Eu curto muito a sensação depois de tirar os pelos pubianos com cera. Gosto do toque da pele e, por algum motivo, gozo mais rápido. Não sei por que. Talvez seja psicológico, talvez seja porque a lubrificação natural desliza mais. Mas não estar depilada nunca foi motivo para eu não gozar ou deixar de transar.

Só que já ouvi muitas mulheres dizendo que não treparam em um dia que estavam a fim porque não tinham se depilado. Não é justo que a gente se prive desse prazer só porque uns caras se assustam quando veem uma xereca peluda.

A ação de marketing recente de uma marca de lâminas de depilar, estrelando uma vulva que parece o brinquedo cabeça de batata, levantou várias polêmicas, e uma delas foi: PODE TIRAR OS PELOS? PODE TER PELOS? Estranhamente, a campanha foi inspirada em Claudia Ohana, atriz que é um ícone de talento e uma ode aos pentelhos. Na sua Playboy de 1985, depilação era um conceito orgulhosamente inexistente.

A depilação é dessas pautas sempre presentes, porque tem gente que delira pensando que as feministas querem legislar sobre a buceta alheia. E, claro, tem muito macho fresco, histérico, mimado, educado pela pornografia e que, no fundo, tem nojinho de xereca que sai gritando assim: "NÃO SEJAM PORCAS MULHERES, HIGIENE É ESSENCIAL".

Em primeiro lugar, ter pelos não só não é anti-higiênico como ajuda a proteger a região, serve como uma "barreira" para micro-organismos. Em segundo lugar, provavelmente quem diz isso é um porco que também não depila o próprio saco. Sou capaz de apostar que a maioria dos pelofóbicos têm cuecas freadas e não limpa bem a própria rola. Quem não consegue aceitar que mulheres têm pelos e só tem tesão em bucetas lisas precisa discutir na análise se gosta mesmo de mulher adulta –e se não é de mulher de adulta que você gosta, amigo, você tem um problema muito sério.

Quando "as feministas" apontam o absurdo que é a cultura ter nojo de pelos femininos, seja na buceta, na axila, na sobrancelha, no buço, nas pernas, elas estão criticando uma imposição patriarcal que condena algo natural. Pode haver uma outra que queira legislar o que a coleguinha faz com os pentelhos, mas a maioria só quer ter o direito de fazer o que quer com o próprio corpo.

Como eu mesma já disse, eu curto estar depilada e também curto rolas sem pelo, mas não vai ser o fato de o meu parceiro não se depilar que vai fazer com que eu não chupe o pau dele. O que faz com que eu não queira fazer um boquete é a questão de troca. Não me chupou? Então também não será chupado.

Ainda bem que NEM TODO HOMEM! Tenho até amigos que não. Alguns já me falaram que gostam bucetas muito peludas porque acham lindo e não curtem a predominância das vulvas sem pelo. Mas nenhum deles deixa de curtir o sexo por causa da escolha da parceira nesse quesito.

Uma amiga tem uma história maravilhosa. Ela é total pelos livres, gosta de deixar o gramado bem alto tanto no púbis, quanto nos lábios. Um dia ela foi a Recife e saiu com um carinha com quem ela estava flertando faz tempo. O rapaz a despiu, viu aquela mata e ficou parado, olhando, de boca aberta. Ela pensou "nossa que idiota" e perguntou "e aí, qual é?". O rapaz falou: "QUE XERECA VINTAGE". Então ele se dedicou ao trabalho de fazer um bom sexo oral. Ela caiu na risada. Passou a foda inteira rindo.

Em contrapartida, tem uma história muito triste. Uma moça que conheci disse que um dia, enfim, encontrou o homem com quem queria casar. Para conquistá-lo e garantir que ele iria querer algo sério, ela passou um mês saindo com ele sem transar, apesar de ter tesão. O que ela usou pra evitar ceder ao desejo? Não se depilou. Porque, para ela, pelos são impedimento para a trepada. Perceberam as muitas camadas de machismo nessa história que me foi contada com risadas e naturalidade, em tom de conselho?

Façam o que quiserem com seus pelos! Mas sempre vale se questionar: será que é justo eu deixar de transar ou ficar com vergonha só porque um homem tosco e cheio de frescura não pode ver meu órgão sexual sem quase chorar de medo por causa dos pelos?