Participantes do Mestre do Sabor dizem como superaram medos para chegar à final
'Estou longe de ser o mais forte', diz Dário, que enfrenta Ana, Júnior e Serginho nesta quinta
Uma briga de cozinheiros grandes. Assim será a final da segunda temporada do Mestre do Sabor, que será exibida, nesta quinta-feira (23), após "Fina Estampa", na Globo. Ana Zambelli, Dário Costa, Júnior Marinho e Serginho Jucá disputam o troféu da temporada e dizem que querem consolidar seus nomes e aproveitar as oportunidades que a competição lhes proporcionará.
A final será ao vivo, sem chance para erros, e todos serão avaliados por Leo Paixão, Kátia Barbosa e Rafa Costa e Silva –o vencedor receberá prêmio no valor de R$ 250 mil. Há a expectativa da presença do chef português José Avillez, que deixou a competição e retornou a Portugal no início da pandemia da Covid.
Em comum, os cozinheiros têm a gana de vencer. Enquanto Ana se mostrou inteligente na elaboração dos pratos, Serginho tem a seu favor a calma que nem ele imaginou que teria. Contra eles estão Júnior, que foi o primeiro a chegar à final, e Dário, talvez o favorito da competição por ter levado mais provas individuais e por ter participado do MasterChef Profissionais (Band), em 2016.
CONFIRA EXPECTATIVA DOS PARTICIPANTES PARA FINAL
ANA ZAMBELLI - "Represento uma minoria"
Primeira mulher a chegar à final nas duas temporadas, a carioca Ana Zambelli, 47, diz que sempre foi muito crítica sobre seu trabalho e, por isso, tinha dúvidas se conseguiria avançar na competição. Com 24 anos de experiência na cozinha, Ana afirma que já se sente uma vitoriosa.
"Represento uma minoria por não ser heterossexual e ser mãe solteira. Não sou uma mulher feminina, e isso ainda gera preconceito. Sou muito mais que a Ana participante, até porque demorei a assumir quem eu era por medo da rejeição. Chegar à final, às cegas, mostra que posso ser eu mesma, sem medo."
Acostumada a trabalhar em restaurantes de hotéis, agora Ana vê sua vida mudar para melhor. "Recebo mensagens de muitas mulheres se identificando com a minha história, e isso me deixa muito feliz. Tenho dificuldade de ver o meu trabalho algumas vezes. Parece que estou vivendo um sonho."
Se vencer, Ana pretende comprar um carro, pagar dívidas, ajudar pessoas e investir em negócio próprio. Ela afirma, porém, que nenhum prêmio será melhor que o autoconhecimento que obteve com Mestre do Sabor. "Antes eu estava sem esperança, apesar de ter fé. Caminhava achando que as coisas um dia iriam melhorar, mas sem muita expectativa. Agora eu me sinto viva, quero ter meu espaço para que possam ir me ver."
JÚNIOR MARINHO - "Sempre cozinhei com alma e coração"
Nascido em Rio Branco (AC) e morando em Goiânia (GO), Júnior Marinho, 29, se diz maravilhado por poder estar na final com nomes fortes. Ele foi o primeiro finalista ao preparar o melhor picadinho na semifinal. "O que eu gosto do Mestre do Sabor é não haver favoritismo, porque os pratos são provados às cegas. Todos são excelentes cozinheiros e que qualquer detalhe é motivo de eliminação. O picadinho é um prato muito presente na minha vida e quis fazer uma releitura o mais simples possível", relembra.
"Não imaginei que chegaria à final. Sempre cozinhei com alma, coração e faço uma cozinha afetiva e de memória da minha infância", diz Marinho, ao descrever características que o ajudaram a avançar na competição.
O prêmio de R$ 250 mil, diz o cozinheiro, vai retribuir à mãe, que bancou e investiu em seu restaurante. "Devolver o dinheiro para ela fazer tudo o que quiser. Quero investir no restaurante, comprar uma terrinha perto de algum lago aqui em Goiás e fazer uma roça. Também pretendo fazer uma viagem para alguns países, e aprender mais sobre outras cozinhas", almeja o chef, que revela haver um movimento entre os participantes para terem projetos juntos após a pandemia.
SERGINHO JUCÁ - "Se não acreditar em mim, quem vai?"
Serginho Jucá, 38, diz que o nervosismo sempre foi sempre principal adversário. Natural de Maceió (AL), o chef afirma que se "não controlasse sua cabeça, não conseguiria transportar ao prato tudo que aprendeu em seus 15 anos de cozinha profissional". Mas tudo deu certo.
"Sempre acreditei que tinha capacidade de chegar à final. Se eu não acreditar em mim, quem vai? Mas tinha medo de saber quem seria o Serginho diante das câmeras, com nervosismo, ansiedade, com tudo isso que não envolve cozinhar. Tracei uma estratégia de manter a calma, não correr. Pressa é sinônimo de ansiedade e isso acaba criando a negatividade", afirma.
Jucá afirma que a exposição semanal, nesses mais de dois meses de programa, trouxe muitas coisas boas, como "levar a gastronomia alagoana ao reconhecimento nacional". "Isso a gente já conseguiu fazer. O que mais mudou foi eu passar a sentir o carinho e o orgulho alagoano das pessoas."
Assim como os demais participantes, ele diz que quer investir o dinheiro, caso vença, em seus negócios, embora ele não curta falar de algo que ainda não aconteceu. "O melhor foi poder mostrar quem eu sou de verdade, a paixão que eu tenho pela minha avó. E oportunidades vão aparecer. Estou pronto para elas."
DÁRIO COSTA - "Estou longe de ser o mais forte"
Dário Costa, 32, chegou ao Mestre do Sabor com certo favoritismo por ter ficado em terceiro lugar no MasterChef Profissionais (Band), em 2016. Também foi ele quem mais ganhou as provas individuais no reality da Globo. Para a final, ele é visto com o competidor a ser batido.
"Carregar o favoritismo é uma coisa meio pesada. Sinceramente, não queria estar na final com esse favoritismo. Acabo tendo muita pressão nas minhas costas. Ana, Juninho e Serginho são muito bons, e estou absurdamente longe de ser o mais forte. Só considero que tive um pouco mais de sorte por usar ingredientes que tinha mais facilidade", diz o chef, natural de Santos, litoral paulista.
Queridinho das redes sociais, Costa é quem mais tem seguidores (264 mil) entre os finalistas–em parte, conquistado no reality da concorrência. "É muito doido porque antes do MasterChef eu não era ninguém. Era só mais um moleque do litoral de São Paulo que viajou bastante, e trabalhou em cozinhas fora do país. MasterChef me trouxe visibilidade para as pessoas me darem credibilidade", revela o chef, que diz ter os pés no chão.
Apaixonado pela culinária regional, sobretudo pelas receitas que levam pescados e frutos-do-mar, Costa sonha com o dia em que as pessoas darão mais valor aos produtos locais. "Dário de antes do Mestre do Sabor era alguém que estava se distanciando do trabalho da cozinha por ter que gerenciar o restaurante. O reality me trouxe para dentro da cozinha novamente. Independentemente de qualquer exposição ou fama, não podemos esquecer que somos cozinheiros e que vivemos para servir."
AUDIÊNCIA EM ALTA
A média de audiência da segunda temporada do Mestre do Sabor é de 18,5 pontos na Grande São Paulo –cada ponto equivale a cerca de 73 mil domicílios). Na semifinal, a atração obteve recorde de audiência das temporadas: 20,3 pontos em São Paulo, com 37% de participação.
A média da primeira temporada do reality gastronômico foi de 18 pontos na Grande São Paulo. Além disso, o programa também teve bom desempenho no Globoplay, no qual teve crescimento de 90% na média de consumo diário na plataforma em relação à primeira edição.
Nesta temporada, a atração trouxe novidades, como a etapa da repescagem que deu uma pitada a mais de tempero na disputa e isso agradou aos chefs. "Gostei muito desse esquema da repescagem. Foi uma nova oportunidade. Tivemos tempo de consertar alguma avaliação equivocada", avalia Kátia Barbosa.
"Os candidatos desta temporada estavam mais preparados, já sabendo das provas. Na primeira, nós também não sabíamos exatamente como iria ser o programa. Era muita informação. Agora, todo mundo conhece a dinâmica", complementa.
Para Leo Paixão, a segunda temporada trouxe mais experiência a ele em frente às câmeras. Isso fez com que a atração fluísse melhor. "Entendi como funcionou no primeiro, então compreendi todo o processo, principalmente dentro da cozinha, com os times."