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Assassinato de Odete Roitman vai ao ar nesta segunda, em reprise de 'Vale Tudo', no Viva

Novela de 1988 segue atual ao falar dos problemas do país

Beatriz Segall (1926-2018) em cena como a vilã Odete Roitman, de 'Vale Tudo' - Reprodução

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Para uma noveleira que se preze, nunca ter visto o assassinato de Odete Roitman, em "Vale Tudo", é fato vergonhoso. Confesso. Sou quase uma criminosa. Em minha defesa, eu tinha apenas seis anos quando a morte da vilã foi ao ar pela primeira vez, em plena véspera de Natal, de 1988.

Mas nesta segunda (28), já na virada para terça, esse erro será reparado. Exatamente à meia-noite, estarei na frente da TV para acompanhar a famosa cena, que vai ao ar pelo canal Viva, que também exibe o capítulo mais cedo, às 15h30.

Sim, conheço todo o enredo e já vi os três tiros atingindo a megera em vídeos na internet. Sei até quem matou Odete Roitman. Mas é a primeira vez que acompanho a novela inteira, do início ao fim. E que novelão! Arrisco a dizer que é a melhor apresentada hoje na televisão –superior às inéditas , "O Sétimo Guardião", "O Tempo Não Para" e "Espelho da Vida", da Globo; e "Jesus", da Record.

Como já disse o crítico MaurIcio Stycer, é também, apesar de seus 30 anos de exibição, a mais atual.
Tirando o uso de ombreiras exageradas da mocinha Raquel (Regina Duarte) e o vestido bolo de noiva da mau caráter Maria de Fátima (Gloria Pires), quase tudo continua igual.

O Brasil ainda é o país da crise econômica, do desemprego, da violência e da corrupção. Muitos dos ricos não têm qualquer ética, mas insistem em pregar uma falsa moral. Enquanto isso, pobres trabalhadores se matam diariamente para conseguir sobreviver.

É, a trama de Gilberto Braga, Aguinaldo Silva e Leonor Bassères não enrola. Mostra que a vida não é justa mesmo –lembra da banana que Marco Aurélio (Reginaldo Faria) faz ao deixar o Brasil com os dólares que roubou?

Mas a novela também passa a mensagem de que, talvez, mesmo não valendo a pena ser honesto no país do "jeitinho", as pessoas que escolhem esse caminho são mais felizes, a exemplo dos personagens Raquel, Eunice (Íris Bruzzi), Bartolomeu (Cláudio Corrêa e Castro), Poliana (Pedro Paulo Rangel), entre outros. Elas não têm o peso da culpa na consciência.

Como diria Cazuza (1958-1990) na música que abre a trama na voz de Gal Costa, "Brasil! Mostra tua cara!"