Televisão

MasterChef + aposta na vitalidade de cozinheiros de até 80 anos para combater o etarismo

Nova temporada aposta na experiência de vida e no jogo de cintura dos participantes

Participantes do primeiro MasterChef+ - Melissa Haidar/Band

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São Paulo

Pretendendo mostrar que não existe faixa etária para realizar um sonho e mudar de vida, a Band estreia na terça-feira (15), às 23h, o MasterChef+. Versão inédita no Brasil, só cozinheiros amadores com idades entre 60 e 80 anos, a competição culinária deve levantar o debate sobre etarismo entre o público.

Além da TV aberta, a atração será exibida toda sexta-feira, às 18h20, no canal pago Discovery Home & Health e no serviço de streaming Discovery+ a partir do dia 18. O público ainda pode acompanhar os episódios pelo canal oficial do programa no YouTube.

Para a diretora do MasterChef, Marisa Mestiço, o público pode esperar dessa nova edição leveza, comida boa, pessoas sem medo de se expor e com muita sabedoria e jogo de cintura para improvisar, usando o tempo a seu favor.

Mestiço afirma que tinha visto o formato em outros países e que queria muito fazê-lo no Brasil por ser uma forma de dar protagonismo a quem inspirou muitos cozinheiros durante os oito anos de MasterChef. "Acredito na identificação. Todos nós temos uma história contada pelo olhar de uma mãe, avó, tio. É a gastronomia de memória e teremos resgates nas receitas feitas por eles", afirma.

A diretora adianta que os participantes são experientes e cheios de sonhos, planos e vitalidade. "Nada tira deles o direito de projetar o futuro e viver intensamente o agora. Eu desejo que inspire e motive as pessoas de qualquer idade a acreditar que podem estar onde e como quiserem."

Para ela, a maior lição que iremos tirar do MasterChef+ é entender que a maturidade é a chance de aproveitar o tempo a seu favor e ter autonomia para escolher as batalhas que deseja travar. "No caso, a aventura de estar na cozinha do MasterChef com todos os desafios que só quem viveu sabe bem o que é."

O primeiro episódio, como de praxe nas outras versões do programa, mostrará a pré-seletiva. Vinte candidatos, de diversas regiões do Brasil, apresentarão um prato que os represente e que tenha chance de agradar o paladar de Erick Jacquin, Helena Rizzo e Henrique Fogaça e, assim, conquistar um avental —o passaporte imprescindível para participar da competição. Desta vez, os jurados contarão com a ajuda dos renomados e experientes chefs convidados Mara Salles, Benny Novak e Renata Braune.

Entre as novidades da temporada, Ana Paula Padrão comandará o Bingo MasterChef no lugar do tradicional Leilão MasterChef. Os concorrentes também serão surpreendidos ao terem de cozinhar para um grande ídolo deles, o cantor e apresentador Ronnie Von. Os desafios de confeitaria, grandes clássicos da culinária e até um exuberante banquete natalino também estarão entre os destaques, prometem os organizadores.

Um dos participantes é o executivo Sérgio Ferreira, 61, que quer se dedicar mais à gastronomia em eventos fechados, além de avaliar restaurantes que conheceu mundo afora para que outras pessoas desfrutem dos mesmos prazeres.

Ele destaca que com o avanço da medicina é possível chegar aos 80 anos com uma vida ativa. "Temos capacidade cognitiva, de expressão..."

Porém, lembra que o preconceito com relação à idade é visível, especialmente, no mercado de trabalho. "Me candidatei a algumas vagas. Se coloco idade no currículo nem dão resposta. Se não coloco respondem, mas quando a descobrem a vaga já foi preenchida ou o perfil é ligeiramente diferente. Fiquei muito feliz com a iniciativa da Band para que pessoas com mais de 50 anos pudessem demonstrar seus talentos."

A publicitária Maria Luiza Zacarias, 63, de Araguari (MG), diz adorar fazer cuscuz de todos os tipos e as comidas brasileiras —de preferência a caipira—, além de reunir as pessoas ao redor de uma pessoa para um bate-papo. "A minha intenção agora é inspirar outras pessoas. Participar do MasterChef+ é uma oportunidade de aprender, ensinar e conhecer pessoas novas."

Para Malu, como também é chamada, sempre houve muita restrição em relação às pessoas com mais experiência não só na televisão, mas em todas as áreas. "As pessoas vão ficando mais velhas e não vão sendo tão bem aceitas naquele ambiente, seja em termos de produção, rapidez ou seja lá o que for", afirma.

"O combate ao etarismo tem que acontecer porque a gente tem que respeitar o limite das pessoas, mas entender que essas pessoas têm muita experiência e podem ensinar a muitos que estão iniciando a carreira."

Outra que adora receber pessoas e cozinhar para elas é Maria Elizabeth, ou Beth, 70, de São João do Almeida (MG). A dona de pousada tem na comida algo muito prazeroso de fazer, além de receber as pessoas e cozinhar para elas. "Gosto muito da culinária mineira, amo fazer frango com quiabo, feijoada, costelinha, tropeiro bem caprichado com uma couvezinha."

Ela conta que faz um show itinerante no qual enquanto cozinha conta causos. Em sua fazenda, tudo que o hóspede come foi ela quem criou ou plantou. "No MasterChef+, vou aprender receitas novas, cozinhar muito rápido e usar a memória, aprender com a experiência dos meus companheiros."

Para Beth, uma pessoa com mais de 60 anos tem menos oportunidades, pois preferem os mais jovens. "Mas quem tem mais de 60 tem mais experiência, maturidade, conhecimento, responsabilidade, energia e gana."

Incentivado pela filha e pelo genro a se inscrever para o programa, o administrador Antônio Salgado, 65, do Rio de Janeiro, conta gostar de preparar frutos do mar, paella, polvo à galega e carnes.

Amante de viagens, Salgado também é baterista de uma banda e toca percussão em outra. Para ele, existe etarismo não só na televisão, mas na vida cotidiana, como na hora de buscar um emprego.

"Querem o mais jovem, porém com a maior experiência possível. Os mais velhos deveriam ser mais valorizados pela sua experiência de vida, mas isso não acontece. Precisamos melhorar isso porque cada um tem coisas a acrescentar no trabalho, na sociedade, na vida dos outros."