Ex-Globo, Cleber Machado será uma das estrelas do esporte no SBT
Ele estreia como narrador na emissora de Silvio Santos, onde também vai comandar mesa redonda às segundas-feiras
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Se tem uma coisa que o narrador esportivo Cleber Machado, 61, jamais imaginava que fosse acontecer era ser demitido da Globo, onde trabalhou por 35 anos e transmitiu partidas de futebol, apresentou por várias vezes o programa "Bem, Amigos" e narrou também competições de vários esportes. "Eu tinha certeza que me aposentaria lá", diz ele ao F5.
Cleber, muitas vezes apontado como o "número dois" na hierarquia dos narradores da Globo (atrás apenas de Galvão Bueno), foi avisado em março que sairia. Ele diz que, até então, não fazia ideia de que uma suposta crise atingia a emissora e que seu vínculo com o canal estava em risco. "Perguntei se não me queriam ou se era um ajuste financeiro. Me deram a segunda alternativa como resposta. Tenho que acreditar", resigna-se.
Vida que segue, e nos últimos meses, narrou jogos no streaming e teve uma brevíssima passagem pela TV Record (dois jogos). Agora tudo parece se ajeitar: ele foi contratado pelo SBT, onde estreia no próximo dia 26 de setembro. Cleber vai transmitir jogos e também apresentar, a partir de 9 de outubro, o Arena SBT, um dos principais programas esportivos da emissora.
Ele não esconde que estava com saudades da TV aberta, "que ainda é e será por muitos anos o principal meio de você reunir mais pessoas numa boa audiência". Experiente que é, Cleber sabe que terá de volta o terror de quem trabalha ao vivo: o vazamentos de áudios.
Recentemente, na antiga emissora, um áudio do repórter Eric Faria chamando o técnico do Flamengo, Jorge Sampaoli, de "imbecil" viralizou. Na visão de Cleber, essa não será a primeira nem a última vez que isso ocorrerá. "Hoje tem que ter responsabilidade em quíntuplo com microfone aberto e até fechado." Confira a entrevista completa abaixo.
Por que aceitou o convite do SBT?
Aceitei o convite por ser uma chance legal, uma emissora boa e que entende que o esporte deve fazer parte da grade da programação e se tornar um produto fixo. Por outro lado, não sei dizer o motivo de eles me escolherem, é mais difícil. Acho que tem a questão óbvia da experiência e do tempo que trabalho com isso, das coisas que já fiz.
Fez muita coisa nesses últimos 6 meses após saída da Globo?
Sim, conversei com pessoas, vi outros mercados, outras ideias. Lembro que fui fazer Record dez dias depois da minha demissão nas finais do Paulistão. Fiz também locuções no Prime Video. Mas, claro, a TV está muito na minha história.
Quais as suas pretensões no SBT? Há uma divisão de trabalho entre você e o Téo José?
Ninguém me falou nada se vou ficar responsável por comandar um ou outro campeonato. Vou fazer a primeira transmissão [dia 26, no jogo entre Corinthians e Fortaleza pela Sul-Americana] e não tenho ideia se haverá divisão, qual locutor fará o quê. Quem vai escalar será o SBT, estarei lá para fazer o melhor possível.
Você já conseguiu assimilar a sua demissão da Globo?
Não existe briga, mágoa, são coisas que acontecem, mas que ninguém gosta que aconteça. Eu não imaginava que fosse acontecer, falava em me aposentar lá. Sobre os motivos, é difícil dizer. Eu perguntei se não me queriam ou se era questão de ajuste financeiro. Me deram a segunda alternativa como resposta e tenho que acreditar.
Você percebeu algum sinal ou algo estranho dias antes de te desligarem?
Eu não tinha nenhuma informação que eu sairia, não havia nenhum indicativo. Uma semana antes eu percebi, e não era comigo, que existia um movimento interno de cobrança, não só em esporte, mas em outras áreas da TV. Muita gente saiu. Eu fui um deles.
O que você achou do vazamento do áudio na transmissão da Globo em que o repórter Eric Faria chama o Jorge Sampaoli [técnico do Flamengo] de 'imbecil'?
Não foi a primeira vez que algo do tipo aconteceu nem será a última. Já aconteciam anos atrás, mas naquele tempo os caras falavam que quem assistia pela parabólica tinha acesso ao que era falado fora do ar. Como essas conversas vazam eu não sei. Mas hoje você precisa tomar cuidado. Eu, você e qualquer um, pois nunca sabemos se estamos sendo gravados.
Já aconteceu com você?
Quando comecei a trabalhar na programação da Rádio Bandeirantes, uma vez vazou algo e um chefe escreveu um comunicado bem grande que até hoje não me esqueço: Microfone aberto, responsabilidade em dobro. Hoje tem que ser responsabilidade em quíntuplo com microfone aberto e até fechado.
E sobre as críticas ao Eric Faria?
Acho que as pessoas, as redes sociais, nós, de forma geral, aumentamos, supervalorizamos tudo. Absolutamente tudo vira uma crise, desde uma discussão no ar até conversa fora do ar. Agora tudo vira um barulho. Há um tribunal permanente com opiniões em todos os setores.