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'Verão 90': De Jesuíta Barbosa a Claudia Raia, saiba o que elenco mais sente falta dos anos 1990

Diferentes gerações são saudosas da década

'Verão 90': João (Rafael Vitt) e Manu (Isabelle Drummond) juntos na festa da PopTV - VICTORPOLLAK

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São Paulo

Quem viveu os anos 1990 no Rio de Janeiro e assiste à novela “Verão 90”, da Globo, não consegue fugir do saudosismo causado pelo clima vibrante da cidade e os encontros despretensiosos que a falta da tecnologia promovia.

Se para os espectadores é assim, quem dirá para o elenco, que vive isso a cada minuto de gravação. Claudia Raia, 52, que interpreta Lidiane, diz que foi "uma década muito frutífera para a música, para a arte, e para a cultura em si, com liberdade para experimentar."

"Tudo me faz falta. Até o telefone com fio e a secretária eletrônica. As ombreiras eu vou lembrar com carinho", afirma a atriz, que se consolidou como atriz justamente nesse período.

Claudia diz ainda que aproveita a trama justamente para reviver a liberdade e alegria da década, fatores que ela acredita não existirem mais.

"Acho que a gente sofreu uma involução, infelizmente. Andamos para um falso moralismo, para muito preconceito, para retrocesso. Essa maldade não era comum nos anos 1990. Você dava a mão, ajudava o outro. E as redes sociais mascararam muita gente. Por isso que essa novela é tão importante nesse momento, pois é um resgate das relações humanas que se perderam um pouco pelo no caminho."

É apenas no campo da moda e beleza que a atriz acredita ter melhorado. Depois das ombreiras e brincos grandes dos anos 1980, e do cabelo crespo e cores fortes dos anos 1990, ela diz que se enxerga melhora atualmente. "Era muito exagero. Hoje a gente é mais sequinha, mais magrinha. Eu acho que a gente melhorou."

A cultura da época é bem lembrada mesmo por quem ainda era criança nos anos 1990. Caio Paduan, 32, que vive o jovem Quinzinho na trama, diz que até hoje é antenado na moda e música da década. "Gosto de Pearl Jam, Nirvana, Sublime, Planet Hemp, Charlie Brown Jr. e outros grupos desse período. A ca­misa de flanela, boné e o tênis All Star sempre farão parte do meu guarda-roupa."

A stylish Marcia Jorge acredita que a moda da década está voltando, ainda mais com a influência de "Verão 90". "Nos anos 1990, houve o movimento grunge e as pessoas usavam muito xadrez. Ele vem em conjuntos e especialmente para o inverno", diz. "Essa coisa meio 'Patricinha de Beverly Hills' volta também."

"A história do movimento hip hop, aquelas peças coloridas, camisetas com mensagem voltam forte. Para as meninas, muitos vestidos 'slip dress', de seda, malha ou renda, que você usa com uma camiseta por baixo. Isso foi muito forte nos anos 1990."

Ela também relembra que o neón, bastante presente da novela, é moda neste verão, bem como os "daddy shoes", que são tênis mais altos e largos. "E esse carnaval que está chegando será o das pochetes, que também vem dos anos 1990, assim como o chocker, que é colado no pescoço."

"Fico nostálgico quando lembro, porque era minha infância", diz Jesuíta Barbosa, 27, que interpreta o vilão Jerônimo. "Sinto falta de ver os artifícios de tecnologia chegando. Os walkman, os telefones que começaram a ficar sem fio. Essa fase de descobrir que as coisas estavam se abrindo, é o que eu recordo mais."

O ator afirma que, após os primeiros episódios da novela, ficou até com vontade de comprar alguns vinis. "Vejo todos e quero para mim. A gente entende que tem a evolução, o som vai ficando melhor, mas há tipos de som que você gosta. E o povo está nessa onda vintage."

Rafael Vitti, 23, que vive o irmão de Jerônimo na novela, o João, diz que "queria ter vivido essa época, muito por causa da internet, que é maravilhosa, mas [por conta dela] também se perdeu muito de interação, de relação."

Quem viveu a década de fato concorda que antes da tecnologia, a sociabilidade era outra. Fabiana Karla, 43, que interpreta a sensitiva Madá, diz que aproveitava bastante a tranquilidade.

"É uma época em que todo mundo ia para a praia e não usava muito o celular. Eu acho bom hoje, mas sinto falta da tranquilidade, de se encontrar só na praia, de dançar lambada com meus amigos que moravam na mesma rua. Foram coisas que provei e aproveitei bastante."

Dira Paes, 49, a Janaína, mãe dos meninos, João e Jerônimo, na novela, concorda que a falta de tecnologia nos anos 1990 promovia mais tranquilidade e questiona a velocidade atual com a qual as informações circulam.

"Antes dos celulares, nós éramos pessoas mais tranquilas, menos atordoadas de tantas informações. A velocidade com que as informações chegam faz com que elas fiquem ultrapassadas muito rápido. Parece que você nunca as alcança, sempre está correndo atrás de alguma coisa."

No entanto, ela reconhece os benefícios da tecnologia hoje. "Sobretudo para mim, a tecnologia hoje é indispensável. Ela veio para ficar. Algum dia seremos metade robô, metade gente", brinca. "Mas me sinto privilegiada por ter vivido essa virada de século e essa transformação. Tenho uma coisa a mais que uma geração inteira não teve. Essa experiência ninguém tira da gente."

Também é fã da música da época Isabelle Drummond, 24, a Manuzita, que mesmo sendo criança na década, concorda: "Na época, para falar com uma pessoa você tinha que ir ao Baixo Leblon. O WhatsApp facilitou muitas coisas, mas mudou um pouco a sociedade."

"Era uma época que a galera estava se expressando muito. Não se guardava, não ficava em casa no computador”, diz Isabelle, que comemora o "tom vivo" da década na novela. "As pessoas hoje são mais introspectivas." 

Ela lembra que, naquele tempo, não se discutia tanto o feminismo por exemplo, apesar de sua personagem já ser "uma mulher forte, que representa essa transição de época". Como ela, Camila Queiroz, 25, nasceu nos anos 1990. "Os anos 90 foram anos quentes, principalmente no Rio de Janeiro. Foram anos que ferviam."

Sérgio Malheiros, 25, o Diego da novela, diz que se lembra bem das roupas da época, mas que ao mesmo tempo, se tratavam de anos mais opressivos.

"Ainda somos oprimidos, claro, mas hoje temos poder de fala maior por conta da tecnologia, das redes sociais, e conseguimos alcançar mais pessoas e dar voz a questões importantes. O espaço do negro era quase inexistente e por mais que hoje ainda não vivamos no cenário ideal de igualdade, é melhor do que antes. Mas há vários aspectos dos anos 1990 que eu tenho saudade: a música, as brincadeiras na rua, as novelas e os desenhos."