Estilo

De atriz pornô a parisiense chique: as mil faces da mulher na Semana de Moda de NY

Desfiles chamaram a atenção do fim de semana do evento

Bella Hadid na New York Fashion Week 2020 - Caitlin Ochs/Reuters
Nova York

Famosos, glamour, brilhos, cor e porta-níqueis em forma de vagina: a Semana de Moda de Nova York presta homenagem essa semana à todas as mulheres, da parisiense na Big Apple, dramática e contida, até as transexuais e atrizes da indústria pornô. Esses foram os desfiles que chamaram mais atenção do fim de semana e dessa segunda-feira (10):

CAROLINA HERRERA

Uma profusão de cor e vestidos refinados de "exuberância disciplinada" foram o foco nessa segunda-feira do desfile de Carolina Herrera, que apostou em Wes Gordon como estilista há dois anos, após a aposentadoria da famosa criadora venezuelana-americana.

Tecidos luxuosos, corte impecável e linhas simples criaram um drama policromático em vermelho e fúcsia, amarelo (muitas vezes combinado com preto) e azul elétrico, somado aos tradicionais branco e preto usados pela marca.

"Nesse época minha missão e minha obsessão tem sido trazer para marca quanta cor for possível. Amo a cor, adoro as combinações de cores diferentes", disse Gordon em entrevista à AFP após o desfile.

Em tempos de "de incerteza [...] faço com que minha vida e as coisas sobre as quais tenho impacto sejam as mais coloridas possíveis", disse o estilista.

CHIC LONGCHAMP

A marca francesa Longchamp se inspirou na parisiense elegante e feminina dos anos 1970, ao estilo de Catherine Deneuve e Romy Schneider, com um toque moderno.

A filha de Kate Moss, Lila Moss, a modelo Coco Rocha e Kendall Jenner, embaixadora da marca, viram da primeira fila as bermudas de couro até o joelho, as botas altas e justas de couro envernizado e as saias e vestidos bordados. Uma das capas lembrou a série "O Conto da Aia", metade vermelha metade leopardo com capuz. 

A diretora criativa dessa empresa familiar conhecida pelas peças de couro, Sophie Delafontaine, disse que sente que pode arriscar mais em Nova York do que em Paris. "Me sinto mais livre em Nova York. Quando viajamos vamos mais longe, exploramos mais", disse após o desfile.

TORY BURCH E A NOSTALGIA

Com as atrizes Julianne Moore e Lucy Liu na primeira fila, além da editora-chefe da Vogue americana Anna Wintour, a estilista Tory Burch fez seu desfile de domingo (9) com tecidos floridos inspirados em porcelanas turcas, inglesas e francesas.

A coleção outono-inverno 2020, apresentada na casa de leilão Sotheby's, teve vestidos de crepe com mangas bordadas e jaqueta de napa aparentemente inspirada no álbum Sgt. Pepper.

A artista nova-iorquina Francesca DiMattio projetou as estampas, e as modelos caminharam entre 11 de suas esculturas através de cinco salas.

As estampas de DiMattio "desfazem as linhas entre feminilidade e masculinidade", disse Burch em entrevista à AFP. "Me identifico com isso, e com toda a nostalgia da cerâmica".

ATRIZES PORNÔ NA PASSARELA

As atrizes da indústria pornô Asa Akira, Marica Hase e Jade Kush foram as protagonistas do desfile "Herotica" da marca Namilia, que desfilou em colaboração com a plataforma de vídeos pornográficos Pornhub. "Nossa marca é principalmente sobre ser positivo em relação ao sexo e desafiar os limites", disse Nan Li à AFP.

A dupla de estilistas de Berlim Li e Emilia Pfohl desfilou em 2015 a coleção "My pussy, my choice" ("Minha vagina, minha escolha"). O desfile se inspirou no universo pornô na visão masculina, mas também na representação dos ocidentais da Ásia.

Uma mulher com franjas que caem em cascata, botas de motoqueiro, minissaia e tops com pompons bordados: Namilia fascinou o público, que recebeu de presente porta-níqueis em forma de vagina.

ORGULHO NEGRO: CHRISTOPHER JOHN ROGERS

O ousado estilista afro-americano de 26 anos é uma estrela em ascensão. Já trabalhou com Diane Von Furstenberg (DVF) e ganhou em novembro o prêmio anual do Conselhos de Designers dos Estados Unidos e Vogue. No sábado (8) conquistou a plateia com uma coleção ultra colorida, glamourosa e sexy.

Com "drag queens" aplaudindo na primeira fila, Christopher John Rogers, que já vestiu Rihanna e Lady Gaga, levou para passarela um arco-íris de ternos sofisticados, macacões e vestidos monocromáticos, além de tecidos brilhantes como seda iridescentes tafetás e lamês, muitos bordados com cristais Swarovski.

As modelos –várias transexuais– caminhavam lentamente, orgulhosas e confiantes. "Essa roupa é cara, e deve parecer cara", disse Rogers à publicação Fashion Week Daily após o desfile.

AFP