Considerado um dos maiores contistas de todos os tempos, o médico, dramaturgo e escritor russo Anton Tchékhov (1860-1904) desistiu do teatro e deixou de escrever obras teatrais após a péssima recepção de “A Gaivota”, em 1896.
Mas o texto foi reencenado e aclamado dois anos de pois, interpretado pela renomada companhia Teatro de Arte de Moscou.
É a partir dessa obra e de outros escritos do mestre russo, como “As Três Irmãs”, “Tio Vânia” e “O Jardim das Cerejeiras”, que a peça “Gaivota: Qual o Gesto de um Sonho?” investiga a obra de Tchékhov para indagar o que pode ser feito quando os sonhos estão desfeitos.
Com dramaturgia de Eduardo Joly e direção de Felipe Rocha, o espetáculo é encenado pelo Heterônimos Coletivos de Teatro.
O grupo propõe o debate e a reflexão a partir também da sensação de fracasso político e da ruína dos sonhos coletivos. No palco, os atores são confrontados por essas questões e se colocam em ação diante do público.
Como em uma revoada de pássaros, as cenas se transformam continuamente, sempre movidas pela atuação dos atores. “Pensar a obra pelo viés de uma gaivota, que migra, gera a possibilidade de movimento”, afirma o diretor Rocha.
Ele diz, ainda, que essa imagem permite à montagem uma leitura criativa. “Migrar é uma forma de engajamento para possibilitar transformações”, conclui.