido ao nível de ácido oxálico encontrado nelas. Na verdade, o ácido oxálico também está presente nos talos, mas em quantidade bem menor do que nas folhas.
A substância provoca insuficiência renal e, embora seja preciso comer uma porção muito grande de folhas para morrer, é melhor evitá-las. Em uma sessão de perguntas e respostas sobre o tema, por exemplo, a Universidade Estadual do Oregon, nos EUA, alertou: "As folhas de ruibarbo são tóxicas, e os seres humanos nunca devem ingeri-las".
FEIJÃO VERMELHO E GRÃOS DE SOJA
Em geral, há um consenso de que feijão e leguminosas fazem bem à saúde, mas existem alguns tipos que, se não forem preparados adequadamente, podem ser prejudiciais. O feijão vermelho e a soja de sabor suave se enquadram nessa categoria de alimentos perigosos.
Vamos começar pelo feijão vermelho: o lado bom é que está repleto de proteínas, fibras, vitaminas e minerais. Mas, quando está cru, contém um tipo de lectina chamada fitohemaglutinina — tão difícil de escrever quanto de digerir. E se você consumi-la, esteja preparado para um quadro de dor no estômago e vômito.
A boa notícia é que, se cozinhá-lo adequadamente, você pode evitar essa desagradável combinação. É aconselhável deixar os feijões de molho por pelo menos 12 horas — em seguida, escorrer a água e enxaguar. Depois, cubra os grãos com água fresca e deixe ferver por pelo menos 10 minutos, antes de cozinhá-los por 45-60 minutos para que fiquem macios.
Parece muito trabalhoso, então vale a pena cogitar comprá-los na versão enlatada. Assim como o feijão vermelho, a soja está repleta de proteínas e é um potencial antioxidante. Mas, infelizmente, também contém uma toxina natural (inibidor de tripsina), que pode impedir a digestão adequada dos alimentos.
Para cozinhar os grãos de soja adequadamente, mais uma vez, você deve deixá-los de molho na água por pelo menos 12 horas, depois escorrer e enxaguar. Em seguida, cubra os grãos com água fresca e deixe ferver por 1 hora antes de cozinhá-los por 2-3 horas para amolecê-los.
NOZ-MOSCADA
Esse ingrediente vem de uma árvore nativa das Ilhas Molucas (ou Ilhas das Especiarias), na Indonésia. É essencial para a preparação de certas sobremesas, como o arroz doce. Também é usada para temperar batatas, carnes, molhos, legumes e até bebidas, como a gemada.
No entanto, se consumida em grandes quantidades, a noz-moscada apresenta efeitos colaterais terríveis, como náusea, dor, falta de ar e convulsões. Embora a intoxicação alimentar raramente leve à morte, não é uma experiência agradável. Então, por que alguém consumiria noz-moscada em excesso? Tudo indica que a especiaria costumava ser um alucinógeno popular. É claro que, dados os efeitos colaterais, a onda definitivamente não compensa.
MANDIOCA
A rigor, há dois tipos de mandioca — a mandioca mansa, também chamada de mandioca de mesa (conhecida também no Brasil pelos nomes de macaxeira e aipim), e a mandioca brava, conhecida como mandioca de indústria.
As duas são extremamente parecidas, mas a mandioca brava é altamente tóxica — e requer um procedimento industrial ou um ritual de preparação tedioso e complexo para torná-la um alimento seguro. Ela libera cianeto de hidrogênio.
Nos centros urbanos, a mandioca comercializada como alimento é sempre a mansa. Mas em zonas rurais, em lugares mais remotos na África, a mandioca mais comum pode ser a brava, e, por isso, se não for preparada adequadamente, pode causar sérios problemas de saúde.
Um deles é uma condição chamada konzo, com sintomas que incluem paralisia súbita das pernas. Na América do Sul, onde se come mandioca há milhares de anos, as tribos aprenderam os muitos passos necessários para desintoxicá-la completamente: raspar, ralar, lavar, ferver o líquido, deixar a massa repousar por dois dias e depois assar.
OSTRAS E OUTROS MOLUSCOS CRUS
Moluscos crus, principalmente as ostras, são responsáveis por muitos casos de intoxicação alimentar. As ostras, como outros moluscos, são organismos filtradores e absorvem tudo o que está na água do mar para se alimentar. Portanto, se a água estiver contaminada, elas podem acumular em seu organismo agentes causadores de doenças, como vírus, bactérias e protozoários.
É por isso que quem come a ostra in natura corre o risco de desenvolver quadros de infecção gastrointestinal — febre, diarreia, cólicas abdominais, náuseas e vômitos — e que, em casos mais graves, pode ser fatal.
Em 2007, o falecido cineasta inglês Michael Winner, que também atuava como crítico de restaurantes, chegou a ficar à beira da morte após consumir uma ostra contaminada com a bactéria vibrio vulnificus. É importante lembrar que a falta de higiene e armazenamento adequado também podem comprometer a qualidade das ostras, uma vez que são altamente perecíveis.
Antes de consumir ostras cruas, portanto, fique atento à sua procedência e frescor. E, para não correr riscos, é aconselhável comê-las sempre cozidas. Especialistas acreditam que o aumento da temperatura das águas do mar vem estimulando o desenvolvimento de micróbios — por isso, é preciso ter cada vez mais cuidado com esse tipo de alimento.