Jakson Follmann estreia no PopStar e diz que a música foi essencial após acidente da Chapecoense
Ex-goleiro diz que cantará sertanejo e pagode nesta terceira temporada
O programa PopStar (Globo) volta para sua terceira temporada no próximo domingo (27) com 13 celebridades com pouca ou nenhuma familiaridade com a música. Entre elas está o ex-goleiro da Chapecoense Jakson Follmann, 27, sem familiaridade também com câmeras e palcos.
"Acho que esse será meu maior desafio. Minha postura perante as câmeras, como vou me comportar. Tirar esse friozinho da barriga, essa insegurança de estar na frente das câmeras, mas que com tranquilidade a gente vai tirar de letra”, afirma ele, que ensaia hoje diante dos pais, da mulher e dos cachorros.
A estranheza com as câmeras não inibe o atleta sobrevivente do acidente aéreo que matou 71 pessoas, incluindo jogadores e comissão técnica do time, em novembro de 2016. Ele afirma que nem precisou pensar e aceitou o convite na hora: “Eu gosto de desafios e esse é mais um, um desafio muito positivo”.
No programa, ele vai enfrentar a apresentadora Babi Xavier, as atrizes Nany People, Claudia Ohana, Helga Nemeczyk, Letícia Sabatella, Totia Meireles e Yara Charry, o jornalista Danilo Vieira e os atores Eriberto Leão, George Sauma, Marcelo Serrado e Robson Nunes .
Gaúcho de Alecrim, Follmann conta que sempre gostou de arriscar no violão, soltar a voz nos churrasco com amigos, geralmente com sertanejo. O público, no entanto, soube desse gosto só após o acidente, quando ele foi convidado para uma participação no Encontro (Globo) e deu uma palinha.
Ele conta, no entanto, que a música já tinha sido de extrema importância em sua recuperação. "Quando eu estava em coma, ficava muito agitado, minha esposa e meus pais contam que a música me deixava mais tranquilo. E mesmo quando acordei lembro que sempre que ficava estressado eles colocavam música e eu me acalmava."
Hoje, o único sinal aparente que Follmann traz do acidente é a prótese que usa no lugar da perna direita, mas no começo ele recorda que ficou sem falar, sem cantar. Segundo o atleta, uma cirurgia para corrigir uma fratura na cervical, feita pela frente do pescoço, acabou deixando-o sem voz por alguns meses.
“Eu sofri muito. Na minha cabeça eu pensava na paz que a música me trazia. A gente vive nesse mundo correndo de lá para cá, mas quando estou cansado e estressado, pego meu violão, e isso me acalma. A música foi importante, é importante na minha vida. E participar do Popstar me deixa muito feliz e motivado."
A voz foi voltando aos poucos, com suporte de uma fonoaudióloga, mesma ajuda a que Follmann voltou a recorrer agora na preparação para o programa. Fora isso, ele conta que vai contar com a frieza que adquiriu como goleiro para lidar com o palco e as câmeras. “Como goleiro, se você errar é gol”, brinca.
EM RECONSTRUÇÃO
Passados três anos do acidente com o avião da Chapecoense, Follmann afirma que está em reconstrução e que vê o PopStar como mais uma etapa nesse processo, sem descartar uma carreira na música. “A gente não pode falar que não, mas o foco agora é me divertir bastante e divertir as pessoas em casa”, diz.
Contabilizando 13 fraturas em decorrência do acidente, o atleta diz que vive hoje em um mundo novo, prazeroso, onde está se redescobrindo ainda. E que, apesar das dificuldades, vê ajudar o próximo como um propósito, “ceder a mão, mostrar que existe vida após a perda de um membro, após um acidente”.
“Depois de tudo que aconteceu, é lógico que se eu falar que acordo sorrindo e vou dormir sorrindo estarei mentindo, até porque sou um ser humano, também choro, acordo às vezes ranzinza, mas procuro levar minha vida para frente. Claro que não esqueci tudo o que passou, isso faz parte da minha história.”
Hoje embaixador da Chapecoense, ele afirma que não se vê como ex-atleta e que continua a fazer treino funcional e natação, já que não pode correr ou fazer atividades de impacto por conta de um problema no tornozelo. “Falo que minha perna boa hoje é a prótese, as pessoas acham que é brincadeira, mas é verdade”, brinca.
Follmann também é embaixador do Ipo (Instituto de Prótese e Órtese) Chapecó, onde ajuda outros amputados. "Na maioria das vezes, isso acontece da noite pro dia, você acaba ficando desnorteado, confuso. Esse é meu papel, acalmar a pessoa, falar o que vai acontecer, mostrar que existe vida após a perda de algum membro. E fico feliz demais de dar seguimento na minha vida, agora de uma forma um pouco diferente."