X de Sexo Por Bruna Maia
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'Gosto de ouvir que meu pênis não serve para nada, que eu devia ter vergonha'

Conheça a Small Penis Humiliation (SPH), prática de submissão para homens de menor dote

A ilustração 'Doctor's Dilemma', de Eric Stanton - Divulgação

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Certa feita uma moça me contou que decidiu se aventurar no universo do sexo virtual pago, por webcam. Ela conseguiu ganhar um bom dinheiro nesse trabalho, mas, no começo, estava perdida e desorientada, aberta a aprender com tudo e todos que aparecessem. Uma vez, começou a interação com um homem, que mostrou seu pinto bastante pequeno e disse "olha que coisa ridícula". Ela, feminista e desconstruída, militou com carinho. Disse "poxa cara, não fica assim, pau não é tudo, mulheres gostam de estímulos orais e manuais você pode agra...". E nisso o rapaz ficou indignado e saiu da sala.

Ela não entendeu nada. Algo semelhante aconteceu pouco depois. Só que o cara, em vez de desligar, explicou à iniciante que ele queria mesmo era ser humilhado. Gostava de ver uma gostosa apontando pro pau dele e falando que era uma miserinha inútil, pedindo pra ele bater uma minipunheta e rindo enquanto ele estimulava o pinto usando não mais que o indicador e o polegar como uma pinça. Assim, ela descobriu a existência do fetiche Small Penis Humiliation (SPH), de nome bastante autoexplicativo em inglês (humilhação do pênis pequeno, em tradução literal). Foi difícil pra ela desconstruir a desconstrução do falocentrismo e entrar na brincadeira.

Um leitor que gosta de ser tratado dessa forma generosamente compartilhou comigo seu gosto peculiar. Lúcio (nome falso) fala que gostava de ser humilhado e, em algum momento nas suas experiências com mulheres dominadoras, começou a ouvir que sua piroquinha era ínfima e imprestável. Curtiu.

"Gosto de ser comparado com outros, ouvir que o meu é muito menor que o de outro cara, que não serve pra nada, que eu devia ter vergonha". Ele diz que, muitas vezes, isso vem misturado com o fetiche cuckold –em que o homem gosta de ser corno e assistir à mulher transando com outro cara, muitas vezes mais bem-dotado.

É que, curiosamente, ao ser diminuído pelo tamanho do pênis, Lúcio sente que está deslocando uma chacota social para o eixo do fetiche, e desfrutando de uma situação que frequentemente é vista como negativa e motivo de insegurança. "Você aceita isso e torna uma coisa boa e prazerosa."

Ele conheceu a maior parte das parceiras com quem viveu dinâmicas de humilhação sexual no Twitter e na rede social FetLife, criada para adeptos dos mais diversos fetiches encontrarem seus iguais ou complementares.

Contudo, a maioria das suas transas são "baunilha" que é como a galera do BDSM chama o sexo "comum", sem dominação, submissão, amarração, degradação, chicotadas e outras práticas. "Algumas das minhas melhores transas foram sem penetração, e acho que fica melhor para todos os envolvidos quando você tira esse peso das costas e foca mais em ter e dar prazer do que em fazer uma performance."

"Percebo que muitos homens consideram seus paus pequenos e insuficientes porque a pornografia cria padrões e expectativas irrealistas", diz Lúcio. A média de pênis do brasileiro é de 14,5 cm com 12 cm de circunferência, de acordo com o site All Size Matters. Mas se o tamanho for bem menor que esse, nada impede que o sexo seja bom.

Lúcio disse que sempre tenta entregar boa dedada, bom sexo oral e usar sextoys –vejam só, para surpresa de ninguém, minha amiga da webcam estava certa. Francamente? Esse trio é infalível. Não sei se eu conseguiria humilhar um homem tão dedicado.